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sexta-feira, 23 de março de 2018

Velame(Croton heliotropiifolius),planta medicinal e das abelhas

   Planta conhecida popularmente como Velame, Velame-de-cheiro, Velaminho ou Velame-preto, entretanto seu nome científico é Croton heliotropiifolius Kunth. Essa espécie faz parte da família Euphorbiaceae, da qual também fazem parte por exemplo, a Maniçoba(Manihot carthaginensisglaziovii) e a Favela(Cnidoscolus quercifolius  Pohl.).
   A Velame(Croton heliotropiifolius) apresenta porte arbustivo com até 2,5m de altura,ramos verde-acinzentados,folhas pilosas de cor verde,alternas a subopostas no ápice dos ramos e inflorescência terminal com flores brancas, fruto verde(imaturo) ou preto(maduro) do tipo cápsula contendo 3 sementes. O período de floração estende-se principalmente de maio a novembro,enquanto que os frutos geralmente desenvolvem-se de maio a junho(Silva, Sales & Carneiro-Torres,2009; BRAGA,1976).
   Suas flores são muito visitadas por abelhas, sendo considerada uma espécie melífera, onde o mel produzido pelas abelhas a partir da floração da Velame é de cor clara.  Ela também é uma grande produtora de óleos essenciais de onde derivam o aroma agradável das folhas dessa planta,onde predomina o constituinte químico eucaliptol que junto com outras dezenas de constituintes químicos presentes nessa espécie poderão torna-se em fonte de substâncias bioativas(Angélico et al.,2012).
    De acordo com a literatura na medicina popular a velame é usada pra combater a gripe, tosse, vômitos, diarréia, dor de estômago, para aliviar a febre, úlceras, sífilis e afecções da pele. E quando o homem não tem esponja de aço, o adaptável sertanejo usa ela para arear panelas(CASTRO,2010; RANDAU et al., 2001).
   A Velame(Croton heliotropiifolius) distribui-se no continente americano desde o Panamá até o Brasil, neste ocorre nos biomas da Caatinga,Cerrado,Mata Atlântica e Amazônia nas seguintes regiões e respectivos estados brasileiros: Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás) e Sudeste (Minas Gerais). Ela desenvolve-se em formações vegetais de Caatinga, Floresta Ombrófila, Floresta de Terra Firme, Cerrado e até em terrenos baldios.
   Durante as minhas excursões pelo  território potiguar, tenho observado essa espécie em todas as mesorregiões do Rio Grande do Norte, sendo os últimos registros pessoais nos municípios de Parelhas, Monte das Gameleiras e Monte Alegre.

Referências
Angélico, E. Couras , José Galberto M. da Costa , Fabíola F. R. Galvão , Francianne O. Santos , Onaldo G. Rodrigues. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DE Croton Heliotropiifolius KANT (SINÔNIMO C. Rhamnifolius): RESULTADOS PRELIMINARES. ISSN 1983-4209 - Volume 07– Número 01 – 2012.

BRAGA,Renato. Plantas do nordeste,especialmente do Ceará. Fortaleza:coleção mossoroense-volume XLII,1976.

CASTRO, Antonio Sérgio e Arnóbio Cavalcante. Flores da caatinga. Campina Grande: Instituto Nacional do Semiárido, 2010.

Govaerts, R.; Frodin, D. G. & Radcliffe-Smith, A. 2000. Croton. Pp. 417- 536. In: World Checklist and bibliography of Euphorbiaceae (and Pandaceae). Kew, Royal Botanic Gradens Kew.

Organizador Rafaela Campostrini Forzza... et al. Catálogo de plantas e fungos do Brasil, volume 2. Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010.

RANDAU, K. P. Estudo farmacognóstico (farmacobotânico e farmacoquímico) e atividade biológica do Croton rhamnifolius H.B.K. e Croton rhamnifolioides Pax e Haffm. (Euphorbiaceae). 2001. 143p. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Universidade Federal de Pernambuco. Recife- PE.

SILVA, J. S.; SALES, F.; CARNEIRO-TORRES, D. S. O gênero croton (euphorbiaceae) na Microrregião do Vale do Ipanema, Pernambuco, Brasil. Rodriguésia, v. 4:: 879-901. 2009.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Cobra-preta Boiruna sertaneja Zaher, 1996, a devoradora de serpentes peçonhentas

Fonte: Autor Igor Joventino Roberto,
http://reptile-database.reptarium.cz/species?genus=Boiruna&species=sertaneja

  Serpente conhecida popularmente como Cobra-preta, Muçurana,Cobra-de-leite,Limpa-pasto,Limpa-campo e Papa-rato,entretanto seu nome científico é único, Boiruna sertaneja Zaher, 1996.
   A Cobra-preta(Boiruna sertaneja) pode atingir 2m30cm de comprimento, sua dentição é opistóglifa(dentes inoculadores de veneno na região posterior dos maxilares superiores) sendo assim considerada "semi-peçonhenta" e enquadrada a partir de 1999 como serpente de interesse médico pelo Ministério da Saúde. Isso ocorreu devido ao registro de um acidente com envenenamento de uma criança, causada por mordida de uma Boiruna maculata, espécie do mesmo gênero da que estamos apresentando((Santos-Costa et al., 2000). O indivíduo adulto da Boiruna sertaneja apresenta coloração geral preta no dorso e ventre,sendo que neste a cor negra é mais suave próximo ao pescoço. 
   Espécie terrestre, ativa principalmente a noite, generalista de habitat com ampla distribuição no bioma da Caatinga podendo ser encontrada do estado da Bahia ao Ceará e Minas Gerais. Alimenta-se de lagartos,aves, pequenos mamíferos como por exemplo ratos e também serpentes, incluindo as peçonhentas. Sendo assim, essa espécie colabora no controle de várias populações animais, incluindo animais com grande taxa de reprodução como roedores e também serpentes peçonhentas como jararacas e cascavéis. Ela é ovípara, em cada postura são postos de 7 a 22 ovos que são incubados durante cerca de 120 dias.
    Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei essa espécie apenas na mesorregião Central do estado, especificamente na "região do Seridó", em Cerro Corá e também em Sítio Novo. Mas ela ocorre em toda região do domínio da Caatinga em nosso estado.

Referências
COSTA, Thaís Barreto Guedes da.Estrutura da comunidade de Serpentes de uma área de Caatinga do
Nordeste brasileiro. Natal, RN, 2006.

FREITAS, Marco Antonio de . Serpentes Brasileiras. Malha de sapo Publicações e Consultoria Ambiental / Proquigel/CIA/BA, 2003. v. 1. 160p .

Guedes, Thaís Barreto . Serpentes da Caatinga: diversidade, história natural, biogeografia e conservação. - São José do Rio Preto : [s.n.],2012.

Lira-da-Silva, R.M.; Mise, Y.F.; Casais-e-Silva, L.L.; Ulloa, J.; Hamdan, B. & Brazil, T.K. 2009. Serpentes de Importância Médica do Nordeste do Brasil. Gazeta Médica da Bahia, 79:7-20.

Santos-Costa, M.C.; Outeiral, A.B.; D’Agostini, F.M. & Cappellari, L.H. 2000. Envenomation by the Neotropical Colubrid Boiruna maculata (Boulenger, 1896): a case report. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 42 (5): 283-286.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Maniçoba Manihot carthagenensis (Jacq.) Müll.Arg.

   Planta conhecida popularmente como Maniçoba ou Maniçoba-do-ceará, entretanto seu nome científico é Manihot carthagenensis (Jacq.) Müll.Arg. Ela pertence a família 
Euphorbiaceae, da qual também fazem parte por exemplo o Pinhão-bravo(Jatropha mollissima) e a Urtiga(Cnidoscolusurens).
  Ela apresenta porte arbóreo, podendo atingir 20m de altura; suas folhas palmadas são verde-claras e glabras; Os frutos são cápsulas globosas contendo sementes duras amarelas pintadas de castanho. Do seu tronco é extraído um látex conhecido no comércio como borracha do Ceará; Sua madeira é leve e porosa,usada tradicionalmente na produção de caixotes e tamancos(BRAGA,1976). 
  A Maniçoba(Manihot carthaginensis glaziovii) é cianogênica(tem como princípio ativo o ácido cianídrico (HCN),uma das substâncias mais tóxicas que existem segundo Tokarnia et al. 2000), sendo assim considerada uma planta tóxica e de acordo com BARG,2004 as partes tóxicas dela são as folhas e brotos, podendo a ingestão destas partes da planta causar a falta de oxigênio no cérebro e conseqüentemente levar a morte do organismo que a comeu.
   É uma espécie nativa e endêmica da região Nordeste do Brasil, ocorrendo nas Caatingas e áreas de Cerrado.

Referências
BARG,Débora Gikovate. Plantas Tóxicas. Trabalho apresentado para créditos em Metodologia Científica no Curso de Fitoterapia no IBEHE / FACIS. São Paulo, 2004.
BRAGA,Renato. Plantas do nordeste,especialmente do Ceará. Fortaleza:coleção mossoroense-volume XLII,1976.
Organizador Rafaela Campostrini Forzza... et al. Catálogo de plantas e fungos do Brasil, volume 2. Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010.
Tokarnia C.H., Döbereiner J. & Peixoto P. V. 2000. Plantas Tóxicas do Brasil. Editora Helianthus, Rio de Janeiro. 310p.