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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Morcego Artibeus cf. planirostris (Spix, 1823); Fauna do RN

   Morcego do gênero Artibeus (Leach), provavelmente da espécie Artibeus planirostris (Spix, 1823) que faz parte da família Phyllostomidae e subfamília Stnodermatinae
A espécie A. planirostris possui um tamanho médio entre os representantes do gênero citado, tendo uma amplitude de antebraço variando entre 62 a 73 mm e peso de 40 a 69g. Apresenta coloração acinzentada e lista fáceis pouco perceptíveis, orelhas pequenas com pontas aredondadas, trago curto e folha nasal bem desenvolvida com porção médio-basal livre, uropatágio com poucos pelos e sem cauda (HOLLIS,2005). Alimenta-se principalmente de frutos,sendo considerado um grande dispersor de sementes de várias espécies de plantas pioneiras, apesar de incluir também com menor frequência em sua dieta pólen,néctar e insetos. Pesquisas no Brasil revelam para essa espécie um padrão poliestrico (TADDEI,1976; WILLIG,1985b).
  Vive em florestas, fragmentos de mata,áreas rurais e ecossistemas xeromórficos como a Caatinga e o Cerrado, mas também ocorre na Amazônia (HOLLIS,2005;ZORTÉIA,2002). Sua distribuição estende-se desde a porção ao sul do rio Orinoco e leste dos Andes até o norte da Argentina, tendo sido registrado nos seguintes países:Argentina,Bolívia,Brasil,Colômbia,Equador,Guiana Francesa,Guiana,Paraguai,Peru,Suriname e Venezuela. Segundo a  Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN essa espécie é abundante e não está ameaçada de extinção(IUCN,2008). Esse táxon necessita passar por revisão taxonômica. 
   O registro fotográfico presente nesse texto, foi feito no dia 03 de novembro de 2013, durante excursão na zona rural a cerca de 12 quilômetros da zona urbana, do município de Lajes no Rio Grande do Norte. A colônia de morcegos estava "descansando" no teto de Túnel(grande rocha cortada) abandonado da Ferrovia Lajes/Cerro Corá que nunca funcionou.

Referências

Ademir Kleber Morbeck Oliveira e Frederico Tormin Freitas Lemes. Artibeus planirostris como dispersor e indutor de germinação em uma área do Pantanal do Negro, Mato Grosso do Sul, Brasil. R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 8, n. 1, p. 49-52, jan./mar. 2010

Barquez, R. & Diaz, planirostris M. 2008. Artibeus. A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. Versão 2.014,3. < www.iucnredlist.org >. Transferido em 18 de Fevereiro de 2015.

Nelio. R. dos Reis [et al.]. Morcegos do Brasil. Londrina,2007.

Agradecimentos: Agradeço a João Lucas Franco que identificou em nível de gênero os morcegos da foto. 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Percevejo Hypselonotus cf. fulvus (De Geer, 1775); Fauna do RN

   Percevejo Hypselonotus cf. fulvus (De Geer, 1775) é uma espécie fitófaga que no Brasil foi registrada pela primeira vez por C.H. Hathaway, que a observou sugando brotos de abacateiro (Persea gratissima). Existem também registros dela atacando outras plantas de interesse econômico como: feijão (Phaseolus vulgaris ), milho( Zea mays ),algodão (Gossypium hirsutum) e frutos da goiabeira (Psidium guajava). Além disso, já foram encontrados alguns protozoários (Tripanossomas) dentro do tubo digestivo e glândulas salivares de H. fulvus. Sendo assim, além desse percevejo ser considerada uma espécie-praga para algumas plantações, podendo contribuir para prejuízos nos setores agrícola e florestal, ele pode ser um vetor de algumas doenças em plantas. É uma espécie frequente na região Neotropical, tendo sido registrado em Honduras, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Equador, Argentina e Brasil.

Referências

Evaldo Martins Pires; Roberta Martins Nogueira; Célio Jacinto da Silva ; Fabieli Pelissari ; João Alfredo Marinho Ferreira ; Marcus Alvarenga Soares. New Sucking Coreids Species in Psidium guajava. Scientific Electronic Archives . Volume 4, pg. 31-35, 2013.

Hypselonotus fulvus (DE GEER). Disponível em: http://www.bio-nica.info/Ento/Heterop/coreidae/Hypselonotus%20fulvus.htm Acesso em: 16 de fevereiro de 2015.

Jean-Michel MAES& U. GOELLNER-SCHEIDING. CATALOGO DE LOS COREOIDEA (HETEROPTERA) DE NICARAGUA. Disponível em: http://www.bio-nica.info/revnicaentomo/25-coreoidea.pdf  Acesso em: 16 de fevereiro de 2015.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Aranha Cupiennius cf. bimaculatus (Taczanowski, 1874); Fauna do RN

   Esses registros fotográficos foram feitos durante uma trilha na Reserva Particular do Patrimônio Natural Mata Estrela, localizada no município de Baía Formosa,Rio Grande do Norte, Brasil. Essas fotos foram feitas em 24 de janeiro de 2010, eram exatamente 9 horas e 11 minutos naquela manhã, havia chovido e a aranha estava sobre a lâmina de uma folha de uma planta da família Bromeliaceae, que estava na margem da trilha. Fiz os registros rapidamente, não coletei-a e vi apenas esse espécime nessa planta, depois desse momento não a vi durante esses anos que se sucederam durante minhas excursões na Mata Estrela e em nenhum outro fragmento de Mata Atlântica do RN.
   Na tentativa de identificar a espécie pedi ajuda a estudantes e pesquisadores de aranhas no grupo "Aracnologia Brasileira" na rede social Facebook e vendo uma foto dessas, alguns deles acreditam que provavelmente seja da espécie Cupiennius bimaculatus (Taczanowski, 1874), tendo ela registro de ocorrência no Brasil principalmente na Amazônia, entretanto existe na literatura um registro apenas para o Bioma Caatinga, especificamente para o estado de Pernambuco até o momento.
   Até o presente não encontrei nenhum levantamento da araneofauna do Rio Grande do Norte com identificação em nível nível pelo menos de gênero, o que tem sido dificultado pela falta de especialistas. Sendo assim, resta-nos aguardar as futuras pesquisas que poderão sim confirmar a presença dessa espécie(ou não) para o nosso estado, como de muitas outras ainda não "descobertas" pela ciência.

Classificação Científica geral:
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Arachnida
Ordem: Araneae
Família: Ctenidae Keyserling, 1877
Gênero: Cupiennius Simon 1891
Espécie: Cupiennius bimaculatus (Taczanowski, 1874)

Referências
Cupiennius - Galeria de Fotos. Cupiennius bimaculatus Taczanowski, 1874. Disponível em: >http://www.wandering-spiders.net/cupiennius/introduction/ <:acesso 17="" em:="" p="">
Organizadores Freddy Bravo, Adolfo Calor. Artrópodes do Semiárido: biodiversidade e conservação. Feira de Santana : Printmídia, 2014.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Vem-vem Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766); Fauna do RN

  Ave conhecida popularmente como Vem-vem,Vim-vim,Vi-vi,Fim-fim Puvi,Gaturamo-fifi,Guriatã,Fi-fi-verdadeiro, entretanto seu nome científico é único,Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766). O que significa esse nome? O primeiro nome, o gênero Euphonia é palavra de origem grega que significa "excelência do tom, enquanto que o segundo nome, o epíteto específico chlorotica deriva de khlöritis ou khlörotës que são palavras de origem grega e significam "de cor verde,esmeralda, que caracteriza parte da coloração de juvenis ou da fêmea dessa espécie, significando assim seu nome científico "ave" verde com excelência do tom ou "ave" cantora verde.
Essa espécie pertence a família Fringillidae, onde se encontram também os Pintassilgos e gaturamos.
   Ave de pequena porte, indivíduo adulto(macho) mede cerca de 9,5 centímetros de comprimento, tendo a asa 56 mm, cauda 31 mm, bico 8 mm, tarso 13 mm (macho), e pesa aproximadamente 8 gramas. O macho tem o alto da cabeça e o pescoço roxo, a testa amarela, partes superiores azul-metálicas e partes inferiores amarelas; a fêmea apresenta as partes superiores oliváceas e as inferiores branco – acinzentadas (ROMA, 2000).
  A vocalização de chamada típica da espécie tanto emitida pelo macho como pela fêmea é ""di-di", "wi",“vi-vi”, “vem-vem” ou “fi-fi”, enquanto que o canto é breve e fraco,um chilreado que às vezes é parecido com o de um "pintassilgo". Em alguns momentos quando faz o chamado do tipo "fi-fi" também pode ter o confundido com o da ave conhecida como "risadinha" dependendo da distância. É uma boa imitadora do canto de outras aves.
   Alimenta-se de frutos, como por exemplo frutos de ervas-de-passarinho, de plantas das famílias Loranthaceae e Viscaceae, sendo essa espécie considerada como uma grande dispersora de sementes.
Com cerca de um ano de vida tornam-se aptos a se reproduzirem. Durante o período reprodutivo indivíduos machos geralmente se apresentam cantando no período mais quentes do dia na copa das árvores. Nesse momento apresentam um canto mais específico, ás vezes incluindo seu canto com imitações de outros. Após um tempo do período do acasalamento a fêmea põe de 2 a 5 ovos em ninhos geralmente construídos em cavidades nos troncos de arbustos ou árvores. Depois de aproximadamente 15 dias de incubação, os filhotes nascem. 
   O vem-vem está presente em todas as regiões do Brasil, habitando borda de florestas,mata baixa e rala,cerrado,cocais,matas serranas, caatingas e campos arborizados, onde vive aos pares ou em pequenos grupos, participando de grupos mistos.
   Durante as minhas excursões pelo território do estado do Rio Grande do Norte, observei essa espécie em área de tabuleiro litorâneo, área de transição entre a vegetação típica de Mata Atlântica e de Caatinga, na região Agreste, como também em área do Semi-árido na região do Seridó Potiguar, tendo sido minhas últimas observações in loco desse pássaro nos municípios de Nísia Floresta, Monte Alegre, Jardim do Seridó e Natal. Entretanto encontrei registros na literatura científica da ocorrência dela em quase todas as regiões do estado, sendo portanto considerada uma espécie comum no RN. Entretanto deve-se ter cuidado pois apesar de ser uma espécie relativamente abundante, existe o problema da captura ilegal na natureza para criação em gaiola como ave canora e também para a venda em feiras livres, sendo essas talvez nesse momento as principais ameaças as populações desse pássaro no RN. Observei essa ave iniciando a construção de um ninho em um planta da família Cactaceae, um facheiro(Pilosocereus sp.) nas adjacências do Rio Seridó em Jardim do Seridó,Rio Grande do Norte.
No campo do folclore, segundo a cultura popular, as pessoas idosas principalmente no interior do estado costumam dizer que, quando esse pássaro canta próximo de uma residência, entende-se que seja um prenúncio de que os donos da casa receberam a visita de pessoas, em especial de parentes naquele dia. Além disso, existe um adágio popular que minha mãe dizia muito em relação a essa ave quando ela cantava próximo a nossa casa no sítio, é o seguinte: “Vem-vem se for bem venha, se for mal, vai pra ondas do mar sagrado amém.”. E não para por aí, o vem-vem prova a sua popularidade principalmente na região Nordeste, sendo citado em uma música do mestre Luiz Gonzaga, veja:

"Vivo sempre escutando a cantiga de vem vem
quando ouço ele cantando penso ser você que vem
vivo de olho no caminho porque não chega ninguém
ai ai ai por fim não chega ninguém
quando perco a esperança parece uma tentação
me sento lá no terreiro
escoro o rosto com a mão
sem plano pobre coitado
fazendo risco no chão
ai ai ai fazendo risco no chão
tá vendo meu bem
tá vendo como e doce querer bem
faz inté levar em conta a cantiga de vem vem
ai ai ai a cantiga de vem vem".

Referências
Freire, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.

F. Sagot-Martin, GOP. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

Gaturamo miudinho. Federação Ornitológica de Minas Gerais. Disponível em:> http://www.feomg.com.br/eup_chlo.htm  <: 14="" acesso="" em:="" p="">

LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

Marcelo da Silva,Bruno R. de A. França, Jorge B. Irusta,Glauber H.  B. de Oliveira Souto,Tonny M. de Oliveira Júnior,Marcelo C. Rodrigues, Mauro Pichorim. Aves de treze áreas de caatinga no Rio Grande do Norte, Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, 20(3), 312-328 Outubro de 2012 / October 2012

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997. 863p.