Planta conhecida popularmente como Xiquexique,Sodoro e Alastrado mas que cientificamente foi denominada como Pilosocereus gounellei. Essa espécie
pertence a família Cactaceae, a mesma
a qual fazem parte o mandacaru,facheiro e coroa-de-frade. Cacto que atinge até
3,75 m de altura e o diâmetro da copa variando de 1,45 a 3,27m,possui caule
colunar e os ramos laterais com dez arestas,com aréolas acizentadas, revestidas
por muitos espinhos fortes que podem atingir de 16 cm cada. Os ramos jovens e a
base das flores trazem tufos de pelos brancos junto aos espinhos. Suas flores
são brancas,tubulosas com comprimento variando de 8cm a 17cm, abrindo-se principalmente
a noite e são visitadas por morcegos e abelhas os seus polinizadores. Os frutos
são bagas arredondadas com cerca de 5 cm cada, achatadas, de cor vermelho
escuro a rosa - pálido, que se abrem presas à planta, expondo a polpa de um
belíssimo tom de rosa onde se alojam centenas de minúsculas sementes pretas. Os
frutos são bastante consumidos por insetos, como marimbondos, e por aves.
Segundo Gomes (1977) esta cactácea desenvolve-se nas áreas mais secas da região
semi-árida do Nordeste, em solos rasos, encima de rochas e se multiplica
regularmente, cobrindo extensas áreas da caatinga. Espécie endêmica das
Caatingas,sendo raro nos agrestes com distribuição principalmente nos estados
do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Durante as secas prolongadas assim como
o mandacaru o Xiquexique se torna o único recurso alimentar para os animais
ruminantes, quando é oferecido após a retirada dos espinhos. Sendo por isso
considerado uma espécie importante como reserva estratégica para os sistemas pecuários do
semi-árido. A parte aérea da planta é cortada pelos agricultores e queimada
para eliminação dos espinhos, sendo ofertada posteriormente para os animais. Em
muitas comunidades os agricultores fazem a queima das plantas em pé e os animais
consomem diretamente no campo. Esta prática têm causado sérios danos ao bioma
caatinga, visto que, a plantas queimadas por inteiro, morrem e a cada época
seca, o xiquexique corre o risco de extinção.
O sertanejo durante as grandes secas em
situações extremas se alimenta de farinha extraída dos cladódios, das hastes
mais novas assada, e se hidrata(mastigando a parte interna) com estas
naturalmente, combatendo a sede. Na medicina popular o Xiquexique é empregado
no tratamento de inflamações e hidropsia. Curiosamente várias comunidades no
interior da região Nordeste do Brasil tem o nome Xiquexique, inclusive existe
um município no estado da Bahia com esse nome.
Referências
Alan de Araújo Roque, Maria
Iracema Bezerra Loiola& Jomar Gomes Jardim. PLANTS of the CAATINGA of Seridó,RPPN Stoessel de Britto, Seridó
Region, Rio Grande do Norte, BRASIL.
CAMACHO, Ramiro Gustavo Valera. O Conhecimento da Caatinga potiguar e o
desafio do desenvolvimento sustentável. Ciência Sempre Revista da FAPERN.
Natal, n.12, p.53, ano 5,abr./ jun., 2009.
Castro, Antonio Sérgio &
Arnóbio Cavalcante. Flores da caatinga.
Campina Grande: Instituto Nacional do Semiárido, 2010. Pg: 108.
Cavalcanti,Nilton de Brito &
Resende,Geraldo Milanez. Utilização do
xiquexique (Pilocereus gounellei (A. Weber ex K.Schum.) Bly. ex Rowl) na alimentação dos animais.
Det.: J. Jardim, set.2013
Renato Braga. Plantas do nordeste, especialmente do Ceará.
Fortaleza: coleção mossoroense-volume XLII, 1996. Pg: 481-482.