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domingo, 19 de abril de 2020

Cabeça branca Mitracarpus strigosus (Thunb.) P.L.R. Moraes, De Smedt & Hjertson

FLORA DO RN
Cabeça branca( Mitracarpus strigosus) fotografada em excursão na Serra do Cuó,Campo Grande,RN. 
Det.: J. Jardim, set.2013.
    A Cabeça branca(Mitracarpus strigosus) é uma espécie nativa do Brasil e pertence a família Rubiaceae, da qual também fazem parte por exemplo, o Jenipapo(Genipa americana), a Angélica(Guettarda platypoda) e Mata-rato (Psychotria bracteocardia).
   Ela apresenta porte herbáceo ou até subarbustiva, tendo grande variação de tamanho entre 10cm e 100cm de altura. Mitracarpus strigosus desenvolve-se bem em ambiente aberto e exposto a luz solar, principalmente nos solos arenosos, sendo encontrada em restingas, tabuleiros, campos, chapadas, dunas, savana, capoeira, em ambientes onde há plantações e bordas de estradas ou trilhas. Ela habita esses ambientes desde o nível do mar até 930 m de altitude onde pode florescer e frutificar durante o ano inteiro.
   Mitracarpus strigosus tem sua ocorrência confirmada em alguns países da América do Sul a saber: na Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil. Neste país é encontrada nos biomas Mata Atlântica,Caatinga, Amazônia e Cerrado em diferentes formações vegetais, estando distribuída nas seguintes regiões e respectivos estados brasileiros: Norte (Pará, Roraima) Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe) e Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro). Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte tenho observado essa espécie em todas mesorregiões do estado, ou seja, tanto no domínio da Mata Atlântica como na Caatinga potiguar.

Referências
BOEIRA, Tianisa Prates. Spermacoceae (Rubiaceae) no Rio Grande do Norte, Brasil. 2016. 87f. Dissertação (Mestrado em Sistemática e Evolução) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

Daniela Freu de Figueiredo Mól. Rubiaceae em um Remanescente de Floresta Atlântica no Rio Grande Do Norte, Brasil. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UFRN, Natal, RN,2010.

Organizador Rafaela Campostrini Forzza... et al. Catálogo de plantas e fungos do Brasil, volume 2. Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010.

Souza,Elnatan Bezerra de. Estudos Sistemáticos em Mitracarpus (Rubiaceae - Spermacoceae) com ênfase em espécies brasileiras. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica da UEFS. Feira de Santana,Bahia,2008.

domingo, 5 de abril de 2020

Macaco-prego-galego Sapajus flavius (Schreber, 1774) uma espécie muito ameaçada de extinção

primatas da mata atlântica
Macaco-prego-galego(Sapajus flavius) observado em 2019 na RPPN Mata Estrela,Baía Formosa,RN.

Nomenclatura e classificação científica

   Animal conhecido popularmente como Macaco-prego-galego, Macaco-prego-dourado, Macaco-galego, Macaco-prego e inicialmente chamado Caitaia(nome indígena) pelo naturalista alemão Georg Marcgrave (1648). Entretanto seu nome científico atualmente válido é único, Sapajus flavius (Schreber, 1774). Mamífero primata pertencente a família Cebidae, da qual também faz parte por exemplo, o Macaco-prego(Sapajus libidinosus).
   No Rio Grande do Norte além dessas duas espécies  de macacos, ainda temos também o ameaçado Guariba(Alouatta belzebul L.) e o Sagui-de-tufos-brancos(Callithrix jacchus).

Características do Macaco-prego-galego  Sapajus flavius (Schreber, 1774)

   O Macaco-prego-galego(Sapajus flavius) é considerado espécie de médio porte, onde um indivíduo adulto de maneira geral apresenta em média 36cm de comprimento(cabeça-corpo) e cauda de aproximadamente 44cm, ou seja, comprimento total de 80cm. Seu peso pode variar de 1.800 a 3.100 gramas, sendo os indivíduos machos maiores. "A pelagem da testa e topo da cabeça, “capuz”, possui os pelos curtos orientados para trás. A cabeça apresenta um perfil frontal arredondado, sem tufos ou cristas. A barba é amarela avermelhada e mede de 15 a 20 mm. A coloração da garganta, da testa e do topo da cabeça é amarela. A coloração da pelagem do corpo é amarelo dourado, o que fornece uma aparência bastante característica. A coloração do ventre é amarela avermelhada. As extremidades dos membros e da cauda são pouco mais escuras que o dorso e a lateral do corpo, contudo sem um contraste marcado. O lado interno das coxas e pernas é amarelho avermelhado (Feijó & Langguth,p. 44,2013)". 
Macaco-prego-galego(Sapajus flavius) observado na RPPN Mata Estrela,Baía Formosa,RN.

Aspectos biológicos do Macaco-prego-galego  Sapajus flavius (Schreber, 1774)

   Indivíduos machos do gênero Sapajus geralmente atingem a maturidade sexual aos 7 anos, porém as fêmeas variam de 4 a 5 anos. Seu sistema de acasalamento é do tipo poligâmico e o tempo de gestação vai de 5 a 6 meses, nascendo em média apenas um filhote. Animais do referido gênero são bem curiosos e muito ativos durante o dia na copa das árvores(mas também descem ao solo), apresentam uma dieta onívora, alimentando-se de partes de origem vegetal como por exemplo, folhas e frutos, atuando até como dispersores de sementes, mas também comem pequenos animais.

Habitat e distribuição geográfica do Macaco-prego-galego  Sapajus flavius (Schreber, 1774)

   O Macaco-prego-galego(Sapajus flavius) habita alguns poucos fragmentos de Mata Atlântica na região Nordeste do Brasil, nos estados do Rio Grande do Norte,Paraíba,Pernambuco e Alagoas. Sendo portanto uma espécie endêmica do Brasil e Mata Atlântica, fazendo parte do Centro de Endemismo Pernambuco. Mas também existem algumas áreas de Caatinga que estão sendo analisadas como prováveis locais onde a espécie também ocorra, inclusive aqui no RN. No Rio Grande do Norte a espécie foi confirmada inicialmente apenas na RPPN Senador Antônio Farias(Mata Estrela), porém eu já observei também um bando transitando do canavial para um fragmento de mata conhecido como Mata da Pituba, ambos no município de Baía Formosa. Dentro da sua área de distribuição a espécie tem ocorrência confirmada em cerca de 30 fragmentos florestais que fazem parte de áreas de proteção.
animal ameaçado de extinção
Macaco-prego-galego(Sapajus flavius) observado na Mata da Pituba,Baía Formosa,RN.

Ameaças e classificação do Macaco-prego-galego  Sapajus flavius (Schreber, 1774) como animal ameaçado de extinção

   Porém devido a falta de fiscalização dessas áreas que muitas das vezes estão isoladas, essas populações de S. flavius sofrem ameaças devido a destruição de seu habitat pela expansão de plantações de cana-de-açúcar, desmatamento para construções humana e ampliação de rodovias, extração ilegal de árvores, queimadas, além da caça. Tudo isso tem contribuído para redução populacional da espécie que tem sido estimada até recentemente em apenas 1.000 indivíduos. Estes compreendem pequenas populações de diferentes tamanhos , incluindo jovens e adultos que estão isolados pela fragmentação e perda de habitat. Por tudo isso a espécie S. flavius se encontra na lista vermelha da International Union for Conservation of Nature (IUCN, 2015) como criticamente ameaçada de extinção (CR), além disso, ela é classificada na Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção  na categoria "Em Perigo(EN).

Referências
Bacalhao, M. B., Firmino, M. O., Siqueira, R. A., Ramalho, A. C., Cavalcante, T. A., Nery, T. F., et al. (2016). Descrição morfológica de duas espécies de Sapajus encontradas na Paraíba: S. libidinosus e o recém-redescoberto e já criticamente ameaçado S. flavius. Pesquisa Veterinária Brasileira, 36(4), 317-321.

DANTAS, Anne Karenine Bezerra da Penha. Caracterização da paisagem de Sapajus flavius (Primates, Cebidae) e Alouatta belzebul (Primates, Atelidae) na Mata Atlântica nordestina. 2016. 59f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

de Oliveira, M.M., Boubli, J.-P. & Kierulff, M.C.M. 2015. Sapajus flavius. The IUCN Red List of Threatened Species 2015: e.T136253A70612549. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2015.RLTS.T136253A70612549.en. Downloaded on 04 April 2020.

FEIJÓ, A.; LANGGUTH A. Mamíferos de médio e grande porte do Nordeste do Brasil: distribuição e taxonomia, com descrição de novas espécies. Revista Nordestina de Biologia, v. 22, n. 1/2, p. 43-45, 2013.

Valença-Montenegro,M. M.; Bezerra ,B. M.; Martins, A. B.& Fialho ,M. de S. 2018. Sapajus flavius (Schreber, 1774). In: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (Org.). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume II - Mamíferos. Brasília, DF. ICMBio.  p. 268-271.