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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Calango-de-lajeiro Tropidurus semitaeniatus spix 1825; Fauna do RN

   Lagarto conhecido popularmente como Calango-de-lajeiro,Calango-de-lajedo,Calango-de-pedra ou Lagartixa-de-pedra, entretanto seu nome científico é único,Tropidurus semitaeniatus. Ele pertence a família Tropiduridae, a mesma da Lagartixa-comum(Tropidurus hispidus) que vemos com frequência sobre os muros ou no chão em áreas urbanas. 
   Tropidurus semitaeniatus é uma espécie heliófila, territorialista, pequena com os maiores machos alcançando 20cm de comprimento total. Generalista, apresentando uma dieta diversificada, constituída predominantemente por artrópodes e material vegetais e também é considerado espécie oportunista, pois alimenta-se dos itens mais frequentes no ambiente como formigas e cupins. É um importante dispersor de sementes de imburana-de-cambão Commiphora leptophloeos(Ribeiro et al. 2008). Tropidurus semitaeniatus também foi vista consumindo os frutos de Melocactus glaucescens. As sementes ao caírem sobre as superfícies rochosas é capturada pelos lagartos sem serem ingeridas. Eles carregam as sementes por distâncias de até 550cm de distância da planta-mãe, quando então ingerem apenas o arilo (Ribeiro et al. 2008).
   Tropidurus semitaeniatus apresenta dimorfismo sexual para o tamanho, os machos são maiores do que as fêmeas, aspecto relacionado com defesa de território (Freitas & Silva 2007; Vanzolini et al, 1980). Além disso, os machos adultos de T. semitaeniatus possuem manchas melânicas amarelas e pretas nas coxas (região ventral) e na aba cloacal que fica entre as coxas, enquanto que as fêmeas não apresentam.
   Lagarto de hábito saxícola,sendo assim vive principalmente nos afloramentos rochosos, conhecidos vulgarmente como lajeiros,onde termorregulam e se mantem camuflados, à espera de uma presa ou em alerta para a presença de possíveis predadores, e quando se sente ameaçado procura se abrigar nas fendas das rochas. É uma espécie bastante adaptada a esse tipo de micro-habitat, apresentando o corpo deprimido como principal adaptação morfológica a esse ambiente, refletindo essa na morfologia dos órgãos internos como nas gônadas e ovos que são achatados, acompanhando a forma do corpo. Ás vezes é visto na serrapilheira ou na vegetação a espreita de uma alguma presa distraída.
     Espécie endêmica brasileira, quase que exclusiva das Caatingas do Nordeste do Brasil, sendo encontrada em afloramentos rochosos dos estados nordestinos, e também em clareiras e/ou entornos de remanescentes da Mata Atlântica(FREIRE,2001), e no litoral, em regiões próximas da praia ao norte de Salvador em afloramentos rochosos(FREITAS & PAVIE,2002). Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei esse "réptil" em afloramentos rochosos principalmente nas áreas semi-áridas do território norte-rio-grandense, no Domínio das Caatingas, mas também registrei-o em áreas mais úmidas como na Floresta das Serras no município de Luís Gomes.
   
Referências
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-33062012000200024&script=sci_arttext  Acesso em 28 de junho de 2014. Dispersão de sementes de Melocactus glaucescens e M. paucispinus (Cactaceae), no Município de Morro do Chapéu, Chapada Diamantina - BA.

Faria, Julio César Pereira Borges de. Ecologia de Tropidurus semitaeniatus (Spix, 1825) (Sauria:Tropiduridae) em uma população da caatinga de Sergipe. São Cristóvão, 2010. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) – Núcleo de Pós- Graduação em Ecologia e Conservação, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, UFSE,2010.

Ribeiro, Leonardo Barros. Ecologia comportamental de Tropidurus hispidus e Tropidurus semitaeniatus (Squamata, Tropiduridae) em simpatria, em área de Caatinga do Nordeste do Brasil. Natal,RN, 2010. Tese(Doutorado). UFRN. CB. Departamento de Fisiologia. Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Socozinho (Butorides striata L., 1758); Fauna do RN.


    Ave conhecida popularmente como Socozinho,Soco-mirim,Soco-estudante Soco-tripa,Soco-í e Soco-mijão, mas cientificamente seu nome é único,Butorides striata. O que significa seu nome científico? Butorides - do gênero Butor = bútio + ides, do grego = semelhante, parecido; striatus - do latim striatus = faixa, listra.

    O Socozinho pertence a família Ardeidae que inclui os socós e as garças, distinguindo-se basicamente os socós das garças por apresentarem plumagens em tons escuros. Este é o menor dos socós, daí seu nome vulgar Socozinho, apresentando cerca de 36cm de comprimento,asa 185 mm, cauda 57 mm, bico 57 mm, tarso 49 mm e peso aproximado de 165g. Facilmente identificado devido as suas pernas curtas e amarelas e pelo seu caminhar característico,como se estivesse agachado, dobrando suas pernas. Pode exibir um eriçado topete azulado quando agitado.

    Permanece imóvel camuflado por longos períodos, empoleirado sobre a água ou em suas proximidades, à espera de presas. Alimenta-se de peixes, insetos aquáticos (imagos e larvas), caranguejos, moluscos, anfíbios e répteis.
    Normalmente vive sozinho e geralmente nidifica solitário ou em pequenos grupos, raramente forma grandes colônias (de 300 a 500 casais) para a nidificação (Martínez-Vilalta & Motis, 1992). Durante a fase reprodutiva as suas pernas e íris ficam vermelhas.
    Constroe seu ninho no alto de árvores ou arbustos as margens de porções de água, sendo este uma plataforma de fragmentos vegetais secos (gravetos), pouco espessos, com cerca de 20‑30 cm de comprimento. O período de incubação é de aproximadamente 25 dias. O período de ninhegos é de cerca de 20 dias. O tamanho da ninhada é em média de três ovos esverdeados ou verde-azulados (às vezes brancos ou esbranquiçados), uniformes.Os adultos costumam coletar o alimento da prole a grande distância do ninhal. A procriação procede geralmente no início ou no fim da estação seca, quando o alimento para as aves aquáticas é normalmente mais farto. Os filhotes nascem com plumagem cinza e os imaturos possuem coloração amarronzada.
    O juvenil é mais pardacento no ventre e pescoço do que os adultos, sem o contraste do cinza escuro desses com a linha central do pescoço. também não possuem o alto da cabeça tão escura como os adultos.

    É observado com maior frequência na vegetação das bordas de qualquer corpo d´água, bem camuflado a espreita de suas presas, e quando percebe a presença de intrusos na área, voa devagar, com o pescoço encolhido,as pernas esticadas e vocaliza relativamente alto, como se desse um sinal de alerta. Para dormir, não volta a cabeça para trás, e sim mantém o bico dirigido para a frente. Costuma colocar o bico verticalmente para baixo de encontro ao peito dentre a plumagem, o qual oculta completamente. Gosta de dias chuvosos e escuros, sente-se à vontade tanto com espécies noturnas como diurnas.

    Habita locais úmidos em bosques ou vegetação densa nas margens de rios, lagos e estuários; às vezes em áreas abertas tais como recifes de corais expostos, pântanos, pastagens, arrozais e outros tipos de plantações (Martínez-Vilalta & Motis, 1992). É comum em todo o território brasileiro, vivendo inclusive em lagos de áreas urbanas (Erize et al., 2006; van Perlo, 2009). 
   Apresenta ampla distribuição ocorrendo nas Américas (do Sul, Central e do Norte), bem como na África, Ásia, Austrália, ilhas do oeste do Pacífico e no sul do Velho Mundo (Kushlan, 2007). Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei essa ave em todas as regiões do território norte-rio-grandense, sendo as últimas observações no município de Felipe Guerra, no interior de um rio raso, e em Nísia Floresta as margens da lagoa de alcaçuz.

Referências
Freire, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.
F. Sagot-Martin, GOP. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

FRISCH, Johan Dalgas&FRISCH, Chistian Dalgas. Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem 3ª edição; Ed. Dalgas Ecoltec - Ecologia Técnica Ltda Pág. 214.
LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

Sick, Helrnut. Ornitologia Brasileira; pranchas coloridas Paul Barruel e [ohn P.O'Neill ; coordenação e atualização José F. Pacheco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Socozinho. 500 pássaros. Disponível em: http://www.eln.gov.br/opencms/opencms/publicacoes/Pass500/BIRDS/1eye.htm Acesso em 21 e junho de 2014. 

Socozinho. SESC - Guia de Aves do Pantanal. Disponível em http://www.avespantanal.com.br/paginas/index.htm Acesso em 21 e junho de 2014. 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Urtiga Cnidoscolus urens (L.) Arthur; Flora do RN

 Planta conhecida popularmente como Urtiga,Urtiga-branca,Cansanção,Cansanção-de-leite,Pinha-queimadeira, Queimadeira,Urtiga-cansanção, Urtiga-de-mamão,Arrediado, mas cientificamente seu nome é Cnidoscolus urens. Ela pertence a família Euphorbiaceae com cerca de 6.100 espécies, sendo a segunda família mais representativa da Caatinga em número de espécies,superada apenas por Fabaceae (Sampaio 1995).
    Planta subarbustiva, altamente lactescente, perene, ramificada, com caules providos de pelos urticantes ou glabros, de 1-3 m de altura, nativa de regiões tropicais e subtropicais da América. Propaga-se por meio de sementes,floresce e frutifica o ano inteiro. Suas flores são pequenas, tubulares e brancas. Elas são polinizadas principalmente por beija-flores, borboletas e esfingídeos. Em um estudo(Fenologia e biologia floral da urtiga cansanção)foi demonstrado que os visitantes mais frequentes foram a borboleta Phoebis sennae, o beija-flor Chlorostilbon aureoventris e o esfingídeo Pyrgus sp., entretanto é também uma fonte alternativa de néctar para abelhas nativas.
     Apresenta tricomas urticantes bastante tóxicos,em quase todas as suas partes vegetativas e florais, os quais, quando tocados, provocam fortes dores localizadas, urticárias e até, em raros casos, desmaios (Muenscher 1958, Melo & Sales 2008). células epidérmicas formam uma estrutura em forma de taça, onde o tricoma de base bulbosa é inserido. O tricoma é quebradiço ao mais leve toque e libera cristais de oxalato de cálcio na pele, produzindo uma inflamação local instantaneamente(LUTZ,1914). 
    É a espécie nativa mais relatada em estudos etnofarmacológicos e suas raízes e cascas do caule apresentam inúmeras propriedades, como anticancerígena e antiinflamatória do útero, ovário e próstata, inflamações e dores em geral, problemas renais, disenteria, hemorragia, menstruação, apendicite e reumatismo (Agra et al, 2007b; Albuquerque, 2006; Albuquerque et al, 2007a; Albuquerque et al, 2007b). Ainda na medicina popular a seiva é empregada na cura da catarata. A raiz é tônica e diurética. Na tradição dos índios Pankararu do nordeste do Brasil a urtiga é uma planta muito importante, sendo utilizada para retirar ou afastar o mau. Sua raiz é utilizada em beberagens para gripe e suas folhas como anti-toxicante.

     Espécie nativa do Brasil que se desenvolve em todo o País, mas rara na região Sul do Brasil, ocorrendo na Mata Atlântica,Caatingas,Amazônia e Cerrado. Cnidoscolus urens tem a distribuição mais ampla do gênero, ocorrendo desde a porção oriental do México até a Argentina (Burger & Huft 1995); no Brasil, no Nordeste (AL, BA, PB, PE, PI, RN e SE), Sudeste (ES, MG e RJ) e Centro-Oeste (DF). Em Pernambuco ocorre em uma faixa contínua deste a zona do Litoral até a subzona do Agreste e a partir daí torna-se esporádica, restringindo-se às áreas com maior umidade. Cresce em áreas perturbadas, sendo comum em clareiras e bordas de mata, sobre afloramentos rochosos, em solos argilosos ou arenosos do litoral, ou ainda sobre guano em Fernando de Noronha. Instala-se também em terrenos abandonados,em pastagens,capoeiras e áreas de fruticultura.
   Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei essa planta em todas as regiões do território norte-rio-grandense, suponho que ela ocorra em todos os municípios desse. 
Descrição taxonômica da espécie:

“Subarbusto ou arbusto 0,3-2,2(-4) m alt., caule algumas vezes intumescido na metade superior; tricomas urticantes aciculiformes 0,8-10 mm compr. nos ramos, pecíolo, lâmina foliar, inflorescência, perianto e fruto; Ramos cilíndricos, esparso a densamente velutinos ou glabrescente a pubescente. Estípulas 0,4-3×0,5-2,5 mm, persistentes, triangulares, margem e face interna glanduloso-papilada ou inteiramente glanduloso-fimbriada, glabras ou pubescentes. Pecíolo (1,8-)2,7-25,5 cm compr., esparso a densamente velutino ou híspidohirsuto; glândulas numerosas na junção do pecíolo com a lâmina, papiliformes. Lâmina foliar (1,3-)4,5-25,5× (2,1-)5,5-32 cm, membranácea a cartácea, 3-5-palmatilobada, base cordada a cuneada ou assimétrica, ápice arredondado a acuminado, margem denteada, inteira ou, mais raramente crenada, ciliada, com apículos glandulares em cada ponto de terminação das nervuras primárias e secundárias, face superior velutina ou esparsamente hirsuta a glabrescente, face inferior velutino-vilosa a esparsamente hirsuta a glabrescentes, nervação craspedódroma-broquidódroma, nervuras primárias 5, 7 ou 9. Inflorescência 1-9,2×0,8-15 cm, com 7-75 dicásios em 1-7 níveis de ramificação, velutina ou hirsuta; pedúnculo 0,7-12 cm compr.; brácteas 0,5-5(-7) mm compr., estreitamente triangulares a estreitamente obtruladas, margens glanduloso-papiladas na porção basal, pubescentes a velutinas ou hirsutas. Botões florais estaminados oblongos, ligeiramente constricto na fauce, pistilados oblongo-ovóides. Flores estaminadas sésseis, posicionadas a partir do 2º nível de ramificação; perianto 9-21 mm compr., tubularhipocrateriforme, ligeiramente constricto no ápice do tubo, estreitando-se em direção à base, branco, externamente esverdeado, velutino ou escabroso a glabrescente; tubo 5-13×1,5-4 mm; lobos 3-8×2-4 mm, ovais a suborbiculares, elípticos a oblongos, às vezes assimétricos, ápice arredondado; estames férteis (8)10(13), em 2 verticilos; estames externos livres a unidos em coluna de até 0,5 mm compr., glabra à esparsamente velutina, ou inteiramente unidos em coluna de 0,5-2,2 mm compr., densamente vilosa; estames internos unidos até aproximadamente a metade do seu comprimento; filetes (0,5-)2-13 mm compr.; anteras 0,8-2×0,4-2 mm, oblongas, suborbiculares a elípticas; estaminódios 0-2, entre os estames do verticilo interno, filiformes ou ligeiramente espessados no ápice ou ainda com uma pequena antera estéril, até 11mm compr.; disco glandular 0,2-2×0,4-2 mm, anelar, glabro ou pubescente a velutino. Flores pistiladas 1-9, posicionadas até o 3º nível de ramificação; pedicelo 1-7 mm compr.; receptáculo/base persistente do perianto fortemente denteado; perianto 5-8,5×1,5-3,5 mm, segmentos livres, ou raramente unidos até 2,5 mm, inteiramente branco ou esverdeado, externamente velutino ou escabroso, ápice arredondado; ovário ovóide, 3- ou 6-anguloso em seção transversal, glabro a pubescente ou velutino a viloso; estiletes 1,5-5,2 mm compr., tetráfidos ou multífidos, (10)12-18 ramos estigmatíferos, geralmente glabros; disco glandular 0,5-1(-1,5)×1-2,5 mm, anelar, glabro ou pubescente. Cápsula 7-11×7-10 mm, loculicida e septicida, deiscência fortemente explosiva, globoso ou subgloboso, ápice retuso e ligeiramente apiculado, híspido-pubescente, tricomas urticantes, geralmente com base translúcida e turgescente; columela 6-9 mm compr. Semente 6-8,5×3,2-5 mm, largamente elíptica a elíptica, côncava dorsalmente, convexa ou plana ventralmente, com uma linha central depressa, superfície com máculas proeminentes marrons, marrom-acinzentadas ou enegrecidas, quando imatura amarelada; carúncula (1,5)2-3×1-2,3 mm.”

Referências
Harri Lorenzi. Plantas Daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas/ 3. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2000.
Araújo,Lenyneves D. Alvino de & Leal,Analice de S.& Quirino,Zelma G. Maciel.
Fenologia e biologia floral da urtiga cansanção(Cnidoscolus urens L., Euphorbiaceae)
Diego Menelau de Almeida&Elba Lúcia Cavalcanti de Amorim. Estudo químico de duas espécies do gênero cnidoscolus presentes no bioma caatinga com potencial atividade antioxidante.
Balbach, A.. A flora nacional da medicina doméstica. SP. 1983.
Moreira, Henrique José da Costa. Manual de identificação de plantas infestantes: hortifrúti / Horlandezan Belirdes Nippes Bragança – São Paulo: FMC Agricultural Products, 2011.
Disponível em: www.indiosonline.org.br/novo/sementes_pankararu/ Acesso em:13/06/2014.

domingo, 8 de junho de 2014

Quipá Tacinga inamoena (K. Schum.) N.P. Taylor & Stuppy; Flora do RN

 Planta conhecida popularmente como Quipá,Gogóia,Cumbeba,Palmatória,Palmatória Miúda, entretanto seu nome científico aceito atualmente é Tacinga inamoena,sendo seu sinônimo científico Opuntia inamoena. Pertence a família Cactaceae, ou seja, é um cacto, sendo, portanto parente dos representantes famosos dessa família, como o mandacaru, facheiro, xique-xique e coroa-de-frade.
    Apresenta espinhos muito pequenos que estão agrupados em tufos, sendo muito irritantes (inamoena quer dizer não amigável). Suas flores são de cor laranja-escuro que, podem ser vistas durante o dia. Seus frutos redondos (4,0 cm) variam do amarelo ao laranja fosco, têm polpa carnosa. Ao manipular os frutos deve-se ter cuidado, pois também apresenta pequenos espinhos. Os frutos e caules são de grande utilidade na época de seca, na alimentação dos animais e humana em situações de escassez. Porém, se o gado come a planta sem a retirada dos espinhos, sofre sérios danos em seu tubo digestivo, pois os espinhos pequenos penetram nas mucosas da boca e do esôfago, o que incomoda ao bem estar dos animais.
    
    Dos frutos podem ser feitos doces e geléias. As características químicas, forma, cheiro e sabor do Quipá são similares às dos frutos da Palma forrageira (Opuntia ficus-indica), usualmente consumidos in natura e industrializados. O fruto do Quipá, dado seu potencial nutricional ao conter cálcio, magnésio, fósforo e potássio pode ser explorado como alternativa alimentar e ou como fonte de renda complementar para a agricultura familiar. Na medicina tradicional a planta é utilizada para asma, inflamações e no combate a vermes.
     Espécie endêmica brasileira e nativa da região Nordeste do país, distribuída em quase todo o semi-árido. Cresce sobre litossolos ou regossolos, ou em certos casos, latossolos empobrecidos. Prefere a luz intensa, mas tolera a meia sombra (Gamarra Rojas et al., 2004; Taylor e Zappi, 2004; Andrade Lima, 1989; Britton e Rose, 1937). Ela cresce em altitudes entre 0 e 1550 m de altitude. No momento as pesquisas demonstram que é uma espécie vegetal generalizada e comum. Durante todas as minhas excursões ao interior do estado do Rio Grande do Norte, nas regiões semi-áridas tenho observado com facilidade a presença dessa planta.
DESCRIÇÃO TAXONÔMICA DA ESPÉCIE:
“Planta arbustiva de 20 a 100cm de porte, possui o caule formado por artículos elípticos a obovais, 8,0-9,0cm de comprimento x 4,5-5,5cm de largura x 1,0-1,2cm de espessura os quais se dispõem irregularmente, porém num conjunto elegante. Todo o corpo vegetativo da planta tem cor verde, levemente acinzentada. Sobre os artículos distribuem-se as aréolas em malha disposta em alinhamento diagonal com o seu maior eixo. Aréolas mínimas (1,0mm de diâmetro) destituídas de espinhos, porém providas de abundantes gloquídeos de reduzidas dimensões, agressivos pela facilidade com que se desprendem e pela irritação que produzem ao penetrarem na pele, de onde dificilmente são removidos (Taylor e Zappi, 2004; Andrade Lima, 1989).
    O fruto do quipá é do tipo baga ovóide a subgloboso, 3,0-4,0 x 2,4-3,5cm de diâmetro longitudinal e transversal respectivamente, variando do amarelo ao laranja fosco, com porção basal avermelhada ou toda vermelha, fosca; câmara seminífera ocupando quase todo o espaço interno, preenchido por massa carnosa, cor de pêssego clara, constituída pelos funículos das sementes (polpa). Estas são abundantes e submersas na massa carnosa dos funículos, lenticulares, castanho-claro, de bordo mais claro; envolvidas pelo arilóide fibro-carnoso (Andrade Lima, 1989).”


Referências
Amanda C. D. Souza& Alice Calvente. A FAMÍLIA CACTACEAE JUSS. NO RIO GRANDE DO NORTE. 64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013.

Andréa Carla Mendonça de Souza. Características físicas, físico-químicas, químicas e nutricionais de quipá (Tacinga inamoena). Dissertação apresentada ao colegiado do Programa de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do grau de Mestre em Nutrição. Recife, 2005.

Antonio Sérgio. Flores da caatinga = Caatinga flowers / Antonio Sérgio Castro, Arnóbio Cavalcante. Campina Grande: Instituto Nacional do Semiárido, 2010.

Renato Braga. Plantas do nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza: coleção mossoroense-volume XLII, 1996. Pg: 247-248.

Taylor, NP, Zappi, D., Machado, M. & Braun, P. 2013 inamoena. Tacinga. In:. IUCN 2013 IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Versão 2.013,2. www.iucnredlist.org Transferido em 01 de junho de 2014.