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domingo, 20 de abril de 2025

Olhos de Águia em Corpo de Sabiá? Desvende os Mistérios do Gaviãozinho!

   O gaviãozinho, cientificamente denominado Gampsonyx swainsonii, é conhecido por diversos nomes populares ao longo de sua ocorrência, como gavião-de-touca, gavião-da-cara-preta, gavião-da-cara-amarela, gavião-boiada, papa-lagartixa, branquinho e cri-cri. Ele pertence a família Accipitridae, da qual também fazem parte por exemplos, a Águia-serrana, o Gavião-caboclo e o Gavião-caramujeiro.

  A denominação "gaviãozinho" reflete com precisão sua natureza, pois trata-se da menor espécie de gavião e rapinante diurno encontrada no Brasil, possuindo um comprimento total que varia de 20 cm nos machos até 28 cm nas fêmeas, com peso entre 80,5 e 113 gramas e envergadura de 45 a 55cm. Não existe dimorfismo sexual. De maneira geral indivíduos adultos apresentam plumagem branca na região ventral e dorso cinza-ardósia, asas pontiagudas, cabeça com testa e bochechas creme-amareladas, bico curto e garras consideravelmente fortes. Uma característica distintiva é seu hábito de sacudir a cauda quando pousado.

   A dieta do gaviãozinho(Gampsonyx swainsonii) é variada, incluindo insetos, pequenos répteis (como os gêneros AmeivaAmeivulaIguanaMicrolophusPhyllodactylusPolychrus e Tropidurus), pequenas aves (como os gêneros AgelasticusColumbinaSicalis e Zonotrichia) e roedores. É uma ave que geralmente se comporta de maneira solitária, permanecendo em poleiros(árvores, mourões de cerca, postes, fios de eletricidade) de onde parte para capturar suas presas, seja em voos rápidos ou baixos. Frequentemente, pode ser observado planando a grandes alturas, descrevendo círculos no céu, o que pode levá-lo a ser confundido com uma andorinha se observado à distância.

  Seus hábitos reprodutivos são bem definidos, com reprodução registrada entre os meses de novembro e maio. O ninho construído é uma plataforma rasa de galhos finos, onde a fêmea deposita de dois a quatro ovos. A incubação dura cerca de 28 a 30 dias, e após a eclosão, os filhotes permanecem no ninho por um período de 33 a 35 dias. Ambos os adultos demonstram um comportamento de defesa ativa do ninho contra qualquer intruso que se aproxime.

   O gaviãozinho(G. swainsonii) habita diversas áreas abertas e semiabertas, desde beiras de rios, lagos, fragmentos florestais, de cerrado e restinga, além de área antropizada como próximo a estradas. Sua distribuição geográfica é ampla, estendendo-se da América Central até o norte da Argentina, abrangendo quase todos os estados do Brasil, com ocorrências até altitudes de 1.200 metros. É considerada uma espécie residente em território brasileiro e independente de ambientes estritamente florestais. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei essa espécie nas mesorregiões Agreste Potiguar, Central Potiguar e Oeste Potiguar, ou seja, em quase todo território norte-rio-grandense.

Referências

Favretto, M. A. Aves do Brasil, vol I: Rheiformes a Psittaciformes. Florianópolis. 2021. 596 p. : il.

Lima, L. M. Aves da Mata Atlântica: riqueza, composição, status, endemismos e conservação. 2013. 513f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.

Pallinger, Fredererick & Menq, Willian. Aves de Rapina do Brasil: volume 1 diurnos. Ed. Do Autor, 2021.

Piacentini, V. Q. et al. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, V. 23, N. 2, p. 91–298, 2015.

PICHORIM M, Oliveira DV, Oliveira-Júnior TM, Câmara TPF, Nascimento EPG (2016) Pristine semi-arid areas in northeastern Brazil remain mainly on slopes of mountain ranges: a case study based on bird community of Serra de Santana. Trop Zool 29:189–204. 
https://doi.org/10.1080/03946975.2016.1235426

Sick, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 862p, 2001.

Sigrist, T. Avifauna Brasileira: The avis brasilis field guide to the birds of Brazil, 1ª edição, São Paulo: Editora Avisbrasilis, 2009.

Silva JMC et al. 2003 Aves da Caatinga: status, uso do habitat e sensitividade. In: Leal IR et al. (Eds) Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária/UFPE.

Souza, Francisco V. & Dantas,J.; Aves em Equador, RN, Brasil. 11 e 12 de maio de 2019.  Disponível em: 
https://www.taxeus.com.br/lista/13520 Acesso em 19 de abr. de 2025.

domingo, 29 de dezembro de 2024

Descubra os segredos da borboleta asa de folha avermelhada "Fountainea halice moretta (Druce, 1877)"


    A borboleta asa de folha avermelhada(Fountainea halice morettapertencente a família Nymphalidae e possui dimorfismo sexual, tendo os machos o dorso das asas arroxeado sem manchinhas brancas, estas estão presentes no dorso das fêmeas. Quando pousada em meio a vegetação do bioma Caatinga camufla-se muito bem, pois se assemelha com uma folha(seca).

   Essa borboleta na fase adulta(alada) é frugívora, ou seja, alimenta-se principalmente de frutos fermentados, enquanto na sua fase larval(lagarta) ela consome folhas principalmente de plantas do gênero Croton spp., as quais são tidas como suas hospedeiras.

   Em nível de espécie ela tem ocorrência confirmada do México ao norte da América do Sul, sendo encontrada em florestas tropicais, podendo ser observada em borda de mata, no interior de mata fechada e até em área aberta.

  Apesar de Fountainea halice moretta ser considerada como uma subespécie endêmica da Caatinga(que só ocorre nesse bioma), ela já foi registrada em áreas de transição entre a Caatinga e a Mata Atlântica. Em algumas regiões do Semiárido brasileiro ela é relativamente comum. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie nas mesorregiões Central Potiguar e Oeste potiguar(foto).  


Referências

ASSIS, Pueblo Pêblo Batista de Araújo. Relação do tamanho e da coloração com a ocorrência de borboletas nordestinas em diferentes mirco-habitats. Orientador: Daniel Pessoa. 2024. 57f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ecologia), Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2024.

DANTAS, C., Zacca, T. and Bravo, F. 2021. Checklist of butterflies (Lepidoptera: Papilionoidea) of an urban area of Caatinga-Atlantic Forest ecotone in Bahia, Brazil. EntomoBrasilis. 14, (Oct. 2021), e959. DOI:https://doi.org/10.12741/ebrasilis.v14.e959.

KERPEL, Solange Maria Borboletas da ESEC Seridó : guia de espécies / Solange Maria Kerpel, Larissa Nascimento dos Santos, Adalberto Dantas de Medeiros ; coordenação Márcio Zikán Cardoso. -- 1. ed. -- Natal, RN : Ed. dos Autores, 2022. -- (Borboletas no nordeste ; 1).

KERPEL, S. et al. 2014. Borboletas do Semiárido: conhecimento atual e contribuições do PPBio In: Bravo, F. et al.(Orgs.). Artrópodes do Semiárido: Biodiversidade e conservação. Vol.: 1 Publisher: Printmidia P. 245-272.

sábado, 14 de setembro de 2024

A rara Borboleta asas-de-vidro Episcada hymenaea (Prittwitz, 1865) no Rio Grande do Norte

   Inseto conhecido popularmente como Borboleta asas-de-vidro ou Borboletinha-de-vidro, sendo seu nome científico Episcada hymenaea (Prittwitz, 1865). Ela pertence a família Nymphalidae, da qual também fazem parte por exemplo, a borboleta-estaladeira, a borboleta-esmeralda e a borboleta-zebra.
borboleta asas-de-vidro(Episcada hymenaea) documentada em floresta na serra de Luís Gomes, RN, Brasil. Ela foi observada no interior de mata densa nas proximidades de um riacho a cerca de 400 de altitude.

   A Borboleta asas-de-vidro(Episcada hymenaea) faz parte da subfamília Ithomiinae, na qual as suas lagartas(larvas) se alimentam de folhas principalmente de plantas da família Solanaceae, enquanto que na fase adulta(alada) consomem de maneira geral néctar de flores. Especificamente para espécie citada, as plantas-hospedeiras no qual as lagartas comem pertencem ao gênero Solanum(o mesmo da Jurubeba), tendo sido registrada seu desenvolvimento em Solanum diphyllum e Solanum compressum.
   A Borboletinha-de-vidro(Episcada hymenaea) geralmente é encontrada com maior frequência em mata primária, podendo ser considerada uma espécie bioindicadora. Ela habita principalmente ambientes florestais úmidos, mas pode ser encontrada também em florestas alteradas, tanto no interior de mata fechada como na borda. No Brasil tem sido documentada nos biomas Caatinga e Mata Atlântica, mas ocorre em outros países da América do Sul como Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie nas mesorregiões Central Potiguar e Oeste potiguar(foto). 

Referências

Calor, A. R. & Bravo, F. 2014. Artrópodes do semiárido: conhecimento atual e desafios para os próximos anos. In: Bravo, F. & Calor, A. R. eds. Artrópodes do semiárido: biodiversidade e conservação. Feira de Santana, Printmídia.

Costa FAPL (2002) Borboletas Ithomiinae (Lepidoptera, Nymphalidae) da Reserva Biológicas D’Anta (Juiz de Fora, MG). Revista Brasileira de Zoologia, 4:143-149.

Quinteros, R., & Bustos, E.O. (2018). Una enorme congregación de Episcada hymenaea (Lepidoptera: Nymphalidae: Danainae) en las yungas del norte de Salta, Argentina. Acta Zoológica Lilloana.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Águia-Serrana: Uma ave de rapina imponente nas serras brasileiras

   Ave conhecida popularmente como Águia-serrana, Gavião-de-serra, Gavião-pé-de-serra, Gavião-azul, e Turuna(Turana,Tourona e Torona são variações desse nome), entretanto seu nome científico é Geranoaetus melanoleucus (Vieillot, 1819). Pertence a família Accipitridae, da qual também fazem parte por exemplos, o gavião-caboclo, o gavião-caramujeiro e o gavião-carijó.

   A águia-serrana (Geranoaetus melanoleucus) apresenta envergadura de quase 2 metros, atinge cerca de 66 cm de comprimento, sendo as fêmeas ligeiramente maiores que os machos, podendo alcançar 80cm de comprimento. Seu peso varia de 1.670g a 3.170 gramas. Na fase adulta apresenta cabeça e peito cinza-escuros, barriga branca, asas largas e cinza-esbranquiçadas com pontas pretas, cauda curta(característica marcante ) e arredondada.

   Excelente planadora, usando correntes de ar ascendentes para subir alto e observar suas presas com sua visão aguçada lançando-se em ataques rápidos e precisos quando a oportunidade surge. Ágil e acrobática em voo, ela é capaz de capturar suas presas em pleno ar. A Águia-Serrana alimenta-se principalmente de mamíferos e aves campestres, incluindo roedores e pequenos marsupiais, corujas-buraqueiras, quero-queros, répteis(cobras e lagartos), peixes (ocasionalmente), carniça (quando disponível) e até mesmo insetos. Há relatos de predação a animais de criação(doméstico) gerando assim um certo grau de conflito com humanos, sendo a águia-serrana abatida em casos extremos. O abate(caça) associado a outros fatores podem contribuir para a extinção local da espécie em algumas localidades montanhosas do país, mesmo ela não estando classificada em nível nacional como espécie ameaçada de extinção.

   O acasalamento da Águia-Serrana(Geranoaetus melanoleucus) ocorre ao longo do ano, variando conforme a latitude. Durante a corte, o macho realiza voos acrobáticos para impressionar a fêmea. Os ninhos são construídos em penhascos ou escarpas rochosas, utilizando galhos secos como base e forrando-os com palha, folhas e plumas. Eles são construídos em conjunto pelo casal e serve de abrigo para os ovos(1-3 por ninhada), que são incubados por ambos os pais por cerca de 30 a 42 dias. Após a eclosão, os filhotes permanecem no ninho por 42 a 59 dias, aprendendo com seus pais as técnicas de caça e sobrevivência. A maturidade sexual é atingida por volta dos três anos de idade.

   Espécie geralmente solitária ou em pares, mas pode formar bandos de até 5 indivíduos. A águia-serrana é uma espécie residente, independente de ambientes florestais, preferindo áreas abertas e montanhosas, como campos, savanas e cerradões, onde encontra suas presas e locais adequados para nidificar. Ela é encontrada em grande parte da América do Sul, desde a Cordilheira dos Andes até a Terra do Fogo. No Brasil, está presente em quase todo o território, exceto na região Norte. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie nas mesorregiões Agreste Potiguar, Central Potiguar e Oeste Potiguar.


Referências

Adriano Rodrigues Lagos ... [et al.] . Guia de aves: da área de influência da Usina Hidrelétrica de Batalha. Rio de Janeiro : FURNAS, 2018.

Favretto, M. A. Aves do Brasil, vol I: Rheiformes a Psittaciformes. Florianópolis. 2021. 596 p. : il.

ICMBio -Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 4162 p.

Lima, L. M. Aves da Mata Atlântica: riqueza, composição, status, endemismos e conservação. 2013. 513f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.

Piacentini, V. Q. et al. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, V. 23, N. 2, p. 91–298, 2015.

PICHORIM M, Oliveira DV, Oliveira-Júnior TM, Câmara TPF, Nascimento EPG (2016) Pristine semi-arid areas in northeastern Brazil remain mainly on slopes of mountain ranges: a case study based on bird community of Serra de Santana. Trop Zool 29:189–204. https://doi.org/10.1080/03946975.2016.1235426

Sick, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 862p, 2001.

Sigrist, T. Avifauna Brasileira: The avis brasilis field guide to the birds of Brazil, 1ª edição, São Paulo: Editora Avisbrasilis, 2009.

Silva JMC et al. 2003 Aves da Caatinga: status, uso do habitat e sensitividade. In: Leal IR et al. (Eds) Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária/UFPE.

Torres, Denise de Freitas. Conflitos, caça e conservação da fauna silvestre. 2019. 143 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.

sábado, 30 de março de 2024

Besouro-de-chuquinha, conheça o besouro que ficou famoso na internet


   Há alguns anos atrás uma foto de um besouro desses foi postado nas redes sociais(twitter e facebook), e na época viralizou as postagens nas quais as pessoas batizaram o animal com o nome de "besouro de chuquinha", "besouro Paquita da Xuxa" e até de barata de chuquinha(não é uma barata). Repito: Não é uma barata, não é venenoso e nem peçonhento.
besouro serra-pau(Psygmatocerus wagleri) fotografado na sede da Reserva Particular do Patrimônio Natural Refúgio Jamacaii, Equador, RN, Brasil.

   O animal da foto pertence ao grupo dos insetos(Classe Insecta-mais diversificado da Terra), sendo mais específico ele pertence ao grupo dos besouros(ordem Coleoptera), a família Cerambycidae e a espécie Psygmatocerus wagleri Perty, 1828. O adulto dessa espécie pode atingir 38mm de comprimento e como todos os besouros Cerambicídeos possui peças bucais bem desenvolvidas, apresentando fortes mandíbulas que contribuem para serrar galhos, nos quais as fêmeas depositam seus ovos nas incisões. Por isso, esses bichos são conhecidos vulgarmente como besouro serra-pau, serrador ou toca-viola. Segundo Costa Lima(1955) a larva desse besouro é "broca do óleo vermelho (Myrospermum erythroxylon) e da manga brava(Swartzia langsdorfii)".

   Mas o que chama mais a atenção nesse besouro são suas antenas do tipo "flabelada(antena em forma de leque)", as quais são formadas por vários "ramos", aumentando assim a área de superfície disponível. Isso proporciona por exemplo para ele, melhor percepção da variação de temperatura ou umidade e até no caso do macho detectar feromônios sexuais da fêmea. 

   O besouro serra-pau(Psygmatocerus wagleri) ocorre na América do Sul(Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina), tendo sido confirmado sua presença nos seguintes estados brasileiros: Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte só observei essa espécie até o momento apenas na Mesorregião Central Potiguar, na RPPN Refúgio Jamacaii em Equador.


Referências
COSTA LIMA, A. Insetos do Brasil. 9.º tomo, capítulo XXIX: coleópteros, 3.ª parte. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Agronomia, Série Didática n. 11, p. 98-99, 1955.

GULLAN, P.J. Insetos: fundamentos da entomologia / P.J. Gullan, P.S. Cranston; Com ilustrações de Karina H. McInnes; Tradução e Revisão Técnica Eduardo da Silva Alves dos Santos, Sonia Maria Marques Hoenen – 5. ed. – Rio de Janeiro: Roca, 2017.

NASCIMENTO, Francisco E. De L., Bravo, Freddy, Monnè, Miguel A. (2016): Cerambycidae (Insecta: Coleoptera) of Quixadá, Ceará State, Brazil: new records and new species. Zootaxa 4161 (3): 399-411, DOI: 10.11646/zootaxa.4161.3.7.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Saracura-três-potes, a saracura mais popular do Brasil

   Ave conhecida popularmente como Saracura-três-potes, Três-potes, Três-coco, Sericóia, Chiricote, entretanto seu nome científico é único, Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776).

   A Saracura-três-potes (Aramides cajaneus) é uma ave que pertence à família Rallidae, este é um grupo cosmopolita da qual fazem parte as aves conhecidas como saracura, sanãs, galinhas-d'água, frangos-d'água e carquejas (Sick,2001). Os ralídeos de maneira geral são aves inquietas o que pode ser percebido pela movimentação frequente da cauda curta, mas não são facilmente observáveis devido a sua camuflagem se revelando mais através das suas vocalizações (Sick,2001). Essa espécie atinge cerca de 40cm de comprimento e peso médio de 412 gramas, possui cabeça e pescoço cinzas, bico com porção basal amarelada e a porção distal verde, olhos avermelhados, região dorsal e asas marrom-oliváceo e ventral castanho-ferrugíneo(Sick,2001; Lima,2006; Favretto,2021).

   Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776) é a saracura mais conhecida no Brasil devido ao seu grande porte e seu canto grave e alto efetuado geralmente em dueto principalmente nas primeiras horas do dia e após o pôr-do-sol. Vive em regiões pantanosas em meio a vegetação, nas matas as margens de corpos de água como lagos e rios, podendo viver em matas mais úmidas e até distante de porções de água (Antas,2005; Sick,2001). É uma espécie onívora, pois se alimenta de animais invertebrados e também de pequenos vertebrados além de grãos (Antas,2005; Sick,2001). Como tem facilidade em escalar árvores, ela pode predar ovos e até filhotes de outras aves(Sigrist,2009). Espécie monogâmica que pode se reproduzir durante qualquer período do ano, na qual ela constrói seu ninho com folhas e gravetos em forma de tigela sobre arbusto ou no interior da vegetação. Nesse ninho colocam até 7 ovos de cor branca com pintas marrons, os quais são incubados pelos pais por cerca de 20 dias, nascendo os filhotes com plumagem na cor negra(Lima,2006; Favretto,2021). 

   Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776) é uma espécie politípica que apresenta nove subespécies reconhecidas e apresenta ampla distribuição nas Américas, ocorrendo desde o México ao norte da Argentina e Uruguai (Lima,2013). Ela é residente no Brasil e ocorre em todos os estados do país, habitando nas regiões alagadas em meio a vegetação e nas matas principalmente as margens dos corpos de água de todos os biomas brasileiros (Antas,2005; Sick,2001; Lima,2013). Ela não está ameaçada de extinção em nível nacional de acordo como o Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, onde a mesma foi classificada na categoria “LC”-Pouco Preocupante (ICMBio,2018). No Rio Grande do Norte a espécie tem registros confirmados tanto na Mata Atlântica como também na Caatinga e região de transição entre os biomas. 

Referências
Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN: Sesc.

Favretto, M. A. Aves do Brasil, vol I: Rheiformes a Psittaciformes. Florianópolis. 2021. 596 p. : il.

ICMBio -Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 4162 p.

Lima, L. M. Aves da Mata Atlântica: riqueza, composição, status, endemismos e conservação. 2013. 513f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.

Lima, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

Piacentini, V. Q. et al. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, V. 23, N. 2, p. 91–298, 2015.

Sick, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 862p, 2001.

Sigrist, T. Avifauna Brasileira: The avis brasilis field guide to the birds of Brazil, 1ª edição, São Paulo: Editora Avisbrasilis, 2009.

Souza, F.V. Aves observadas em Baía Formosa(Mata Estrela, Fazenda Estrela e Mata da Bela), RN, Brasil. 10/02/2019. Disponível em: https://www.taxeus.com.br/lista/12850 Acesso em: 18 de fev. 2024.

domingo, 10 de dezembro de 2023

Borboleta conhecida como Fogo-no-ar, labareda ou borboleta-flambeau, espécie de grande longevidade

  Borboleta conhecida popularmente como Fogo-no-ar, labareda, borboleta-flambeau ou Borboleta-júlia, entretanto seu nome científico é único, Dryas iulia(Fabricius, 1775). Pertence a família Nymphalidae.

   Essa espécie apresenta de maneira geral coloração dorsal vermelho-arruivado com asas marginadas de preto, pode atingir 80mm de envergadura, sendo os indivíduos machos maiores e mais claros do que as fêmeas.

   A borboleta-flambeau(Dryas iulia) habita matas secundárias, borda de florestas, clareiras, áreas de pastagens e jardins, onde pode ser vista visitando flores por exemplo das plantas Lantana sp. e Eupatorium, se alimentando de néctar e pólen(algo incomum para outras borboletas). Além disso, também inclui em sua dieta sais minerais que absorve do solo, de frutos, da urina e ou lágrimas de alguns animais como jacarés. Supõe-se que essa dieta rica em proteínas e sais minerais é o que proporciona a ela ter maior longevidade em média do que outras borboletas. 

   Após o acasalamento a fêmea oviposita em plantas do gênero Passiflora(maracujá), sendo os ovos de cor variando de amarelo a laranja. Destes surgem as lagartas(fase larval) que comem as folhas do maracujá, as quais passam por 5 estágios antes de empuparem(crisálida) e posteriormente do casulo sairá a fase alada...

 A borboleta-fogo-no-ar(Dryas iulia) é tipicamente neotropical(ocorrendo nas Américas) com distribuição confirmada desde o sul dos Estados Unidos até o norte do Uruguai e Argentina.  Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte só observei essa espécie até o momento apenas na Mesorregião Central Potiguar, na RPPN Refúgio Jamacaii em Equador.

Referências
FioCruz. Borboletas e Mariposas. Disponível em: https://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/borboletas2.htm Acesso em 10 de dezembro de 2023.

Geraldo Salgado-Neto. LEPIDÓPTEROS DO BRASIL (Agenda de Campo). Disponível em: https://guiasdecampo.wordpress.com/2010/12/24/lepidopteros-do-brasil-agenda-de-campo-geraldo-salgado-neto Acesso em 10 de dezembro de 2023.

KERPEL, S. et al. Borboletas do Semiárido: conhecimento atual e contribuições do PPBio. Artrópodes do Semiárido: Biodiversidade e Conservação, n. 1999, p. 245–272, 2014.

Labareda, borboleta-flambeau ou borboleta-fogo-no-ar (Dryas iulia alcionea). biodiversity4all. Disponível em: https://www.biodiversity4all.org/taxa/50073-Dryas-iulia Acesso em 10 de dezembro de 2023.

Labareda, borboleta-flambeau ou borboleta-fogo-no-ar (Dryas iulia alcionea). Fauna Digital do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.ufrgs.br/faunadigitalrs/labareda-borboleta-flambeau-ou-borboleta-fogo-no-ar-dryas-iulia-alcionea/ Acesso em 10 de dezembro de 2023.

domingo, 20 de agosto de 2023

Larva Mata-porco Perreyia sp., espécie que pode causar intoxicação em animais domésticos...


   Os animais da foto apesar da semelhança com lagartas, não são larvas de borboletas ou mariposas. Eles são a fase larval de insetos parecido com vespas, pertencentes a ordem Hymenoptera, subordem Symphyta, família Pergidae e ao gênero Perreyia. São conhecidos popularmente como Lagarta Mata-porco, Lagarta mata boi, Larva Mata-porco, bicho mata-porco, bicho-da-chuva, lagarta preta ou ruga. 

   Na literatura tem sido relatado intoxicação graves de diversos animais domésticos(porco, gado, ovelhas e cabras) que ingeriram a fase larval desses insetos(Perreyia sp.) acarretando necrose hepática aguda nos animais que comeram essas larvas, culminando até em mortes. De acordo com Camargo,1956 as intoxicações geralmente ocorrem nos meses de maio a julho que corresponde ao período larval do inseto.

   Normalmente observamos essas larvas juntas formando um grande grupo, causando a impressão de um animal maior na tentativa de afugentar seus predadores. Assim, elas após eclodirem dos ovos, se juntam e deslocam-se sobre o solo ou vegetação rasteira como pastagem, principalmente nas primeiras horas da manhã, durante os períodos de maior umidade, alimentando-se da folhagem baixa ou no nível do solo. Após um tempo, elas irão empupar(fase de pupa) e depois tornam-se adultas(fase alada-rara). 
   Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte tenho observado essa espécie apenas na Mesorregião Leste Potiguar, nos municípios de Goianinha e Tibau do Sul(Santuário Ecológico de Pipa).

Referências

Camargo O.R. 1956. As larvas "mata-porco" no Rio Grande do Sul. Bolm Diretoria Prod. Anim. 13:18-25.

Jonck, F., Casagrande, R. A., Froehlich, D. L., Ribeiro Junior, D. P., & Gava, A.. (2010). Intoxicação espontânea por larvas de Perreyia flavipes (Pergidae) em suínos no estado de Santa Catarina. Pesquisa Veterinária Brasileira, 30(12), 1017–1020. https://doi.org/10.1590/S0100-736X2010001200003.

Raymundo, DL (2018). Intoxicação espontânea por larvas de Perreyia flavipes (pergidae) em ovinos e bovinos e intoxicação experimental em ovinos e coelhos. Acta Scientiae Veterinariae , 36 (3), 335–336. https://doi.org/10.22456/1679-9216.17325.

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Vespa carniceira Agelaia pallipes (Olivier, 1791), a comedora de carniça e de insetos


   Vespa social conhecida popularmente como vespa carniceira, marimbondo-carniceiro, vespa cassununga, caba curumim, papa carne, maribondo-de-peixe, entretanto seu nome científico é único, Agelaia pallipes (Olivier, 1791).

     A vespa carniceira(Agelaia pallipes) é uma espécie fundadora de enxame que vive em colônias de até 16.500 indivíduos, sendo famosa por incluir em sua dieta carniça e até pequenos vertebrados, principalmente filhotes de aves. O nome vespa carniceira tem origem no fato de que se alimenta de carcaças de animais mortos, mas também preda insetos como moscas, mariposas e grilos. Ela é considerada uma espécie relativamente "agressiva", apesar de que estive várias vezes próximo a ninhos dessa espécie e nunca fui ferroado por ela. Como espécie peçonhenta, biomoléculas constituintes do seu veneno vem sendo estudadas, sendo consideradas de interesse biomédico. O ninho dela é do tipo stelocítaro gimnódomo, o qual é numa cavidade(fenda) geralmente de uma árvore ou no solo.

    Agelaia pallipes, a popular vespa carniceira tem ampla distribuição na América do Sul, com ocorrência confirmada na Costa Rica, Venezuela, Guiana, Suriname, Argentina e Brasil, neste sendo encontrada em todas as regiões do país, tanto no interior de florestas como em área abertas.

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Referências
Frankhuizen, S.; Lopes, L.; Cunha, F. (2020) Social paper wasp (Agelaia pallipes) predates songbird nestling. Ethology, 126(10): 1004-1006. doi: 10.1111/eth.13076
Hermes MG,Somavilla A 2023. Vespidae in Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil. PNUD. Disponível em: <http://fauna.jbrj.gov.br/fauna/faunadobrasil/30688>. Acesso em: 25 Jun. 2023.
Somavilla A, Oliveira ML, Silveira OT (2012) Guia de identificação dos ninhos de vespas sociais (Hymenoptera, Vespidae, Polistinae) na Reserva Ducke, Manaus, Amazonas, Brasil. Rev Bras Entomol 56(4): 405-414.
VIRGÍNIO, F.; MACIEL, T. T.; BARBOSA, B. C. Novas contribuições para o conhecimento de vespas sociais (Hymenoptera: Vespidae) para Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Entomotropica, v. 31, n. 26, p. 221-226, 2016.

domingo, 26 de março de 2023

Encontro-de-ouro, ave de canto harmônico e boa imitadora

  Ave conhecida popularmente como Encontro-de-ouro, Canto-de-ouro, Encontro, Xexéu-de-bananeira, Pega, Primavera e Soldadinho. Entretanto seu nome científico é único, Icterus pyrrhopterus (Vieillot, 1819).

   Essa espécie pode atingir cerca de 21cm de comprimento total e peso médio de 31 gramas, possui corpo delgado de coloração negra com faixa amarela na área de encontro entre a asa e o corpo, cauda longa e bico fino. 

   O Encontro(Icterus pyrrhopterus) é uma ave onívora, pois a mesma alimenta-se de invertebrados( ex.: cupins, baratas, formigas, vespas, gafanhotos, besouros e etc), frutos, flores( ex.: Ipês e Mulungu), néctar e seiva. Essa espécie pode ser observada sozinha, aos casais e eventualmente em bandos. Curiosamente é conhecida pelo seu belo canto, mas também é capaz de imitar chamados de outras aves, como por exemplo anu-branco e gavião-carijó. Ela é capturada e comercializada de maneira ilegal como animal de estimação, ou seja, suas populações principalmente na região do Nordeste Brasileiro, sofrem o impacto da cultura de criação em gaiolas.

   O período reprodutivo geralmente é entre outubro e abril, onde cada casal constrói seu ninho com fibras vegetais, este se assemelha a uma bolsa e fica pendente em um galho de uma planta. Ali a fêmea põe uma média de 3 ovos que são incubados durante cerca de 15 dias, em seguida há eclosão dos filhotes, os quais geralmente ficam até 15 dias no ninho sendo alimentados pelos pais.

   Espécie residente, semi-dependente de ambientes florestais, a qual habita em florestas, bordas de matas, áreas abertas arborizadas, sendo observada também em áreas rurais. O Encontro(Icterus pyrrhopterus) ocorre na Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil, onde ocorre em todas as regiões do país, exceto na maior parte da região Norte(Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Acre). Ela não está classificada como espécie ameaçada de extinção em nível nacional. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie nas mesorregiões Leste Potiguar, Agreste Potiguar, Central Potiguar e Oeste Potiguar.


Referências
Adriano Rodrigues Lagos ... [et al.] . Guia de aves: da área de influência da Usina Hidrelétrica de Batalha. Rio de Janeiro : FURNAS, 2018.

Favretto, Mario Arthur. Aves do Brasil, vol. II: Passeriformes. Florianópolis : Mario Arthur Favretto, 2023.

ICMBio -Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 4162 p.

PACHECO, J.F.; Silveira, L.F.; Aleixo, A.; Agne, C.E.; Bencke, G.A.; Bravo, G.A; Brito, G.R.R.; Cohn-Haft, M.; Maurício, G.N.; Naka, L.N.; Olmos, F.; Posso, S.; Lees, A.C.; Figueiredo, L.F.A.; Carrano, E.; Guedes, R.C.; Cesari, E.; Franz, I.; Schunck, F. & Piacentini, V.Q. 2021. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee – second edition. Ornithology Research, 29(2). https://doi.org/10.1007/s43388-021-00058-x 

PICHORIM, Mauro et al. Guia de Aves da Estação Ecológica do Seridó. Natal: Caule de Papiro, 2016.

PICHORIM M, Oliveira DV, Oliveira-Júnior TM, Câmara TPF, Nascimento EPG (2016) Pristine semi-arid areas in northeastern Brazil remain mainly on slopes of mountain ranges: a case study based on bird community of Serra de Santana. Trop Zool 29:189–204. https://doi.org/10.1080/03946975.2016.1235426

POLICARPO, I. da S. Uso de aves silvestres no Brasil: aspectos entomológicos e conservação. 2013. 67f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2013.

SAGOT-MARTIN, F.; Lima, R.D.; Pacheco, J.F.; Irusta, J.B.; Pichorim, M. & Hassett, D.M. 2020. An updated checklist of the birds of Rio Grande do Norte, Brazil, with comments on new, rare, and unconfirmed species. Bulletin of the British Ornithologists’ Club, 140(3): 218-298.
SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2001. 863p.

SILVA, M. da et al. Aves de treze áreas de caatinga no Rio Grande do Norte, Brasil,. Revista Brasileira de Ornitologia. n.20, p.312-328, 2012.

SOUZA, Francisco V. & DANTAS,J.; Aves em Equador, RN, Brasil. 11 e 12 de maio de 2019.  Disponível em: https://www.taxeus.com.br/lista/13520 Acesso em 19 de mar. de 2023.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Borboleta Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773); fauna potiguar

 

borboleta Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773) fotografada em borda de fragmento florestal no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN.

   A borboleta da espécie Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773) pertence a família Lycaenidae. Suas asas apresentam de maneira geral cor roxa com iridescência na região dorsal nos machos, enquanto as fêmeas são cinzas em cima. Porém a região ventral de ambos os sexos é verde-oliva e possui uma faixa prateada pós-mediana contra uma área marrom-acinzentada. Além disso, é notável a presença de um par  de cauda nas asas posteriores.

   Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773) pode ser encontrada por exemplo, em clareiras ou bordas de florestas subtropicais, apresentando a mesma distribuição pelas América do Norte e do Sul.

Referências

Butterflies and Moths of North America. Silver-banded Hairstreak Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773). Disponível em: https://www.butterfliesandmoths.org/species/Chlorostrymon-simaethis Acesso em 15 de jan. 2023.

Gbif.org . Chlorostrymon simaethis (Drury, 1773). Disponível em: https://www.gbif.org/pt/species/1923679 Acesso em 15 de jan. 2023.

Steven J. Cary and Michael E. Toliver. Butterflies of New Mexico: The Gossamerwings II: The Hairstreaks (Lycaenidae: Theclinae). Chlorostrymon simaethis (Drury 1773) Silver-Banded Hairstreak. 2022.  Disponível em:  https://peecnature.org/butterflies-of-new-mexico/hairstreaks-lycaenidae-theclinae/ Acesso em 15 de jan. 2023.

domingo, 9 de outubro de 2022

A borboleta do maracujá Eueides isabella (Stoll, 1781)

borboleta do maracujá(Eueides isabella) pousada sobre folhas de urtiga, em Monte Alegre,RN.
borboleta do maracujá(Eueides isabella) pousada sobre folha de urtiga, em Monte Alegre, RN, Brasil.


   Borboleta conhecida como borboleta-do-maracujá, sendo seu nome científico Eueides isabella (Stoll, 1781). Ela pertence a família Nymphalidae e a subfamília Heliconiinae.

   Essa espécie tem ampla distribuída na Região Neotropical, sendo reconhecidas doze subspécies. 
No Brasil, ela é encontrada em borda de matas, ambientes abertos e alterados, incluindo plantações e jardins.

  Sabe-se que essa espécie deposita seus ovos em folhas de maracujás(Passiflora sp.) e que as lagartas(fase larval da espécie) se alimentam de suas folhas.

Referências
Antunes, Fabiano F. et al. Morfologia externa dos estágios imaturos de heliconíneos neotropicais: I. Eueides isabella dianasa (Hübner, 1806). Revista Brasileira de Entomologia [online]. 2002, v. 46, n. 4 [Acessado 9 Outubro 2022] , pp. 601-610. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0085-56262002000400016>. Epub 16 Set 2008. ISSN 1806-9665. https://doi.org/10.1590/S0085-56262002000400016.

Barros, Wagner Ricardo Santos e Lima, Iracilda Maria de MouraDesenvolvimento pré-imaginal de Eueides isabella dianasa (Hübner) (Lepidoptera, Nymphalidae, Heliconiinae) em folhas de Passiflora edulis L. (Passifloraceae). Revista Brasileira de Entomologia [online]. 2004, v. 48, n. 1 [Acessado 9 Outubro 2022] , pp. 69-75. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0085-56262004000100013>. Epub 07 Jun 2004. ISSN 1806-9665. https://doi.org/10.1590/S0085-56262004000100013.

Bento, A. J., Santos, J. M. dos, Goulart, H. F., & Santana, A. E. G. (2019). COMPORTAMENTO DE ACASALAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DO FEROMÔNIO SEXUAL E ANTIAFRODISÍACO DE Eueides isabella (LEPIDOPTERA: NYMPHALIADE). Caderno Verde De Agroecologia E Desenvolvimento Sustentável, 9(5), b-99. Recuperado de https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/CVADS/article/view/7277.

Funet. Eueides Hübner, 1816. Disponível em: https://ftp.funet.fi/index/Tree_of_life/insecta/lepidoptera/ditrysia/papilionoidea/nymphalidae/heliconiinae/eueides/ Acesso em 09/10/2022.

domingo, 24 de julho de 2022

A rendeira(Manacus manacus gutturosus) da nossa Mata Atlântica

Rendeira(Manacus manacus), macho adulto.

   Ave conhecida popularmente como Rendeira, Dirige-motor ou Toca-birro, entretanto seu nome científico é Manacus manacus (Linnaeus, 1766). Pertence a família Pipridae, da qual também faz parte por exemplo, o Fruxu-do-cerradão(Neopelma pallescens) e o Tangará-príncipe(Chiroxiphia pareola).

   A rendeira(Manacus manacus) apresenta dimorfismo sexual, onde um indivíduo adulto macho dessa espécie apresenta plumagem branca na região ventral e preta na maior parte da região dorsal, enquanto que a fêmea é esverdeada, mas ambos possuem tarsos alaranjados e olhos escuros. Seu comprimento total médio é de 10,5cm.

   Na época reprodutiva alguns machos dessa espécie reúnem-se em palcos coletivos ou arenas e ficam pulando entre galhos verticais, executando voos rápidos para frente e para trás, batendo as asas em seus flancos, acarretando um som característico e inconfundível. Durante os voos  eles também estufam a plumagem da garganta que fica parecendo uma barba. Logo em seguida a fêmea seleciona o macho  e acasala com ele, posteriormente a fêmea sozinha constrói seu ninho geralmente sobre córregos.  

Rendeira(Manacus manacus), fêmea adulta.

   A rendeira(M. manacus) vive principalmente no sub-bosque e borda de florestas úmidas nos domínios da Mata Atlântica e Amazônia(do nível do mar até cerca de 1100m de altitude), onde alimenta-se principalmente de pequenos frutos, mas também inclui insetos em sua dieta. 

   A rendeira(M. manacus) é uma espécie nativa e residente no Brasil que depende de ambientes florestais para sobreviver, ocorrendo na Mata Atlântica brasileira do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e na Floresta amazônica brasileira. Além disso, tem ocorrência confirmada em outros países, a saber: na Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Trinidad e Tobago e Venezuela.

   Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte tenho observado essa espécie apenas na Mesorregião Leste Potiguar, sendo as últimas vezes registradas nos municípios de Espírito Santo, Canguaretama e Baía Formosa.

Referências

BirdLife International. 2016. Manacus manacus. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22701112A93813825. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22701112A93813825.en. Accessed on 09 July 2022.
FARIAS, G. B., Brito, M. T. e Pacheco, G. L.. Aves de Pernambuco e seus nomes populares. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2000. 55p.

LIMA, L. M. Aves da Mata Atlântica: riqueza, composição, status, endemismos e conservação. 2013. 513f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.

LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

SAGOT-MARTIN, F.; Lima, R.D.; Pacheco, J.F.; Irusta, J.B.; Pichorim, M. & Hassett, D.M. 2020. An updated checklist of the birds of Rio Grande do Norte, Brazil, with comments on new, rare, and unconfirmed species. Bulletin of the British Ornithologists’ Club, 140(3): 218-298.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2001. 863p.

SIGRIST, Tomas. Guia de Campo Avis Brasilis - Avifauna Brasileira 4ª edição. São Paulo. Avis Brasilis,2014.

SOUZA, Francisco V.; Aves da Mata do Pilão e entorno, Espírito Santo, RN, Brasil. 15/09/2019. Disponível em: https://www.taxeus.com.br/lista/13671 Acesso em 09 de jul. 2022.

sábado, 28 de maio de 2022

Cobra-do-Capim(Erythrolamprus poecilogyrus), serpente não peçonhenta que ocorre em todo Brasil

   Serpente conhecida popularmente como Casco-de-Burro, Cobra-Corredeira, Cobra-d’água, Cobra-de-Caçote, Cobra-de-Caçote-Amarela, Cobra-de-Capim, Cobra-de-Jardim, Cobra-de-Lixo, Cobra-do-Capim, Cobra-do-Lixo, Cobra-Lisa, Cobra-Verde, Cobra-Verde-Argentina, Cobra-Verde-do-Capim, Coral-Falsa, Falsa-Coral, Jararaca-falsa, Jaracuçu-de-papo-amarelo, Jararaquinha-do-campo, Jararaquinha, Parelheira, Peça-Nova e Rainha. Entretanto seu nome científico é único, Erythrolamprus poecilogyrus (Wied, 1825).

   A Cobra-do-Capim(Erythrolamprus poecilogyrus) é considerada uma "serpente não peçonhenta" relativamente pequena, podendo atingir 90cm de comprimento total. Ela possui variação na sua coloração de acordo com a idade e região de ocorrência. O seu corpo e cauda são relativamente finos, sua cabeça é distinta do corpo e seus olhos possuem pupila redonda(caracterizando que é mais ativa durante o dia). De fato ela é considerada uma espécie principalmente diurna, mas há registro de atividade noturna também.  

    Essa serpente também conhecida como Casco-de-Burro(Erythrolamprus poecilogyrus) é terrestre, ademais possui hábitos semi-aquáticos e se alimenta principalmente de anuros(sapos, rãs e pererecas), além disso, inclui em sua dieta répteis(lagartos, anfisbênias), invertebrados, pequenos peixes e mamíferos. Quanto a reprodução de Erythrolamprus poecilogyrus sabe-se que ela  é ovípara(põe 8 a 12 ovos). As fêmeas são maiores que os machos.

  A Cobra-do-Capim(Erythrolamprus poecilogyrus) tem  ampla distribuição na América do Sul, onde tem ocorrência confirmada na Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Brasil, Guiana e Venezuela.  No Brasil, ela está presente em todos os biomas ou domínios morfoclimáticos, sendo a mesma encontrada em diferentes ambientes como áreas abertas, florestas, campos, pastagens, matas ciliares ou secas e áreas urbanizadas, sendo geralmente observada na vegetação rasteira. 

   Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado ela nas mesorregiões Agreste Potiguar e Central Potiguar, mas essa serpente deve ter ocorrência em todas mesorregiões do RN e neste ocorre nos dois biomas locais(Caatinga e Mata Atlântica).

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Referências

FARIAS , Raimundo Erasmo Souza. Taxocenose de serpentes em ambientes aquáticos de áreas de altitude em Roraima (squamata: serpentes). 2016. 163 f.. Dissertação( Biologia de Água Doce e Pesca Interior) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus,2016 .

FREITAS, Marco Antonio de . Serpentes Brasileiras. Malha de sapo Publicações e Consultoria Ambiental / Proquigel/CIA/BA, 2003. v. 1. 160p .

GUEDES, Thaís Barreto . Serpentes da Caatinga: diversidade, história natural, biogeografia e conservação. - São José do Rio Preto : [s.n.],2012.

GUEDES T.B., Nogueira C. & Marques O.A.V. (2014) Diversity, natural history, and geographic distribution of snakes in the Caatinga, Northeastern Brazil. Zootaxa, 3863: 1–93.

GONALEZ, R. C. ; Abegg,A. D. ; Mendes, D. M. de M.; Silva, M. B. da ; Machado-Filho, P.R.; Mario-da-Rosa ,C.; Passos, D. C.; Ribeiro, M.V.; Benício, R. A. ; Oliveira, J. C. F.. LISTA DOS NOMES POPULARES DOS RÉPTEIS NO BRASIL – PRIMEIRA VERSÃO. Herpetologia Brasileira vol. 9 no . 2 - Listas de Anfibios e Répteis.

Hugo Andrade et al.. Diet review of Erythrolamprus poecilogyrus (Wied-Neuwied, 1825) (Serpentes: Dipsadidae), and first record of Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885) (Anura: Microhylidae) as a prey item in Sergipe State, northeastern Brazil. Herpetology Notes, volume 13: 1065-1068 (2020) (published online on 22 December 2020).

NOGUEIRA CC et al. (2019): Atlas of Brazilian Snakes: Verified Point-Locality Maps to Mitigate the Wallacean Shortfall in a Megadiverse Snake Fauna. South American Journal of Herpetology 14: 1−274.

RÊGO, Bruno de Paiva. Diversidade, Composição e aspectos da Ecologia de Taxocenose de Serpentes em Área Serrana de Caatinga no Nordeste do Brasil. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

domingo, 22 de novembro de 2020

Calango-liso Brasiliscincus heathi (Schmidt & Inger, 1951), o predador de cupins

   Lagarto conhecido popularmente como Calango-liso, Lagarto-brilhante, Lagarto-do-Folhiço e Briba-brilhante, entretanto seu nome científico é único, Brasiliscincus heathi (Schmidt & Inger, 1951). Pertence a família Mabuyidae. 

   O Calango-liso(Brasiliscincus heathi) alimenta-se de pequenos animais artrópodes incluindo em sua dieta principalmente insetos e apesar de ser generalista nesse aspecto, os cupins são suas principais presas, sendo aquele lagarto um predador oportunista. Há dimorfismo sexual em B. heathi, onde em termos de comprimento(rostro-cloacal) as fêmeas são maiores do que os machos, enquanto que é notável a diferença de tamanho da cabeça em ambos, sendo as cabeças dos machos maiores. Curiosamente essa espécie é vivípara, ou seja, os filhotes desenvolvem-se no interior da mãe até o momento de nascer, depois desse período já nascem completamente formados.

   De maneira geral essa espécie vive sobre o solo(Caatinga e Cerrado) e associada a gramíneas no ecossistema de restinga(Mata Atlântica). Brasiliscincus heathi é espécie endêmica(exclusiva) do Brasil, sua distribuição geográfica estende-se pelo domínio da Caatinga incluindo Brejos de altitude e no domínio da Mata Atlântica nordestina, mas também foi confirmado em áreas de cerrado, especialmente em transição com a caatinga. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie nas mesorregiões Leste Potiguar, Agreste Potiguar e Central Potiguar. Ela atualmente não está ameaçada de extinção em nível global(IUCN) e também em nível nacional(ICMBio,2018).

Referências

Colli, G.R., Fenker, J., Tedeschi, L., Bataus, Y.S.L., Uhlig, V.M., Silveira, A.L., da Rocha, C., Nogueira, C. de C., Werneck, F., de Moura, G.J.B., Winck, G., Kiefer, M., de Freitas, M.A., Ribeiro Junior, M.A., Hoogmoed, M.S., Tinôco, M.S.T., Valadão, R., Cardoso Vieira, R., Perez Maciel, R., Gomes Faria, R., Recoder, R., Ávila, R., Torquato da Silva, S., de Barcelos Ribeiro, S. & Avila-Pires, T.C.S. 2019. Brasiliscincus heathi. The IUCN Red List of Threatened Species 2019: e.T47102646A47102653. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2019-1.RLTS.T47102646A47102653.pt. Downloaded on 23 November 2020.  

FERREIRA ,A. S. ; Silva, A. de O., Conceição, B. M. da & Faria, R.G. The diet of six species of lizards in an area of Caatinga, Brazil. Herpetological Journal Volume 27 (April 2017), 151–160.

FREIRE, E. SUGLIANO, G. KOLODIUK M. et al. 2009. Répteis squamata das caatingas do Seridó do Rio Grande do Norte e do Cariri da Paraíba: síntese do conhecimento atual e perspectivas. In: Recursos Naturais das Caatingas: Uma Visão Multidisciplinar, E. M. X. Freire, Ed., pp. 51–84, Editora da UFRN-EDUFRN, Natal, Brazil, 1st edition.

GONALEZ, R. C. ; Abegg,A. D. ; Mendes, D. M. de M.; Silva, M. B. da ; Machado-Filho, P.R.; Mario-da-Rosa ,C.;  Passos, D. C.; Ribeiro, M.V.; Benício, R. A. ; Oliveira, J. C. F.. LISTA DOS NOMES POPULARES DOS RÉPTEIS NO BRASIL – PRIMEIRA VERSÃO. Herpetologia Brasileira vol. 9 no . 2 - Listas de Anfibios e Répteis.

ICMBio -Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 4162 p.  

SILVA, M. C. da. Autoecologia do lagarto neotropical brasiliscincus Heathi Schmidt & Inger, 1951 (SQUAMATA: MABUYIDAE) em um fragmento de Floresta Atlântica no Nordeste do Brasil. 2018. 90f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2018.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Sapo-d’água(Pipa carvalhoi), uma espécie adaptada a viver no meio aquático

Nomenclatura e classificação científica de Pipa carvalhoi

   Anfíbio anuro da família  Pipidae, na qual ocorrem 4 espécies no Brasil, onde uma delas ocorre no Rio Grande do Norte,  Pipa carvalhoi (Miranda-Ribeiro, 1937). Conhecido por Sapo-d’água ou Rã-d’água, tendo recebido esses nomes vulgares justamente por ser uma espécie de hábito subaquática. 

Aspectos bio-ecológicos de Pipa carvalhoi

   Espécies da família Pipidae vivem em corpos de água permanentes ou temporários, conservados ou  antropizados, riachos e remanso de córregos, em meio a matéria orgânica no substrato. Pipa carvalhoi possui adaptações  que lhe permite viver nesses ambientes aquáticos, como por exemplos, não possui língua, alimentando-se por sucção e reteve a linha lateral(Silva et al. 2010; Santana et al. 2014). Durante sua reprodução na água, a fertilização e incubação dos ovos ocorre na pele do dorso(nas costas) das fêmeas, onde os embriões se desenvolvem até emergirem(Fernandes,2011). Dessa forma, raramente a espécie usa o ambiente terrestre. 

Distribuição geográfica de Pipa carvalhoi 

   Sapo-d’água(Pipa carvalhoi) é endêmica(exclusiva) do leste do Brasil, sendo confirmada sua presença nos biomas da Mata Atlântica e Caatinga, com dois agrupamentos de populações ocorrendo um do Ceará à Sergipe e o outro no Sul da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais (Silva et al. 2010; Santana et al. 2014). No Rio Grande do Norte a espécie foi documentada pela primeira vez no município de Santa Maria, mesorregião Agreste Potiguar(Jorge, Freire e Kokubum,2015). 

   Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado a espécie na mesorregião Central Potiguar, especificamente no Seridó e acredito que a espécie deve ocorrer também no Alto Oeste Potiguar.  P. carvalhoi não está ameaçado de extinção em nível global(IUCN,2010) e nacional atualmente, de acordo com a última lista disponível no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção(2018). No entanto, em muitos locais, percebe-se que sofre ameaça devido a poluição da água onde vive, por exemplo pelos efluentes agrícolas.

Referências

Cristina Arzabe, Gabriel Skuk, Manfred Beier. 2010. Pipa carvalhoi . A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN 2010: e.T58160A11728418. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2010-2.RLTS.T58160A11728418.en . Transferido em 12 de outubro de 2020 .

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sexta-feira, 12 de junho de 2020

Canário-do-mato, ave de canto melodioso e bem característico

Nomenclatura e classificação científica


   Ave conhecida popularmente como Canário-do-mato(NVT), Canário-do-chão, Canário-de-chapada, Pula-pula-amarelo e Agulha-de-garganta-branca, entretanto seu nome científico é único, Myiothlypis flaveola Baird, 1865 [Sinônimo: Basileuterus flaveolus]. Pertence a família Parulidae, da qual também fazem parte por exemplo, a Mariquita(Setophaga pitiayumi) e o Pula-pula(Basileuterus culicivorus). Existem duas subespécies reconhecidas atualmente, Myiothlypis flaveola pallidirostris (Oren, 1985) e Myiothlypis flaveola flaveola (S. F. Baird, 1865), sendo esta a que ocorre no Brasil.

Características do Canário-do-mato(Myiothlypis flaveola)


  O Canário-do-mato(Myiothlypis flaveola) quando na fase adulta alcança cerca de 14 cm de comprimento total e peso médio de 16 gramas. De maneira geral sua plumagem apresenta coloração amarela, mas o dorso, asas e cauda possui cor verde-oliváceo; enquanto que o bico é preto com mandíbula mais clara e os tarsos são amarelados e compridos. Além disso, possui uma listra escura que passa pelos olhos que contrasta com a listra superciliar amarela.

Aspectos biológicos do Canário-do-mato(Myiothlypis flaveola)


   Deslocando-se ativamente sobre a vegetação ou diretamente no solo da floresta, essa espécie alimenta-se de pequenos animais artrópodes como alguns insetos, tendo portanto uma dieta essencialmente insetívora. M. flaveola canta praticamente durante o ano inteiro no interior das matas, sendo seu canto bem reconhecível por ser bem melodioso,rítmico e intenso, destacando-se onde é ouvido. É considerada uma espécie bastante territorialista e se reproduz geralmente de julho a dezembro.  Para ouvir o canto do Canário-do-mato(Myiothlypis flaveola) clica no link e aperta play https://www.xeno-canto.org/567786

Habitat do Canário-do-mato(Myiothlypis flaveola)


   O Canário-do-mato(M. flaveola) é espécie residente e depende da existência de ambientes florestais para viver, habitando no estrato inferior geralmente sobre o solo ou sobre a vegetação próxima a ele, em clareiras arbustivas de matas mais secas, restingas, cerradões, caatinga, matas ribeirinhas e ecossistemas semelhantes numa altitude de até 1000 metros. 

Distribuição geográfica do Canário-do-mato(Myiothlypis flaveola)


  M. flaveola apresenta considerável distribuição geográfica na América do Sul, ocorrendo na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana, Paraguai e Venezuela. Em território brasileiro sua distribuição é ampla, ocorrendo em todas as regiões do país. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie nas mesorregiões Leste Potiguar, Agreste Potiguar e Oeste Potiguar. Ela atualmente não está ameaçada de extinção em nível global e também em nível nacional, mas como toda ave dependente da existência de florestas, o Canário-do-mato(M. flaveola) sofre ameaça com os desmatamentos nas regiões onde ocorre.

Referências 

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