Ave conhecida popularmente como Saracura-três-potes, Três-potes, Três-coco, Sericóia, Chiricote, entretanto seu nome científico é único, Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776).
A Saracura-três-potes (Aramides cajaneus) é uma ave que pertence à família Rallidae, este é um grupo cosmopolita da qual fazem parte as aves conhecidas como saracura, sanãs, galinhas-d'água, frangos-d'água e carquejas (Sick,2001). Os ralídeos de maneira geral são aves inquietas o que pode ser percebido pela movimentação frequente da cauda curta, mas não são facilmente observáveis devido a sua camuflagem se revelando mais através das suas vocalizações (Sick,2001). Essa espécie atinge cerca de 40cm de comprimento e peso médio de 412 gramas, possui cabeça e pescoço cinzas, bico com porção basal amarelada e a porção distal verde, olhos avermelhados, região dorsal e asas marrom-oliváceo e ventral castanho-ferrugíneo(Sick,2001; Lima,2006; Favretto,2021).
Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776) é a saracura mais conhecida no Brasil devido ao seu grande porte e seu canto grave e alto efetuado geralmente em dueto principalmente nas primeiras horas do dia e após o pôr-do-sol. Vive em regiões pantanosas em meio a vegetação, nas matas as margens de corpos de água como lagos e rios, podendo viver em matas mais úmidas e até distante de porções de água (Antas,2005; Sick,2001). É uma espécie onívora, pois se alimenta de animais invertebrados e também de pequenos vertebrados além de grãos (Antas,2005; Sick,2001). Como tem facilidade em escalar árvores, ela pode predar ovos e até filhotes de outras aves(Sigrist,2009). Espécie monogâmica que pode se reproduzir durante qualquer período do ano, na qual ela constrói seu ninho com folhas e gravetos em forma de tigela sobre arbusto ou no interior da vegetação. Nesse ninho colocam até 7 ovos de cor branca com pintas marrons, os quais são incubados pelos pais por cerca de 20 dias, nascendo os filhotes com plumagem na cor negra(Lima,2006; Favretto,2021).
Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776) é uma espécie politípica que apresenta nove subespécies reconhecidas e apresenta ampla distribuição nas Américas, ocorrendo desde o México ao norte da Argentina e Uruguai (Lima,2013). Ela é residente no Brasil e ocorre em todos os estados do país, habitando nas regiões alagadas em meio a vegetação e nas matas principalmente as margens dos corpos de água de todos os biomas brasileiros (Antas,2005; Sick,2001; Lima,2013). Ela não está ameaçada de extinção em nível nacional de acordo como o Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, onde a mesma foi classificada na categoria “LC”-Pouco Preocupante (ICMBio,2018). No Rio Grande do Norte a espécie tem registros confirmados tanto na Mata Atlântica como também na Caatinga e região de transição entre os biomas.
Referências
Antas, P. T. Z. (2005) Aves do Pantanal. RPPN: Sesc.Favretto, M. A. Aves do Brasil, vol I: Rheiformes a Psittaciformes. Florianópolis. 2021. 596 p. : il.
ICMBio -Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2018. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: ICMBio. 4162 p.
Lima, L. M. Aves da Mata Atlântica: riqueza, composição, status, endemismos e conservação. 2013. 513f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.
Lima, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.
Piacentini, V. Q. et al. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, V. 23, N. 2, p. 91–298, 2015.
Sick, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 862p, 2001.
Sigrist, T. Avifauna Brasileira: The avis brasilis field guide to the birds of Brazil, 1ª edição, São Paulo: Editora Avisbrasilis, 2009.
Souza, F.V. Aves observadas em Baía Formosa(Mata Estrela, Fazenda Estrela e Mata da Bela), RN, Brasil. 10/02/2019. Disponível em: https://www.taxeus.com.br/lista/12850 Acesso em: 18 de fev. 2024.
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