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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Palma do Campo Chamaecrista duckeana; Flora do RN

   Planta conhecida popularmente como Palma-do-campo, entretanto seu nome científico é Chamaecrista duckeana (P.Bezerra & Afr.Fern.) H.S.Irwin &Barneby.
   Espécie subarbustiva que pode atingir até 1 m de altura. Seu caule é uma haste pilosa,com casca estriada, verde e lisa; sua folha é composta, alterna e membranácea e a inflorescência é do tipo racemo axilar, com 4 flores apresentando 3 estames. Floresce durante a estação chuvosa,sendo suas flores de tamanho médio, amarelas com manchas avermelhadas e possuem anteras poricidas. O pólen é único recurso disponível para os visitantes florais. Somente algumas espécies de abelhas adaptadas à realização de vibração coletam pólen de anteras poricidas. Seus principais visitantes florais são as abelhas sem ferrão do gênero Melipona, as abelhas do gênero Xylocopa (mamangavas-de-toco) e as abelhas do gênero Bombus (mamangavas-de-chão). Sendo assim, essa planta é muito importante para a manutenção e conservação das abelhas nativas e pode ser utilizada em jardins de flora melífera. Essa espécie possui fruto do tipo legume com 5–6 cm de comprimento que tem de 18 a 22 sementes, subquadrangulares; plúmula diferenciada em eófilos. Sua ocorrência está restrita ao Bioma Caatinga,sendo uma espécie endêmica da região nordeste (Souza; Bortoluzzi, 2013).
   Esse registro fotográfico foi feito durante uma trilha na Serra do Cuó, em Campo Grande no estado do Rio Grande do Norte, em 29 de junho de 2013. Nessa área a vegetação típica é a Caatinga, o espécime da foto foi registrada em afloramento rochoso no alto da Serra.

Referências

Camila Maia-Silva...[et al.].  Guia de plantas: visitadas por abelhas na Caatinga. 1. ed. Fortaleza, CE : Editora Fundação Brasil Cidadão, 2012.

Chamaecrista duckeana. Disponível em: http://biogeo.inct.florabrasil.net/oc/176937 Acesso em 26 de novembro de 2014.

Det.: J. Jardim, set.2013.

Elisabeth CórdulaI& Marli Pires MorimI& Marccus Alves. Morfologia de frutos e sementes de Fabaceae ocorrentes em uma área prioritária para a conservação da Caatinga em Pernambuco, Brasil. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S217578602014000200012&script=sci_arttext Acesso em 26 de novembro de 2014.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Casaca-de-couro-da-lama Furnarius figulus (Lichtenstein, 1823); Fauna do RN

Photo by Celi Aurora (Flickr)
   Ave conhecida popularmente como Casaca-de-couro-da-lama, João-nordestino e Amassa-barro-do-nordeste. Entretanto seu nome científico é Furnarius figulus (Lichtenstein, 1823).  Pertence a família 
Furnariidae, a mesma família do João-de-barro(Furnarius rufus) e do Casaca-de-couro-amarelo((Furnarius leucopus).
   É muito parecido com o Casaca-de-couro-amarelo, mas é diferente daquele principalmente por apresentar as pernas acinzentadas, enquanto que a espécie Furnarius leucopus apresenta as pernas rosadas. 
   "Aparentemente não constrói ninho de barro em forma de fornos, mas sim uma taça de capim e fibras vegetais na base das folhas das palmeiras nos babaçuais ou entre outros gravatás. No entanto a observação em campo tende a mostrar o contrário, pois sempre são vistos chocando em casas muito parecidas com as do joão-de-barro."
   Alimenta-se principalmente de pequenos insetos e suas larvas, geralmente coletados na vegetação rasteira, em áreas alagadas, onde chega a capturar também pequenos peixes.
   Habita as matas ribeirinhas,brejos,áreas úmidas e babaçuais. Sua distribuição geográfica é principalmente na região Nordeste, mas encontra-se em grande expansão para o Sudeste e no leste da Amazônia.

Referência

SIGRIST, T. Avifauna Brasileira: The avis brasilis field guide to the birds of Brazil, 1ª edição, São Paulo: Editora Avis Brasilis, 2009.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Jarrinha Aristolochia disticha Mast. ; Flora do RN

   
   Aristolochia disticha  é nativa pertencente a família Aristolochiaceae que é constituída por sete gêneros (Apama, Aristolochia, Asarum, Euglypha,Holostylis, Thottea e Saruma) e cerca de 600 espécies, representadas ao longo de todo o globo terrestre, exceto no Ártico e Antártica (Hoene, 1942, Joly 1998). O gênero Aristolochia é o mais diversificado dessa família,sendo formado por aproximadamente 500 espécies, a maioria das quais são encontradas na região tropical, subtropical e do Mediterrâneo (Neinhuis et al., 2005). No Brasil esse gênero  está representado por 89 espécies, sendo a maioria encontrada nas áreas fitogeográficas da Floresta Amazônica e Mata Atlântica(Barros & Araújo,2012). As plantas que pertencem a esse gênero são conhecidas popularmente como “mil homens”, "milhomem", "milome" “papo-de-peru”, “mata-porcos”,“patinho”, “jarrinha”,"cassaú", "melombe","pratudo", "urubu-caá", "urubu-caá". (Hoene, 1942).
   O gênero Aristolochia é facilmente reconhecido quando em floração, pela forma de suas flores,pelo cheiro que exalam e as sementes das espécies desse gênero são horizontais, comumente achatadas,com endosperma e embrião pequeno (Noronha, 1949). Flores de Aristolochia spp. são altamente especializadas, funcionando como uma armadilha que atrai e aprisiona artrópodes, a fim de assegurar a polinização (Knoll, 1929). Principalmente dípteros(moscas) têm sido relatados como polinizadoras do gênero (Hall and Brown, 1993; Wolda and Sabrowsky, 1986). A atratividade das flores aos polinizadores não se baseia em um sistema de recompensa, mas sim num engodo, os visitantes são enganados pela cor e cheiro das flores que imitam seus substratos naturais de acasalamento e oviposição. As moscas entram nas flores recém abertas por um pequeno tubo e não podem sair por causa dos pelos rígidos voltados para o interior. Neste estágio apenas o estigma está fértil. Somente após o amadurecimento das anteras, as moscas carregadas de grão de pólen conseguiram abandonar a flor devido a murchamento dos pelos (Joly 1998).
   Esses registros fotográficos foram feitos durante uma trilha na Serra do Cuó em Campo Grande no estado do Rio Grande do Norte em 29 de junho de 2013. Mas essa espécie tem ocorrência confirmada na região Norte(Amazonas e Pará) e Nordeste(Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte).

Referências

Ariclenes Araújo and Marccus Alves. Aristolochia setulosa (Aristolochiaceae), a new species from northeastern Brazil. Disponível em: http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs12228-012-9292-7#page-1 Acesso em 13 de novembro de 2014.

Det.: J. Jardim, set.2013.

Alvarenga, Thiago Marinho& Pire, Epifânio Porfíro & Silva, Marconi Souza. ENTOMOFAUNA EM FLORES DE Aristolochia galeata mart. (ARISTOLOCHIACEAE), NA RESERVA BIOLÓGICA UNILAVRAS BOQUEIRÃO, INGAÍ, MINAS GERAIS. PDF

PROJETO: “EXTRATIVISMO NÃO-MADEIREIRO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA (ITTO – PD 31/99 Ver. 3 (I)”. BANCO DE DADOS “NON WOOD”. PDF

Agradecimentos: Agradeço ao Professor Jomar e aos leitores desse blog Roberto Guerra e Ed Pessoa, que ajudaram na identificação dessa espécie através das fotos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Sabiá-barranco Turdus leucomelas Vieillot, 1818; Fauna do RN

   Ave conhecida popularmente como Sabiá-barranco,Sabiá-branco,Sabiá-barranqueira, Sabiá-de-cabeça-cinza, Sabiá-fogueteiro, Sabiá-pardo,Capoeirão ou Caraxué. Entretanto seu nome científico é único, ele se foi denominado pelos cientistas como Turdus leucomelas Vieillot, 1818. Qual o significado do seu nome? A primeira palavra de seu nome científico, o gênero Turdus é de origem latina e significa Tordo, enquanto que o segundo nome, o termo específico leucomelas é formado por duas palavras de origem grega, leukos que significa branco e melas que significa preto, sugerindo uma mistura não literal de branco com preto, ou seja, cinza. Sendo assim seu nome significa "Tordo cinzento". Esse pássaro pertence a família Turdidae, na qual se encontram as aves conhecidas vulgarmente como Sabiás.
   Adulto pesa aproximadamente 60g, mede cerca de 22 a 23 centímetros, sendo de asa 108 mm,de cauda 90 mm, de bico 15 mm e tarso 30 mm (fêmea). Apresenta cabeça de cor cinzento-oliváceo, sem a mácula negra à frente dos olhos. Seu bico é acinzentado escuro. A plumagem nas costas apresenta-se acinzentada variando para amarronzada nas asas, peito acinzentado, com a garganta esbranquiçada om estrias pardas pouco contrastantes. A parte inferior da cauda é clara. "O juvenil com o dorso pintalgado de bolas amarronzadas, sem a garganta branca bem delimitada. Pontos marrons no peito e barriga. Não apresenta dimorfismo sexual, sendo sua diferenciação feita apenas pelo canto, que é característica dos machos."
 Alimenta-se de uma grande variedade de frutos,minhocas,artrópodes(principalmente insetos) como gafanhotos,grilos,larvas de moscas, lagartixa(vertebrado). Quando os filhotes ainda são pequenos, alimentam-se basicamente de insetos e minhocas; quando estão com cerca de uma semana de vida, os pais começam a oferecer-lhes frutas. Os insetos, larvas e minhocas são apanhados no solo, em locais sombreados. O sabiá procura o alimento com o bico, escavando o solo até encontrá-lo. Quando encontra uma minhoca, o sabiá usa o bico para matá-la às bicadas. O sabiá pode capturar várias minhocas, armazená-las no bico e depois voar para o ninho para alimentar os filhotes (LIMA,2006). Costuma capturar também cupins alados em revoadas.
   Com cerca de um ano de vida atinge a maturidade sexual, se reproduzindo entre os meses de agosto a dezembro. A fêmea é quem constrói o ninho na forma de tigela confeccionado com barro(em alguns locais esse material não é usado), raízes e folhas na parte externa. Geralmente é feito em galhos ou forquilhas, em construções(como alpendres e varandas de casas), barrancos ou cercas-vivas, com 1,5 a 2,5 metros do chão. A fêmea incuba de 2 a 4 ovos verde-azulados com salpicos pardos, que medem 28 por 20 milímetros durante 12 a 13 dias, com os filhotes saindo do ninho entre 14 a 17 dias. A fêmea retira ou engole os sacos fecais dos filhotes nidícolas (T. Sigrist - Avifauna Brasileira, pg 253). Ela geralmente reutiliza o ninho por muitas vezes, reformando o ninho do ano anterior e pode ter até quatro ninhadas por temporada. Diante de todas essas funções exercidas pela fêmea cabe ao macho a responsabilidade de alimentar a mãe e os filhotes.
   É considerada a Sabiá mais comum do Brasil, sendo encontrada nos Biomas de Mata Atlântica e Cerrado em ambientes naturais como: matas ciliares,matas de galeria,matas secas,coqueirais,cerradões e tabuleiros. Mas também vive em áreas urbanas bem arborizadas, pomares,jardins e cafezais. Seu canto pode ser ouvido na época de acasalamento que ocorre na primavera, é contínuo, maravilhoso e múltiplo, composto de motivos relativamente simples, uma a duas vezes repetidos, p. ex., "tchrüíd, tchrüíd glüo tjülõ, tjülõ, tjülõ tírüd, tírüd", etc. Durante o resto do ano sua "voz" se limita a vocalizações de alerta, principalmente no final da tarde quando disputam os melhores poleiros para dormirem.(Sick, Helmut.,2001).
   Sua Distribuição estende-se das Guianas e Venezuela à Bolívia, Argentina,Paraguai e Brasil. Ocorre em todo território brasileiro, desde as regiões meridionais e central, e ao norte do Baixo Amazonas. Também é encontrado no Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro (mais comum nas serras).
   Aqui no estado do Rio Grande do Norte tenho observado constantemente essa espécie na cidade do Natal durante várias visitas ao Parque das Dunas e no Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
   Atualmente segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN 3.1) seu estado de conservação é pouco preocupante.
   Lembre-se: As aves e todos os outros animais devem viver livremente em seu habitat. Não compre aves silvestres sem autorização do IBAMA, pois quando você compra um animal silvestre sem autorização de um órgão responsável, você estar incentivando ao tráfico de animais silvestres.


Referências

Freire, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.

F. Sagot-Martin, GOP. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

SANTIAGO, R. G. Sabia-pardo ( Turdus leucomelas ) Guia Interativo de Aves Urbanas, 20 feb. 2007. Disponível em: http://www.ib.unicamp.br/lte/giau/visualizarMaterial.php?idMaterial=425 Acesso em 11 de outubro de 2014.

SESC - Guia de Aves do Pantanal - Disponível em: http://www.avespantanal.com.br/paginas/265.htm Acesso em 11 de outubro de 2014.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997. 863p.