Nossa página

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Tatu bola Tolypeutes tricinctus(Linnaeus, 1758);Mascote da Copa 2014.

Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) (Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Mark Payne-Gill/NaturePL)
   Animal mamífero conhecido popularmente como Tatu-bola-do-Nordeste, Tatu-apara, Bola, Bolinha, Tranquinha e Tatu bola, devido a capacidade de curvar sua carapaça ficando no formato de uma bola,escondendo assim as partes moles do corpo de eventuais predadores. Mas cientificamente seu nome é Tolypeutes tricinctus, pertence a família Dasypodidae, a família dos tatus.
   Sua alimentação é constituída basicamente por cupins e outros invertebrados,frutos durante principalmente a época chuvosa, areia e material vegetal também podem ser consumidos.É a menor espécie de tatu brasileira e a menos conhecida. O Comprimento de seu corpo é de aproximadamente 30 cm, e da cauda cerca de 6,5 cm. Seu peso varia em média de 1 kg a 1,8 kg. A carapaça possui geralmente três cintas móveis, entretanto alguns indivíduos podem somente apresentar duas ou até quatro. Possui cinco dedos em cada membro anterior, enquanto seu parente Tolypeutes matacus possui apenas quatro. A cauda é coberta com escudos dérmicos, quase inflexível. 
   Curiosamente não cava tocas, utiliza as tocas feitas por outros animais. Mas além de usar tocas, pode utilizar depressões no terreno como abrigo e se cobrir de folhas. O Tatu-bola troca de tocas diariamente,mas reutiliza tocas antigas. Animal de hábito predominantemente noturno.
   Durante a época de acasalamento, observa-se mais de um macho acompanhando uma mesma fêmea, o que facilita ainda mais a captura de vários exemplares por vez. As fêmeas produzem, por ninhada, um ou mais raramente dois filhotes, que nascem completamente formados.(MARINHO FILHO; REIS, 2008).
Tatu-bola ('Tolypeutes tricinctus') se defende de predadores enrolando seu corpo. A carapaça do animal lembra uma bola de futebol. (Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Mark Payne-Gill/NaturePL)

   Habita as Florestas Tropicais decíduas do Brasil, sendo encontrado nos biomas brasileiros Caatinga e Cerrado. O Tatu-bola(Tolypeutes tricinctus) é uma espécie endêmica do Brasil,ou seja, só ocorre no Brasil, nos estados de Alagoas,Bahia,Sergipe,Piauí,Pernambuco,Paraíba,Ceará,Rio Grande do Norte,Goiás,Mato Grosso, Tocantins, Distrito Federal e Minas Gerais.
   As maiores ameaças a essa espécie são a caça, destruição e alteração do habitat. Tolypeutes tricinctus está listado como vulnerável por causa de um declínio populacional nos últimos 12 anos estimado a partir da exploração permanente e perda de habitat e degradação. 
   No Bioma Caatinga, as populações remanescentes estão praticamente isoladas em áreas protegidas e são submetidas a caça de subsistência. Enquanto que no Cerrado, as principais populações vivem fora das áreas protegidas e estão especialmente ameaçadas pela conversão de seu habitat natural para plantações de cana de açúcar e soja. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a espécie integra a lista nacional de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.
   Segundo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a espécie perdeu mais de 50% de seu habitat nos últimos dez anos e o risco de extinção agora é considerado "muito alto" e o tatu-bola deve ser incluído na categoria "em perigo", a segunda mais grave antes do animal desaparecer.  Dessa forma o tatu-bola, escolhido mascote da Copa de 2014, tem risco de extinção elevado e pode sumir em até 50 anos, se não houver investimentos em projetos a nível nacional em prol da  conservação da espécie.
Eu ainda não tive o privilégio de observar essa espécie de tatu durante minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte.

Referencias

Kleberson de Oliveira Porpino&Valdeci dos Santos Júnior&Maria de Fátima Cavalcante Ferreira dos Santos. Lajedo de Soledade,Apodi, RN. Ocorrência peculiar de megafauna fóssil quaternária no Nordeste do Brasil.
REIS, dos R. R.; PERACCHI, A. L.; PEDRO, W. A.; LIMA, de I. P. Mamíferos do Brasil – Londrina, 2006. pg 89-90.
Superina, M. Abba, AM 2010. Tolypeutes tricinctus. In: IUCN 2013. IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Versão 2.013,2. www.iucnredlist.org Transferido em 28 de fevereiro de 2014.
Crédito das fotos:

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Borboleta Malaquita Siproeta stelenes; Fauna do RN

  Borboleta conhecida popularmente como Malaquita e cientificamente como Siproeta stelenes. Essa espécie foi descrita pela primeira vez em 1758 por Linnaeus e atualmente pertence a família Nymphalidae. Não existe dimorfismo sexual, ou seja, machos e fêmeas apresentam o mesmo padrão de coloração de suas asas.  A Borboleta Malaquita(Siproeta stelenes) apresenta asas anteriores  pretas com grandes manchas verdes e margem estriadas,sendo sua parte inferior  de cor castanho claro e esbranquiçada. Enquanto que as asas traseiras são apenas pretas com pequenas caudas e também possuem  margem estriadas. Na parte superior do corpo,nas asas existem duas faixas com manchas verdes. O corpo é preto, mas a parte inferior é branca. A envergadura de suas asas tem comprimento de 8,3 a 10,1 cm.
    Costuma voar sobre arbustos na floresta ou pomares, clareiras nas matas e às vezes os machos são observados em patrulhas a procura de fêmeas, efetuando  vôos de uma forma  flutuante.  Seu voo é lento e geralmente é observada descansando sob as folhas de arbustos baixos.
   Após acasalamento, os ovos são depositados isoladamente nas folhas das plantas principalmente da espécie Ruéllia brevifolia (Poht) , que as  lagartas comem,além de outras plantas como Cafetin (Blechum brownei) e Ruellia (Ruellia coccinea) e outras da família Acanthaceae. As lagartas geralmente descansam embaixo das folhas até tomarem um certo tamanho,depois disso passa os dias escondidas na base da planta que serve de alimento, subindo para se alimentar no final do dia. Enquanto que a dieta dos indivíduos adultos é diferente das lagartas(fase larva),os indivíduos alados alimentam-se de frutos fermentados ou apodrecendo e ocasionalmente de excrementos de pássaros e néctar das flores de cipós, árvores e plantas herbáceas.
   Vive em  Florestas subtropicais ou florestas semidecíduas e também tem registros dessa espécie em pomares de abacate,manga e Citrus na Flórida. Sua distribuição estende-se nas Américas, ocorrendo no Brasil, estendendo-se do México ao Suriname,Argentina,Chile e as Índias Ocidentais para o sul da Flórida e sul do Texas.
Durante minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, visualizei essa espécie nos municípios de Monte Alegre e Baía Formosa, no interior de florestas.
Existem apenas três subespécies.
Siproeta stelenes biplagiata (Fruhstorfer de 1907)
Siproeta stelenes meridionalis (Fruhstorfer de 1909)
Siproeta stelenes sophene (Fruhstorfer de 1907)
Classificação Científica
Reino: Animalia; Filo: Arthropoda; Classe: Insecta; Ordem: LEPIDOPTERA; Subordem: DITRYSIA
Superfamília: Papilionoidea; Família: NYMPHALIDAE; Subfamília: Nymphalinae; Tribo: VICTORINI; Subtribo: ---; Gênero: Siproeta; Nome específico: stelenes

Referencias
Siproeta stelenes. Disponível em: http://www.butterfliesandmoths.org/species/Siproeta-stelenes Acesso em 19 de março de 2014.

Siproeta stelenes. Disponível em: http://en.butterflycorner.net/Siproeta-stelenes-Malachit-Bambuspage.445.0.html Acesso em 19 de março de 2014


Siproeta stelenes. Disponível em: http://www.gbif.org/species/4299213 Acesso em 19 de março de 2014

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Aratu Goniopsis cruentata (Latreille, 1803)

    Animal conhecido popularmente, de acordo com a região do país, como Aratu, Maria mulata, Aratu-do-mangue, Aratu-vermelho, Aratu Vermelho-preto, Anajá,Carapinha, Espia-moça,Túnica ou Bonitinho, mas cientificamente seu nome é único no mundo que é Goniopsis cruentata. A origem das palavras que compõem seu nome científico é grega e latina,respectivamente. Goniopsis vem do grego gōnia (ângulo) e opsis (aparência, semelhança, visão), algo como “com aspecto angulado”, pela morfologia da sua carapaça; cruentata vem do latim cruentus (sanguinolento), devido à sua coloração. Pertence a família Grapsidae que inclui espécies marinhas, de água salobra, dulcícolas, semiterrestres e terrestres. 
    Caranguejo achatados de porte médio, carapaça quadrada, um pouco mais larga do que comprida, e pernas dispostas lateralmente. Olhos nas bordas ântero-laterais da carapaça, pedunculados mas curtos. Margem ântero-lateral com um único dente. Mero dos quelípodos com margem interna expandida em larga lâmina com margem espinhosa ou dentada. Adultos têm uma coloração bem característica, mas juvenis podem ser confundidos com os de outras espécies de Aratus (Sesarma, Armases e Aratus). Possui  coloração e padronagem, com carapaça avermelhada, arroxeada ou marrom-escura, pernas avermelhadas com pintas brancas ou alaranjadas, região ventral clara. As pernas possuem longas cerdas e pelos.
    G. cruentata é considerado um animal onívoro,alimentando-se de propágulos e folhas senescentes de mangue, de outros crustáceos vivos ou mortos, como o caranguejo uçá e algumas espécies do gênero Uca e realiza canibalismo, principalmente sobre o indivíduo debilitado por qualquer motivo. Sendo assim considerado um grande predador dos manguezais. Os seus predadores naturais são a coruja, o guaxinim, o gambá, a raposa e aves como o cocó, siricola e três cocos. Seu papel ecológico inclui herbivoria primária e predação (WARNER, 1967; MACINTOSH, 1988; SANTOS et al., 2001 e MOURA et al., 2003).
   Seu ciclo de vida é muito semelhante ao de outros crustáceos semi-terrestres estuarinos. Durante a estação reprodutiva, estes caranguejos lançam milhares de larvas na água durante a maré cheia. Estas são levadas pela correnteza até o mar, onde completam seu desenvolvimento, até retornarem para o estuário.
Reproduz-se continuamente ao longo do ano, exceto nos meses mais frios, em climas temperados. Pode realizar desovas múltiplas.
   É um animal com um padrão primitivo de reprodução, com ovos bem pequenos (0.3 mm) e numerosos, podendo chegar a 171.000 ovos. O período de incubação é de cerca de 18 dias. Os zoea I nascem com 0.9 mm, e passam por pelo menos três estágios de zoea durante seu desenvolvimento. Necessita de altas salinidades, próxima à marinha (33%).
   Existe dimorfismo sexual, sendo a distinção feita através da análise do abdômen, que fica dobrado sobre a porção ventral da carapaça. Fêmeas possuem o abdômen largo, onde incubam seus ovos. Nos machos, o abdômen é estreito.Machos adultos também possuem garras maiores e mais robustas.
  Goniopsis cruentata é um caranguejo semi-terrestre, extremamente rápido e ágil, com capacidade de deslocar-se rapidamente entre raízes ou tronco das árvores, desenvolver considerável velocidade quando em fuga e escalar árvores com até 2 metros de altura, provavelmente em busca de alimento ou como estratégia de defesa, podendo ocupar o meio aquático por curtos períodos, quando em fuga de um predador ou em movimento entre árvores. Espécimes pequenos são encontrados na serrapilheira e coberturas úmidas sobre o substrato. São bastante ativos durante o período diurno e noturno. E como não possuem o hábito de escavar, podem ser  encontrados na entrada de tocas do caranguejo uçá Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), escondendo-se rapidamente ou escapam para dentro d’água quando ameaçados(HARTNOLL, 1965; COBO & FRANSOZO, 2000; SOUSA et al., 2000 e SANTOS et al., 2001).  , , entre as raízes, troncos e ramos das árvores do mangue, ou sob pedras, tanto em substratos consolidados como inconsolidados.
   Essa espécie ocorre em manguezais na região intertidal,sendo encontrada errante no solo sobre as raízes ou troncos das árvores, em praias lodosas,em braços de mar ou estuários, do supra-litoral até o entre-marés. 
   Goniopsis cruentata  tem distribuição no Atlântico Ocidental (Bermudas, Flórida, Golfo do México, Antilhas, Guianas e Brasil) e no Atlântico Oriental (Senegal até Angola). No Brasil, G. cruentata ocorre em Fernando de Noronha e no litoral dos Estados do Pará a Santa Catarina e recentemente foi registrada no Atol das Rocas. (MELO, 1996 e TARGINO et al., 2001). É encontrado também na costa pacífica do Panamá.
   A espécie G. cruentata tem importância econômica na região Nordeste do Brasil, sendo utilizada como fonte de alimento (SANTOS et al., 2001). A produção de aratu em Pernambuco, atingiu nos anos de 2002, 2003 e 2004, respectivamente os pesos de 2,5, 12,6 e 71,5 toneladas e na Bahia em 2002 e 2003, 24,2 e 13,3 toneladas, respectivamente (IBAMA/CEPENE, 2002, 2003, 2004).Apesar da sua importância, não há portaria para sua proteção, ao contrário do Uçá e Guaiamum. O caranguejo é cozido, ou vendido inteiro, ou sua carne extraída, chamado de “catado”.
   A captura do G. cruentata é feita por um artefato artesanal formado por vara, linha e isca. Os tipos de isca utilizados são tripa de galinha, carne de charque e a carne do caranguejo Aratus pisonii. Durante a pesca, as catadoras lançam a isca (presa à extremidade da linha) para a superfície do substrato. Em seguida, o Aratu utiliza o quelípodo para recolher a isca, de modo que fica preso ao anzol, e é rapidamente lançado para um saco. É uma atividade tipicamente feminina, com canções tradicionais entoadas durante a captura, para atrair o caranguejo. As catadoras também retiram alguns galhos do mangue e passam a percuti-los em recipientes de plástico ou metal, assobiando simultaneamente, com objetivo de atrair os Aratus.

REFERÊNCIAS
Daniele Claudino Maciel& Ângelo Giuseppe Chaves Alves.Conhecimentos e práticas locais relacionados ao aratu Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) em Barra de Sirinhaém, litoral sul de Pernambuco, Brasil.
Freire, Adauberto Antônio Valera. Fauna Potiguar. Natal: EDUFRN, 1997.
MENEZES, A. P. D.; ARAÚJO, M. S. L. C.; CALADO, T. C. S.. Bioecologia de Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) (Decapoda, Grapsidae) do complexo estuarino‐lagunar Mundaú/Manguaba, Alagoas, Brasil. Natural Resources, Aquidabã, v.2, n.2,p.37‐49, 2012.
Zilanda de Souza Silva. Estratégia reprodutiva do caranguejo Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) (Crustacea, Brachyura, Grapsidae) no Manguezal de Itacuruçá, Baía de Sepetiba, RJ, Brasil . –2007. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,Instituto de Biologia.
Aratu Vermelho. Disponível em: http://www.planetainvertebrados.com.br/index.asp?pagina=especies_ver&id_categoria=25&id_subcategoria=24&com=1&id=190&local=2  Acesso em 01 de fevereiro de 2014