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segunda-feira, 22 de julho de 2019

Batuíra-de-coleira Charadrius collaris Vieillot, 1818

  Ave conhecida popularmente como Batuíra-de-coleira ou Batuíra-da-costa, entretanto seu nome científico é Charadrius collaris Vieillot, 1818. Ela pertence a família Charadriidae.
   Um individuo adulto dessa espécie apresenta comprimento total de aproximadamente 15cm e peso estimado em 28 gramas. Característica notável nela é a presença de uma "coleira negra" freqüentemente estreitada na parte mediana da plumagem; coloração geral de cor ferrugínea no dorso sem branco na nuca, enquanto que seu bico é preto, as pernas são altas e rósea-claras.
  A Batuíra-de-coleira(C. collaris) põe em média dois ovos em uma cavidade na areia. Ao nascerem os filhotes apresentam um plumagem com manchas que ajudam a camufla-los no ambiente. Ela não vive em bandos mas geralmente ocorre aos pares, habitando áreas úmidas da costa, praias, dunas, lamaçais de manguezais, margens arenosas de rios e áreas úmidas interiores. 
   A Batuíra-de-coleira(C. collaris) é residente no Brasil, ocorrendo em todas as regiões do país e também está distribuída do México ao Chile. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte tenho observado essa espécie em todo nosso litoral a beira mar, como também as margens de lagoas mais interiores, geralmente aos pares. Sendo as minhas últimas observações dessa espécie nos municípios de Nísia Floresta, Baía Formosa, Galinhos, Macau e Guamaré.

Referências
FREIRE, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.

GOP, F. Sagot-Martin. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

LIMA, L. M. Aves da Mata Atlântica: riqueza, composição, status, endemismos e conservação. 2013. 513f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.

LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

PIACENTINI, V. et al. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 23, n. 2, p. 91-298, 2015.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997. 863p.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Mangue-branco Laguncularia racemosa (L.) C.F.Gaertn.


   Planta conhecida popularmente como Mangue-branco, Mangue-manso,Mangue-verdadeiro, Mangue-de-sapateiro e Tinteiro, entretanto seu nome científico é único, Laguncularia racemosa (L.) C.F.Gaertn.. Ela pertence a família Combretaceae, sendo a única espécie do gênero Laguncularia que ocorre no Brasil. 
   Mangue-branco(Laguncularia racemosa) é uma espécie nativa que apresenta porte arbustivo ou arbóreo(raramente ultrapassa 10m de altura) com raízes adventícias e pneumatóforos(raízes respiratórias que afloram do sedimento).
   Suas folhas arredondadas são opostas e possuem um pecíolo vermelho contendo nectários extraflorais(par de glândulas arredondadas) em sua base que também apresentam glândulas para exclusão do excesso do sal, proporcionando grande tolerância à salinidade. As suas inflorescências são do tipo espigas com flores branco-esverdeadas sésseis. Segundo a literatura as folhas e ou caules de Mangue-branco(Laguncularia racemosa) são usadas na medicina popular para confecção de chás e infusões contra a disenteria, febre e escorbuto.
    Ela geralmente ocorre na região da interface entre o manguezal e a terra firme, com distribuição no litoral meridional da Flórida, México, América Central e na América do Sul desde o litoral do Equador ao Brasil. Neste, ocorre nos biomas da Mata Atlântica e Amazônia associada aos ecossistemas de restinga e manguezal, sendo confirmada nas seguintes regiões e estados brasileiros respectivamente: Norte (Amapá e Pará), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo) e Sul (Paraná e Santa Catarina). Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie sempre no ecossistema de manguezal em toda costa potiguar, desde Baía Formosa até Grossos.

Referências

Organizadores Marcelo Antonio Amaro Pinheiro e Ana Carolina Biscalquini Talamoni. Educação Ambiental sobre Manguezais. São Vicente: Campus do Litoral Paulista – Instituto de Biociências, 2018.

Organizador Rafaela Campostrini Forzza... et al. Catálogo de plantas e fungos do Brasil, volume 1. Rio de Janeiro : Andrea Jakobsson Estúdio : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010.

Renato Braga. Plantas do nordeste,especialmente do Ceará. Fortaleza:coleção mossoroense-volume XLII,1976.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Garça-azul Egretta caerulea (Linnaeus, 1758)

   Ave conhecida popularmente como Garça-azul, Garça-cinzenta ou Garça-morena, entretanto seu nome científico é único,Egretta caerulea (Linnaeus, 1758).
  O indivíduo adulto pode atingir cerca de 52cm de comprimento,a coloração da plumagem é cinzenta-azulada,enquanto no jovem varia de branca a malhada e este tem as pernas esverdeadas. Ela alimenta-se de peixes e pequenos animais invertebrados. Espécie de hábito solitária a gregária,podendo ser observada em pequenos grupos de dois a três indivíduos. Seus ninhos são construídos com gravetos, na vegetação de mangue acima da linha da água, onde a fêmea põe de dois a cinco ovos azuis. 
 Habita principalmente os ecossistemas de manguezais(mais comum), rios, lagos e praias, se movimentando lentamente pelas áreas alagadas a procura de alimento. Tem ampla distribuição no continente americano, sendo encontrada em todo território brasileiro associada a ambientes alagados, especialmente aos manguezais.
   Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado esssa espécie apenas na Messoregião Leste Potiguar, sendo as vezes que observei-a, sempre em ambientes alagados de manguezais.

Referências

BirdLife International. 2016. Egretta caerulea. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22696944A93595047. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22696944A93595047.en. Downloaded on 25 February 2017.

FREIRE, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.

GOP, F. Sagot-Martin. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997. 863p.

sábado, 26 de setembro de 2015

Beija-flor-de-barriga-branca Amazilia leucogaster (Gmelin, 1788)


Ave conhecida popularmente como Beija-flor-de-barriga-branca, entretanto seu nome científico é Amazilia leucogaster (Gmelin, 1788). 
Um indivíduo adulto apresenta cerca de 10cm de comprimento, possui pequena mancha branca atrás do olho(pós-ocular),bico reto com base da mandíbula rosada, região ventral de cor branca e dorsal predominantemente verde, com asas e cauda predominantemente escuras.
Está espécie habita em diferentes formações vegetais típicas da região litorânea do Brasil, como os ecossistemas de manguezais, restingas, tabuleiros litorâneos, jardins e áreas de cultivo, ocorrendo no país desde o estado do Espírito Santo até Roraima. Também ocorre na Venezuela e nas Guianas.

Referências
FREIRE, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.

GOP, F. Sagot-Martin. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997. 863p.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Aratu Goniopsis cruentata (Latreille, 1803)

    Animal conhecido popularmente, de acordo com a região do país, como Aratu, Maria mulata, Aratu-do-mangue, Aratu-vermelho, Aratu Vermelho-preto, Anajá,Carapinha, Espia-moça,Túnica ou Bonitinho, mas cientificamente seu nome é único no mundo que é Goniopsis cruentata. A origem das palavras que compõem seu nome científico é grega e latina,respectivamente. Goniopsis vem do grego gōnia (ângulo) e opsis (aparência, semelhança, visão), algo como “com aspecto angulado”, pela morfologia da sua carapaça; cruentata vem do latim cruentus (sanguinolento), devido à sua coloração. Pertence a família Grapsidae que inclui espécies marinhas, de água salobra, dulcícolas, semiterrestres e terrestres. 
    Caranguejo achatados de porte médio, carapaça quadrada, um pouco mais larga do que comprida, e pernas dispostas lateralmente. Olhos nas bordas ântero-laterais da carapaça, pedunculados mas curtos. Margem ântero-lateral com um único dente. Mero dos quelípodos com margem interna expandida em larga lâmina com margem espinhosa ou dentada. Adultos têm uma coloração bem característica, mas juvenis podem ser confundidos com os de outras espécies de Aratus (Sesarma, Armases e Aratus). Possui  coloração e padronagem, com carapaça avermelhada, arroxeada ou marrom-escura, pernas avermelhadas com pintas brancas ou alaranjadas, região ventral clara. As pernas possuem longas cerdas e pelos.
    G. cruentata é considerado um animal onívoro,alimentando-se de propágulos e folhas senescentes de mangue, de outros crustáceos vivos ou mortos, como o caranguejo uçá e algumas espécies do gênero Uca e realiza canibalismo, principalmente sobre o indivíduo debilitado por qualquer motivo. Sendo assim considerado um grande predador dos manguezais. Os seus predadores naturais são a coruja, o guaxinim, o gambá, a raposa e aves como o cocó, siricola e três cocos. Seu papel ecológico inclui herbivoria primária e predação (WARNER, 1967; MACINTOSH, 1988; SANTOS et al., 2001 e MOURA et al., 2003).
   Seu ciclo de vida é muito semelhante ao de outros crustáceos semi-terrestres estuarinos. Durante a estação reprodutiva, estes caranguejos lançam milhares de larvas na água durante a maré cheia. Estas são levadas pela correnteza até o mar, onde completam seu desenvolvimento, até retornarem para o estuário.
Reproduz-se continuamente ao longo do ano, exceto nos meses mais frios, em climas temperados. Pode realizar desovas múltiplas.
   É um animal com um padrão primitivo de reprodução, com ovos bem pequenos (0.3 mm) e numerosos, podendo chegar a 171.000 ovos. O período de incubação é de cerca de 18 dias. Os zoea I nascem com 0.9 mm, e passam por pelo menos três estágios de zoea durante seu desenvolvimento. Necessita de altas salinidades, próxima à marinha (33%).
   Existe dimorfismo sexual, sendo a distinção feita através da análise do abdômen, que fica dobrado sobre a porção ventral da carapaça. Fêmeas possuem o abdômen largo, onde incubam seus ovos. Nos machos, o abdômen é estreito.Machos adultos também possuem garras maiores e mais robustas.
  Goniopsis cruentata é um caranguejo semi-terrestre, extremamente rápido e ágil, com capacidade de deslocar-se rapidamente entre raízes ou tronco das árvores, desenvolver considerável velocidade quando em fuga e escalar árvores com até 2 metros de altura, provavelmente em busca de alimento ou como estratégia de defesa, podendo ocupar o meio aquático por curtos períodos, quando em fuga de um predador ou em movimento entre árvores. Espécimes pequenos são encontrados na serrapilheira e coberturas úmidas sobre o substrato. São bastante ativos durante o período diurno e noturno. E como não possuem o hábito de escavar, podem ser  encontrados na entrada de tocas do caranguejo uçá Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), escondendo-se rapidamente ou escapam para dentro d’água quando ameaçados(HARTNOLL, 1965; COBO & FRANSOZO, 2000; SOUSA et al., 2000 e SANTOS et al., 2001).  , , entre as raízes, troncos e ramos das árvores do mangue, ou sob pedras, tanto em substratos consolidados como inconsolidados.
   Essa espécie ocorre em manguezais na região intertidal,sendo encontrada errante no solo sobre as raízes ou troncos das árvores, em praias lodosas,em braços de mar ou estuários, do supra-litoral até o entre-marés. 
   Goniopsis cruentata  tem distribuição no Atlântico Ocidental (Bermudas, Flórida, Golfo do México, Antilhas, Guianas e Brasil) e no Atlântico Oriental (Senegal até Angola). No Brasil, G. cruentata ocorre em Fernando de Noronha e no litoral dos Estados do Pará a Santa Catarina e recentemente foi registrada no Atol das Rocas. (MELO, 1996 e TARGINO et al., 2001). É encontrado também na costa pacífica do Panamá.
   A espécie G. cruentata tem importância econômica na região Nordeste do Brasil, sendo utilizada como fonte de alimento (SANTOS et al., 2001). A produção de aratu em Pernambuco, atingiu nos anos de 2002, 2003 e 2004, respectivamente os pesos de 2,5, 12,6 e 71,5 toneladas e na Bahia em 2002 e 2003, 24,2 e 13,3 toneladas, respectivamente (IBAMA/CEPENE, 2002, 2003, 2004).Apesar da sua importância, não há portaria para sua proteção, ao contrário do Uçá e Guaiamum. O caranguejo é cozido, ou vendido inteiro, ou sua carne extraída, chamado de “catado”.
   A captura do G. cruentata é feita por um artefato artesanal formado por vara, linha e isca. Os tipos de isca utilizados são tripa de galinha, carne de charque e a carne do caranguejo Aratus pisonii. Durante a pesca, as catadoras lançam a isca (presa à extremidade da linha) para a superfície do substrato. Em seguida, o Aratu utiliza o quelípodo para recolher a isca, de modo que fica preso ao anzol, e é rapidamente lançado para um saco. É uma atividade tipicamente feminina, com canções tradicionais entoadas durante a captura, para atrair o caranguejo. As catadoras também retiram alguns galhos do mangue e passam a percuti-los em recipientes de plástico ou metal, assobiando simultaneamente, com objetivo de atrair os Aratus.

REFERÊNCIAS
Daniele Claudino Maciel& Ângelo Giuseppe Chaves Alves.Conhecimentos e práticas locais relacionados ao aratu Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) em Barra de Sirinhaém, litoral sul de Pernambuco, Brasil.
Freire, Adauberto Antônio Valera. Fauna Potiguar. Natal: EDUFRN, 1997.
MENEZES, A. P. D.; ARAÚJO, M. S. L. C.; CALADO, T. C. S.. Bioecologia de Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) (Decapoda, Grapsidae) do complexo estuarino‐lagunar Mundaú/Manguaba, Alagoas, Brasil. Natural Resources, Aquidabã, v.2, n.2,p.37‐49, 2012.
Zilanda de Souza Silva. Estratégia reprodutiva do caranguejo Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) (Crustacea, Brachyura, Grapsidae) no Manguezal de Itacuruçá, Baía de Sepetiba, RJ, Brasil . –2007. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,Instituto de Biologia.
Aratu Vermelho. Disponível em: http://www.planetainvertebrados.com.br/index.asp?pagina=especies_ver&id_categoria=25&id_subcategoria=24&com=1&id=190&local=2  Acesso em 01 de fevereiro de 2014