Animal conhecido popularmente, de acordo com a região do país, como Aratu, Maria mulata, Aratu-do-mangue, Aratu-vermelho, Aratu Vermelho-preto, Anajá,Carapinha, Espia-moça,Túnica ou Bonitinho, mas cientificamente seu nome é único no mundo que é Goniopsis cruentata. A origem das palavras que compõem seu nome científico é grega e latina,respectivamente. Goniopsis vem
do grego gōnia (ângulo) e opsis (aparência, semelhança,
visão), algo como “com aspecto angulado”, pela morfologia da sua carapaça; cruentata vem
do latim cruentus (sanguinolento), devido à sua coloração. Pertence a família Grapsidae que inclui
espécies marinhas, de água salobra, dulcícolas, semiterrestres e terrestres.
Caranguejo achatados de porte médio, carapaça quadrada, um
pouco mais larga do que comprida, e pernas dispostas lateralmente. Olhos nas
bordas ântero-laterais da carapaça, pedunculados mas curtos. Margem
ântero-lateral com um único dente. Mero dos quelípodos com margem interna
expandida em larga lâmina com margem espinhosa ou dentada. Adultos têm uma
coloração bem característica, mas juvenis podem ser confundidos com os de
outras espécies de Aratus (Sesarma, Armases e Aratus). Possui coloração e padronagem, com carapaça avermelhada,
arroxeada ou marrom-escura, pernas avermelhadas com pintas brancas ou
alaranjadas, região ventral clara. As pernas possuem longas cerdas e pelos.
G. cruentata é considerado um animal onívoro,alimentando-se de propágulos e folhas senescentes de mangue, de outros crustáceos vivos ou mortos, como o caranguejo uçá e algumas espécies do gênero Uca e realiza canibalismo, principalmente sobre o indivíduo debilitado por qualquer motivo. Sendo assim considerado um grande predador dos manguezais. Os seus predadores naturais são a coruja, o guaxinim, o gambá, a raposa e aves como o cocó, siricola e três cocos. Seu papel ecológico inclui herbivoria primária e predação (WARNER, 1967; MACINTOSH, 1988; SANTOS et al., 2001 e MOURA et al., 2003).
Seu ciclo de vida é muito
semelhante ao de outros crustáceos semi-terrestres estuarinos. Durante a
estação reprodutiva, estes caranguejos lançam milhares de larvas na água
durante a maré cheia. Estas são levadas pela correnteza até o mar, onde
completam seu desenvolvimento, até retornarem para o estuário.
Reproduz-se continuamente ao
longo do ano, exceto nos meses mais frios, em climas temperados. Pode realizar
desovas múltiplas.
É um animal com
um padrão primitivo de reprodução, com ovos bem pequenos (0.3 mm) e numerosos,
podendo chegar a 171.000 ovos. O período de incubação é de cerca de 18 dias. Os
zoea I nascem com 0.9 mm, e passam por pelo menos três estágios de zoea
durante seu desenvolvimento. Necessita de altas salinidades, próxima à marinha
(33%).
Existe dimorfismo sexual, sendo a distinção feita
através da análise do abdômen, que fica dobrado sobre a porção
ventral da carapaça. Fêmeas possuem o abdômen largo, onde incubam seus ovos.
Nos machos, o abdômen é estreito.Machos adultos também possuem garras maiores e mais
robustas.
Goniopsis cruentata é um caranguejo semi-terrestre, extremamente rápido e ágil, com capacidade de deslocar-se rapidamente entre raízes ou tronco das árvores, desenvolver considerável velocidade quando em fuga e escalar árvores com até 2 metros de altura, provavelmente em busca de alimento ou como estratégia de defesa, podendo ocupar o meio aquático por curtos períodos, quando em fuga de um predador ou em movimento entre árvores. Espécimes pequenos são encontrados na serrapilheira e coberturas úmidas sobre o substrato. São bastante ativos durante o período diurno e noturno. E como não possuem o hábito de escavar, podem ser encontrados na entrada de tocas do caranguejo uçá Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), escondendo-se rapidamente ou escapam para dentro d’água quando ameaçados(HARTNOLL, 1965; COBO & FRANSOZO, 2000; SOUSA et al., 2000 e SANTOS et al., 2001). , , entre as raízes, troncos e ramos das árvores do mangue, ou sob pedras, tanto em substratos consolidados como inconsolidados.
Essa espécie ocorre em manguezais na região intertidal,sendo encontrada errante no solo sobre as raízes ou troncos das
árvores, em praias lodosas,em braços de mar ou estuários, do supra-litoral até
o entre-marés.
Goniopsis cruentata tem distribuição no Atlântico Ocidental (Bermudas, Flórida, Golfo do México, Antilhas, Guianas e Brasil) e no Atlântico Oriental (Senegal até Angola). No Brasil, G. cruentata ocorre em Fernando de Noronha e no litoral dos Estados do Pará a Santa Catarina e recentemente foi registrada no Atol das Rocas. (MELO, 1996 e TARGINO et al., 2001). É encontrado também na costa pacífica do Panamá.
A espécie G. cruentata tem importância econômica na região Nordeste do Brasil, sendo utilizada como fonte de alimento (SANTOS et al., 2001). A produção de aratu em Pernambuco, atingiu nos anos de 2002, 2003 e 2004, respectivamente os pesos de 2,5, 12,6 e 71,5 toneladas e na Bahia em 2002 e 2003, 24,2 e 13,3 toneladas, respectivamente (IBAMA/CEPENE, 2002, 2003, 2004).Apesar da sua importância, não há portaria para sua proteção, ao
contrário do Uçá e Guaiamum. O caranguejo é cozido, ou vendido inteiro,
ou sua carne extraída, chamado de “catado”.
A captura do G. cruentata é feita por um artefato artesanal formado por vara, linha e isca. Os tipos de isca utilizados são tripa de galinha, carne de charque e a carne do caranguejo Aratus pisonii. Durante a pesca, as catadoras lançam a isca (presa à extremidade da linha) para a superfície do substrato. Em seguida, o Aratu utiliza o quelípodo para recolher a isca, de modo que fica preso ao anzol, e é rapidamente lançado para um saco. É uma atividade tipicamente feminina, com canções tradicionais entoadas durante a captura, para atrair o caranguejo. As catadoras também retiram alguns galhos do mangue e passam a percuti-los em recipientes de plástico ou metal, assobiando simultaneamente, com objetivo de atrair os Aratus.
REFERÊNCIAS
Daniele Claudino Maciel& Ângelo Giuseppe Chaves Alves.Conhecimentos e práticas locais relacionados ao aratu Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) em Barra de Sirinhaém, litoral sul de Pernambuco, Brasil.
Freire,
Adauberto Antônio Valera. Fauna
Potiguar. Natal: EDUFRN, 1997.
MENEZES, A. P. D.; ARAÚJO, M. S. L. C.; CALADO, T. C. S.. Bioecologia de Goniopsis cruentata
(Latreille, 1803) (Decapoda, Grapsidae) do complexo estuarino‐lagunar
Mundaú/Manguaba, Alagoas, Brasil. Natural Resources, Aquidabã, v.2, n.2,p.37‐49,
2012.
Zilanda de Souza Silva. Estratégia
reprodutiva do caranguejo Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) (Crustacea,
Brachyura, Grapsidae) no Manguezal de Itacuruçá, Baía de Sepetiba, RJ, Brasil
. –2007. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro,Instituto de Biologia.
Aratu Vermelho. Disponível em: http://www.planetainvertebrados.com.br/index.asp?pagina=especies_ver&id_categoria=25&id_subcategoria=24&com=1&id=190&local=2 Acesso em 01 de fevereiro de 2014
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