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domingo, 25 de janeiro de 2015

Marimbondo Caboclo Polistes canadensis (Linnaeus, 1758); Fauna do RN

   Vespa social conhecida popularmente como Marimbondo Caboclo,Marimbondo vermelho ou Vespa Cabocla, entretanto seu nome científico é Polistes canadensis (Linnaeus, 1758). Essa espécie parece com outra do mesmo gênero, Polistes lanio lanio que também é vermelha,mas apresenta marcas amarelas no 1° tergito gastral,enquanto que P. canadensis é toda vermelha,maior e mais escura. Pertence a subfamília Polistinae, da qual também fazem parte por exemplo, o marimbondo fura-olho(Polybia occidentalis), Marimbondo-tatu(Synoeca surinama), Marimbondo-chapéu(Apoica sp.) e Enxu(Brachygastra lecheguana).
   Vespas do gênero Polistes (Latreille, 1802) geralmente constroem ninhos em árvores ou arbustos, entretanto algumas espécies como P. canadensis (Linnaeus, 1758) o fazem em locais abrigados como cavidades ou ainda em edificações humanas, onde ficam expostos, o que permite a observação de todos os indivíduos do grupo. "Utilizam fibra vegetal na construção e o ninho não possui o invólucro para proteção. O pedicelo é curto e resinoso, podendo ser de posição central ou lateral, sendo revestido de substâncias repelentes de formigas. Os representantes deste gênero constroem ninhos pequenos (poucas dezenas de células de cria), com formato variado (de uma coluna de células cria) (Wenzel 1998; Carpenter & Marques 2001). Jeanne (1979) sugeriu que um dos motivos que P. canadensis constrói favos múltiplos, seria pelo custo do não reaproveitamento da célula para uma segunda ou terceira geração e que estaria intimamente ligada à adaptação aos parasitóides encontrados por ele neste estudo (Trigonalidae, Chalcididae e Icheneumonidae). Como as células do favo ficam vazias na emergência da primeira geração, o número de mecônio cresce, tornando o favo mais exposto, aumentando assim o risco de infestação por parasitóides. Uma forte correlação aconteceu entre a presença de parasitóides em favos de P. canadensis e insucesso da colônia na reutilização dos favos, sugerindo então que a dominante reutiliza as células normalmente em todos os favos, enquanto ela estiver livre da infestação de parasitóides. Uma vez detectado a presença destes, a fêmea não reutiliza mais estas células, usando somente as novas. Se o favo foi parcialmente reutilizado, provavelmente a dominante percebeu a presença do parasitóide".
    Apresenta sobreposição de gerações, cuidados com a prole, divisão reprodutiva de trabalho, e trofalaxia entre adultos. O fluxo na atividade forrageadora varia de acordo com a idade da colônia, a idade das operárias, com a estação do ano ou com o número de indivíduos da prole ou ainda de todos os fatores em conjunto(Giannotti,Guimarães,Junior, & Torres,2010). 
   De maneira geral as vespas adultas alimentam-se de líquido do corpo de animais que elas matam, exudatos de insetos, sucos de frutos maduros(frutos de cactos,mangas,etc), outras substâncias açucaradas, conteúdos celulares, água e néctar, enquanto que as larvas são alimentadas no início de com os mesmos alimentos do adulto, mas posteriormente na maior parte do tempo da fase larval elas comem pequenos insetos macerados trazidos pelos adultos. Vespas do gênero Polistes são excelentes predadores de pragas agrícolas, principalmente lagartas de Lepidoptera (SOUZA et al., 2013) sendo sugerida a utilização dessas no controle biológico de pragas. 
   Esse Inseto faz parte do grande grupo "Hymenoptera" junto com as abelhas e formigas. É uma espécie peçonhenta que se ameaçada em seu território, defende-se se deslocando em direção ao intruso e picando-o, inoculando a peçonha. A ferroada é bem dolorosa, e dependendo da quantidade de picadas e da sensibilidade do indivíduo que sofreu o acidente deve-se procurar atendimento médico, principalmente se a pessoa manifestar "reações alérgicas", sendo nesse caso o quadro clínico geralmente detectado através da presença de edema de glote e broncospasmo acompanhado de choque anafilático, mas na dúvida procure atendimento médico.  Entretanto tenha consciência de que essa vespa assim como outras espécies desempenham um papel na manutenção do "equilíbrio da natureza", atuando principalmente como polinizadoras de plantas como Carnaúba,Coco,Cajueiro e muitas outras, além de serem predadoras de algumas espécies de lagartas que são consideradas pragas na agricultura, e se alimentarem de outros insetos, como também serve de comida para outros animais no extenso ciclo de vida e morte das teias alimentares. 
   Polistes canadensis (Linnaeus, 1758) possui ampla distribuição geográfica só não ocorrendo em regiões frias do mundo. É uma espécie comum na região Nordeste do Brasil, tendo registros oficiais de sua ocorrência nos seguintes estado brasileiros: Ceará,Rio Grande do Norte,Paraíba,Pernambuco e Bahia.
   Durante minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte tenho observado o 'Marimbondo Caboclo( Polistes canadensis) em praticamente todo o território potiguar, sendo provavelmente a espécie de vespa mais comum do RN. Tenho visto essa espécie com frequência em construções humanas abandonadas,em sítios, em mangueiras e cajueiros, em grutas e cavernas, em bordas de matas principalmente se alimentando de néctar, participando assim do processo de reprodução de muitas espécies de plantas através da polinização.

Referências


Acidentes por artrópodes peçonhentos. Disponível em: http://www.cevap.org.br/Cont_Default.aspx?cont=EMEA  Acesso em: 25 de janeiro de 2015.


Alexandre Somavilla, Marcio L. de Oliveira & Orlando T. Silveira. Guia de identificação dos ninhos de vespas sociais (Hymenoptera,Vespidae, Polistinae) na Reserva Ducke, Manaus, Amazonas, Brasil.

Gisele Bortoluzzi, Viviana de O. Torres, Silvana S. da Silva, William F. Antonialli Junior e Edilberto Giannotti. PRODUTIVIDADE DAS COLÔNIAS DE Polistes canadensis canadensis L, 1758 (HYMENOPTERA, VESPIDAE).


James M Carpenter e Oton Meira Marques. Contribuição ao estudo dos Vespídeos do Brasil(Insecta, Hymnoptera,Vespoidea, Vespidae). 2001.
Viviana de O. TorresI; William F. Antonialli-JuniorII; Edilberto Giannotti. Divisão de trabalho em colônias da vespa social neotropical Polistes canadensis canadensis Linnaeus (Hymenoptera, Vespidae) Rev. Bras. entomol. vol.53 no.4 São Paulo Dec. 2009.

Organizadores Freddy Bravo e Adolfo Calor. Artrópodes do Semiárido: biodiversidade e conservação. Feira de Santana: Printmídia, 2014.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Aranha papa mosca Menemerus bivittatus (Dufour, 1831); Fauna do RN

   Aranha conhecida popularmente como Aranha papa-mosca,Aranha saltadora,Saltadora cinzenta-de-parede, entretanto seu nome científico é Menemerus bivittatus (Dufour, 1831). Essa espécie pertence a família Salticidae, na qual fazem parte a maioria das aranhas registradas até hoje, tendo sido descrita até agora mais de 5.000 espécies. Aranhas desse táxon são caçadoras ativas(cursórias) principalmente durante o dia(diurnas),apresentam corpo robusto,são peludas,saltadoras que quase nunca tecem teia, por isso dependem muito da visão, o que fez com que desenvolvessem ao longo do tempo grandes olhos frontais. Algumas espécies dessa família são comuns em residências, podendo serem observadas nas paredes durante o dia, principalmente caçando moscas, daí derivou seu nome popular papa-moscas, mais vamos ver que nem só de moscas é feito o cardápio dessas aranhas.
   A Aranha papa mosca(Menemerus bivittatus) tem o corpo achatado dorsoventralmente,coberta por pelos densos predominantemente branco-acinzentado, ocorrendo também pelos castanhos escuros perto dos olhos. Existe dimorfismo sexual, tendo a fêmea o dorso acinzentado, apresentando uma faixa(listra) branca fina lateralmente no cefalotórax e uma faixa contínua preta mais espessa que começa próximo aos olhos no cefalotórax e estende-se de cada lado até o final do abdômen onde se unem; enquanto que o macho apresenta uma faixa dorsal longitudinal enegrecida com uma listra acastanhado branco em ambos os lados do abdômen; as fêmeas são maiores, indivíduos adultos alcançam de 8 a 10 mm de comprimento, enquanto que machos adultos podem chegar a 9 mm de comprimento. As Aranhas imaturas são muito semelhantes às fêmeas adultas.
   Os machos da espécie possuir um aparelho estridulatório que consiste em várias cerdas longas no fémur palpal e uma série de nervuras horizontais no lado exterior das quelíceras. O som é gerado quando a aranha esfrega estas de cima para baixo contra os fêmures palpares. Acredita-se que esse comportamento faça parte do ritual de corte realizado pelo macho. 
   O período reprodutivo ocorre do outono a primavera. A fêmea constrói um saco de ovos branco em uma fenda ou em outro local escondido no qual ela deposita de 25 a a 40 ovos. Após três semanas os filhotes nascidos começam a se dispersar.
   Alimenta-se principalmente de pequenas moscas e mosquitos encontradas no interior das casas, contribuindo para o controle da população de moscas e mosquitos encontradas nas habitações humanas. Ela não constroem uma teia, mas em vez disso, espreita e persegue a presa até ela estar próximo o suficiente, saltando em seguida sobre a vítima.
   Ela têm alta acuidade visual e seus grandes olhos são capazes de focar objetos e detectar cores diferentes. Usa sua capacidade altamente coordenada saltando para capturar suas presas e para se deslocar de um lugar para outro. É capaz de capturar insetos, tais como abelhas e moscas grandes que são pelo menos duas vezes o seu próprio tamanho.
   Menemerus bivittatus apresenta distribuição cosmopolita sendo comum na maioria das regiões tropicais. É encontrada na Flórida, Texas e Califórnia e sul do Paraguai e no Brasil.
Os registros fotográficos desse post foram feitos no portão de uma residência em Parnamirim. Elas não capturam apenas moscas, como sugere seu principal nome popular(Papa-moscas). Já observei ela matando uma abelha e até outra aranha. Também já vi ela escapando por pouco de um predador, era uma briba que ainda chegou a persegui-la na parede, mas ela rapidamente num salto escapou. É uma espécie de aranha da família Salticidae bastante comum no interior das casas.

Referências

Aranha saltadora Menemerus bivittatus. Disponível em: http://entnemdept.ufl.edu/creatures/misc/jumping_spiders.htm Acesso em 18 de janeiro de 2015.

Terra M. 1972. Mecanismos de orientação e reconhecimento de padrões por aranhas saltadoras (Salticidae). Páginas 231-247 no processamento da informação no sistema visual de artrópodes, R. Wehner, ed. Berlim, Springer-Verlag.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Martim-pescador-grande Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766); Fauna do RN

   Ave conhecida popularmente como Martim-pescador-grande, Ariramba-grande,Sacatrapa,Matraca, Caracaxá, Flexa-peixe,Pica-peixe e Alcione. Entretanto seu nome científico é Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766). Pertence a família Alcedinidae, que é representa no Brasil pelas aves conhecidas como principalmente como Martins-pescadores.
   No Brasil é a maior espécie dessa família, podendo os indivíduos adultos medirem cerca de 42 centímetros de comprimento, sendo a asa 190 mm,a cauda 105 mm,o bico 77 mm e o tarso 19 mm e pesarem aproximadamente 300g cada. Possui um bico grande e, muitas vezes, com matizes encarnadas,predominantemente preto; garganta e pescoço brancos. Existe dimorfismo sexual, apresentando o macho o peito e o ventre castanho, enquanto a fêmea possui uma faixa cinza no peito,uma faixa branca abaixo do peito e o ventre ferrugíneo, incluindo o crisso. A fêmea tem as coberteiras inferiores das asas ferrugineas.
  Alimenta-se principalmente de peixes que são observados geralmente a partir de um poleiro junto ao corpo de água limpa ou paira no ar e rapidamente localizando o peixe mergulha para capturá-lo. Após a captura empoleira-se com o peixe entre as maxilas e mata-o batendo contra uma superfície dura como por exemplo a madeira do galho. Quando as águas ficam turvas(períodos chuvosos) ou são escuras ele tem dificuldade em pescar,então amplia seu cardápio incluindo insetos, alguns anfíbios,répteis e até caranguejos em sua dieta.
   A estação reprodutiva de Megaceryle torquata coincide com o início do período chuvoso que se estende de dezembro a julho. Na época do acasalamento, o macho arrepia o topete e balança a cauda, na tentativa de chamar a atenção da fêmea e após a cópula tudo acaba em carícias e leves bicadas. Formam casais durante o período de reprodução. O casal de reveza na construção do ninho que é feito em barrancos ou rochas, sendo elaborados longas galerias tortuosas que variam em média de um a dois metros de comprimento. Ali a fêmea põe de dois a seis ovos arredondados brancos que são incubados tanto por ela quanto pelo macho que se revezam e após 22 dias em média nascem os filhotes. Nesse momento estão nus e cegos, mas com cerca de 35 dias de vida  deixam o ninho, tornando-se autônomos. Ás vezes formam "colônias reprodutivas" de 4 a 5 casais ou mais pouco associados entre si.
   Vive próximo a rios,córregos,lagos,lagunas,açudes,manguezais e na orla marítima. Não estar adaptado a lagos de represas, pois geralmente esse ambiente não possui árvores nas margens que serve de poleiros para ela, normalmente não apresenta barrancos onde esta faz seu ninho e as águas represadas frequentemente são turvas dificultando a pescaria do Martim-pescador. Sua vocalização comum é “kwát”,“tchat-jat-jat” sendo esse grito emitido a intervalos regulares e ouvido a grandes distâncias. Faz voos longos fazendo parada em em pequenos ou grandes corpos de água, podendo ir de uma ilha á outra, podendo também sr visto sobrevoando cidades e serras e há registros de migrações locais na Amazônia.
   Ocorre em todo o Brasil, também no sul dos Estados Unidos, no México e em toda a América do Sul.
   Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte observei essa ave em todas as regiões do RN, sendo observada sempre as margens de rios,lagoas e de pequenas poças de água. Os últimos municípios potiguares em que visitei e vi-a foram: Felipe Guerra(em 2012), Campo Redondo(em 2014),Monte Alegre(em 2014),Nísia Floresta(em 2014) e em Luís Gomes(em 2014).
 Segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN 3.1) seu estado de conservação é pouco preocupante.
   Lembre-se: As aves e todos os outros animais devem viver livremente em seu habitat. Não compre aves silvestres sem autorização do IBAMA, pois quando você compra um animal silvestre sem autorização de um órgão responsável, você estar incentivando ao tráfico de animais silvestres.

Referências

Freire, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.

F. Sagot-Martin, GOP. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

Martim-pescador-grande Megaceryle torquata Disponível em: http://www.eln.gov.br/opencms/opencms/publicacoes/Pass500/BIRDS/1eye.htm Acesso em 28 de outubro de 2014.

Martim-pescador-grande Megaceryle torquata Disponível em: http://redeglobo.globo.com/sp/eptv/terra-da-gente/platb/fauna/aves/martim-pescador-grandemegaceryle-torquata/ Acesso em 28 de outubro de 2014.

Naiff,Rafael Homobono & Aguiar,Kurazo M. Okada&Araújo,Andréa Soares&Campos,Carlos E. Costa . Biologia reprodutiva de Megaceryle torquata (AVES, ALCEDINIDAE) em fragmento florestal do Campus Marco Zero da Universidade Federal do Amapá. Biota Amazônia (ISSN 2179-5746) Macapá, v. 1, n. 2, p. 1-7, 2011.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997. 863p.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Trevo Oxalis divaricata Mart. ex Zucc.; Flora do RN

   Planta conhecida popularmente como Trevo, Azedinha ou Azedinho, entretanto seu nome científico é único,Oxalis divaricata Mart. ex Zucc.. Ela pertence a família Oxalidaceae, tendo todos os representantes desse táxon ácido oxálico em suas folhas,flores e frutos, o que lhes confere sabor azedo.
   Essa espécie perene é de porte herbáceo ou subarbustivo(raro), ela apresenta folhas trifoliadas, daí um dos seus nomes populares ser "trevo", frutos capsulares de sabor azedo assim como também são suas folhas, de onde derivou os outros nomes populares "Azedinha" ou "Azedinho"; suas flores com pétalas amarelas de grande beleza tornaram-a uma boa opção para uso ornamental, além disso por ser uma espécie visitada principalmente por abelhas nativas, torna-se uma espécie importante para contribuir com a conservação dessas, podendo ser incentivado sua utilização em jardins especialmente em regiões onde ela ocorra naturalmente. Floresce no período da estação chuvosa. Propaga-se por meio de sementes.
   Planta tipicamente brasileira, apresenta ampla distribuição no Brasil, ocorrendo nas regiões Nordeste,Centro-Oeste,Sudeste e Sul, desenvolvendo nos Biomas da Mata Atlântica,Cerrado,Amazônia e Caatinga,ocorrendo principalmente em locais arenosos e sombreados desse. É encontrada em ambientes antropizados como lavouras,pastagens e áreas de fruticultura irrigada. 

Algumas informações técnicas da espécie: Oxalis divaricata Mart. ex Zucc.
"Apresenta caule subterrâneo do tipo rizoma, que dá origem a numerosos ramos aéreos, de superfície cilíndrica, carnosos, verdes e revestidos por pilosidade branca. Folhas alternadas, opostas ou verticiladas na mesma planta, estando constituídas por pecíolo longo e tomentoso. Limbo composto por três folíolos peciolulados. Folíolo superior em formato oblongo ou obovalado, com o ápice arredondado, podendo ser emarginado, e folíolos inferiores em igual formato, porém, pouco menores. Inflorescência axilar e terminal do tipo dicásio, com longo eixo também tomentoso. Flores pedunculadas, cálice com 5 sépalas livres, triangulares, externamente pilosas, verdes com bordos vináceos ou todas vináceas, corola amarela com 5 pétalas soldadas, formando um tubo largo e reto, com estrias avermelhadas internamente. Androceu constituído por estames de tamanhos diferentes e gineceu pluricarpelar com estigmas lobados. Fruto seco do tipo capsular."

   O registro fotográfico que ilustra esse texto foi feito durante uma trilha na Serra do Cuó, em Campo Grande no estado do Rio Grande do Norte, em 29 de junho de 2013. Nessa área a vegetação típica é a Caatinga, o espécime da foto foi registrada em local arenoso e sombreado no alto da Serra.

Referências

Det.: J. Jardim, set.2013

Camila Maia-Silva...[et al.]. Guia de plantas: visitadas por abelhas na Caatinga. 1. ed. Fortaleza, CE : Editora Fundação Brasil Cidadão, 2012.

Castro, Antonio Sérgio& Arnóbio Cavalcante. Flores da caatinga = Caatinga flowers . Campina Grande: Instituto Nacional do Semiárido, 2010.

Moreira, Henrique José da Costa. Manual de identificação de plantas infestantes: hortifrúti. Bragança – São Paulo: FMC Agricultural Products, 2011.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Abelha Jandaíra Melipona subnitida Ducke (1910); Fauna do RN


   Abelha indígena sem ferrão(meliponíneo) conhecida popularmente como Jandaíra, entretanto seu nome científico é Melipona subnitida Ducke (1910). Inseto social nativo da região Nordeste do Brasil, a Jandaíra(Melipona subnitida) pertence a superfamília Apoidea, família Apidae, subfamília Meliponinae e a tribo Meliponini, de onde deriva o nome "meliponíneos", que são as abelhas  caracterizadas por apresentarem um ferrão atrofiado que não serve para defesa; daí surgiu a expressão "abelha sem ferrão" (Keer et al., 1996).
   De maneira geral as abelhas do gênero Melipona, como a Jandaíra apresentam alto nível de organização social  com sobreposição de castas, tendo cada grupo de abelhas responsabilidade por um tipo de atividade dentro da colmeia,sendo a rainha responsável pela postura dos ovos e pela organização social do ninho,os zangões têm como função principal realizar a fecundação da rainha virgem, as abelhas operárias são encarregadas pela maioria das atividades, o que depende, dentre outros fatores, da idade e das necessidades da colmeia(Nogueira-Neto, 1997;Villas-Bôas, 2012). A determinação da casta é genético-alimentar (Kerr et al., 1950; Kerr et al., 1966).
   Suas células de cria são de tamanhos iguais, ou seja, as células da rainha, machos e fêmeas são indiferenciadas. "Seus ninhos são dispostos em placas concêntricas empilhadas na vertical, compostas de favos circulares constituídas por cerume (mistura de cera com resina vegetal), organizados basicamente em células de cria e potes de alimentos. Os potes de alimento são, em sua maioria, construídos na forma ovoide, armazenando separadamente mel e pólen. A entrada é quase sempre no centro, construída basicamente de geoprópolis (argila e resinas vegetais), barro ou cera, apresentando-se de diversas formas conforme a espécie de abelha(Nogueira-Neto,1997; Villas-Bôas, 2012)." Elas constroem seus ninhos geralmente no interior de cavidades(ocos) de árvores nativas típicas do Bioma Caatinga, utilizando principalmente a Imburana(Commiphora leptophloeos) e a  Catingueira(Caesalpinia bracteosa)  para moradia.
   "O ciclo de vida das Melipona gira em torno de seis dias para ovo, 12 dias para larva e 24 dias para pupa, totalizando 42 dias até a emergência do adulto (Bruening, 2006). As abelha operárias e os zangões alcançam uma expectativa de vida por volta de 90 dias, e as rainhas, entre quatro e cinco anos(Bruening, 2006). Como insetos da ordem Hymenoptera, o sistema de determinação do sexo nos meliponíneos é haplodiploide, sendo que a maior parte das espécies apresenta fêmeas com células diploide, com 2n = 18 (oriundas de ovos fecundados), e os machos apresentam células haploide, com n = 9 (oriundos de ovos não fecundados).(Tavares et al., 2010; Francini et al., 2011; Tavares et al., 2012)."
   Como essas abelhas dependem diretamente das árvores para viver são sensíveis a alterações no meio ambiente, como a destruição da vegetação, o uso de agrotóxicos e o extrativismo dos meleiros, tornando-as ameaçadas  com o avanço do desmatamento nas Caatingas, gerando outros impactos negativos como por exemplo a diminuição da produção agrícola que envolvam plantas polinizadas por elas, sendo elas responsáveis pela maior parte da polinização das plantas nativas. Além disso, a abelha Jandaíra em especial, tem como principais produtos de interesse comercial o mel, que tem alto valor comercial e de ótima qualidade (sabor, cheiro, cor, nutricional, terapêutico, etc.), sendo bastante apreciado pelas populações nativas (Vilela & Pereira, 2002).
   Sendo assim, percebe-se que a Apicultura e Meliponicultura são atividades sustentáveis, já que envolve os aspectos sociais,econômicos e ambientais, através do envolvimento da população nativa, os criadores das abelhas que aumentam sua renda familiar com a venda de produtos gerados por elas, em especial o mel, e contribuem para o reflorestamento por meio do plantio de árvores nativas onde as abelhas nidificam, além da polinização das plantas também realizadas por elas, contribuindo assim para a conservação das abelhas e da manutenção do Bioma Caatinga, respectivamente.
   Ainda pode ser encontrada em habitat natural nas Caatingas do Semi-árido nordestino nos estados do Rio Grande do Norte,Pernambuco,Paraíba e Ceará. No entanto é cada vez mais raro encontrar colônias silvestres desta espécie na natureza, por causa de um conjunto de fatores, como o extrativismo predatório, o desmatamento e a expansão da abelha africanizada.

Referências

Crédito da foto: Jerônimo Villas-boas/ISPN. hospedada em:  http://www.cerratinga.org.br/abelhas-nativas/

Daniel Santiago Pereira, Paulo Roberto Menezes, Valdemar Belchior Filho, Adalberto Hipólito de Sousa, Patrício Borges Maracajá. ABELHAS INDÍGENAS CRIADAS NO RIO GRANDE DO NORTE. Acta Veterinaria Brasilica, v.5, n.1, p.81-91, 2011.

Daniel Santiago Pereira, Priscila Vanúbia Queiroz Medeiros, Antonia Mirian Nogueira de Moura Guerra, Adalberto Hipólito de Sousa, Paulo Roberto Menezes. ABELHAS NATIVAS ENCONTRADAS EM MELIPONÁRIOS NO OESTE POTIGUAR-RN E PROPOSIÇÕES DE SEU DESAPARECIMENTO NA NATUREZA. Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p. 54-65 julho/dezembro de 2006

Geice Ribeiro da Silva, Fábia de Mello Pereira, Bruno de Almeida Souza, Maria Teresa do Rego Lopes,José Elivalto Guimarães Campelo, Fábio Mendonça Diniz. Aspectos bioecológicos e genético-comportamentais envolvidos na conservação da abelha Jandaíra, Melipona subnitida Ducke (Apidae, Meliponini), e o uso de ferramentas moleculares nos estudos de diversidade. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.81, n.3, p. 299-308, 2014.