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domingo, 23 de junho de 2019

Enxu ou vespa do mel Brachygastra lecheguana (Latreille 1824)

    Vespa social conhecida popularmente como Enxu,Marimbondo-do-pasto,Marimbondo-do-campo,vespa do mel ou Lixiguana, entretanto seu nome científico é único,Brachygastra lecheguana (Latreille 1824). Pertence a subfamília Polistinae, da qual também fazem parte por exemplo, o marimbondo-caboclo(Polistes canadensis), marimbondo fura-olho(Polybia occidentalis), marimbondo-tatu(Synoeca surinama) e o marimbondo-chapéu(Apoica sp.).
   É uma espécie de vespa relativamente pequena de coloração predominante negra, destacando mancha amarela no tórax e bandas(manchas) amarelas intercaladas por pretas no final do abdome. Seu ninho apresenta forma globular e geralmente é construído na vegetação rasteira ou herbácea. Nesse ninho é onde elas vivem, cuidam das crias e também onde armazenam néctar, o que ao ser visto parece mel, por isso é conhecido vulgarmente como vespa-do-mel. Porém ha relatos de intoxicação por ingestão dessa substância chamada popularmente de "mel".
   B. lecheguana é importante no controle biológico de diversas outras espécies, atuando como predadora de " insetos pragas" da horticultura, predando por exemplo, a Traça-do-tomateiro(Tuta absoluta), o bicho-mineiro-do-cafeeiro(Leucoptera coffeella) e pragas do algodoeiro. Além disso, B. lecheguana atua como potencial polinizadora de várias plantas como por exemplo, juazeiro(Ziziphus joazeiro),quixabeira(Sideroxylon obtusifolium) e canola(Brassica napus).
   Brachygastra lecheguana é considerada uma espécie muito agressiva quando se sente ameaçada ou é agredida, logo trabalhadores do campo,trilheiros ou outras pessoas que realizam atividades em ambientes naturais, devem ter atenção dobrada ao se deslocar em áreas abertas com vegetação herbácea nas regiões onde ela ocorre. No Brasil a espécie ocorre nos seguintes estados: AM, AP, BA, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, RN,RO, RS, SC e SP. Durante as minhas expedições pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie nas mesorregiões Agreste e Central Potiguar.
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Referências
Carpenter, J.M. &O.M. Marques. 2001. Contribuição ao estudo dos vespídeos do Brasil (Insecta, Hymenoptera, Vespoidea, Vespidae). Publicações Digitais 2: 1–147.

Francisco Virgínio, Tatiane Tagliatti Maciel e Bruno Corrêa Barbosa. Novas contribuições para o conhecimento de vespas sociais (Hymenoptera: Vespidae) para Estado do Rio Grande do Norte, Brasil.

FORTES, Alice; Fortes, Elenice, FERNANDES, Lêda G.. Avaliação de diferentes atrativos na coleta de vespas (Hymenoptera: Vespidae) em área de produção de hortaliças. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Anais do VI CLAA, X CBA e V SEMDF – Vol. 13, N° 1, Jul. 2018.

Nelson Wanderley Perioto. Rogéria Inês Rosa Lara e Eduardo Fernando dos Santos. ESTUDO REVELA PRESENÇA DE NOVOS INIMIGOS NATURAIS DE PRAGAS DA CAFEICULTURA – II. VESPAS PREDADORAS. Pesquisa & Tecnologia, vol. 8, n. 2, Jul-Dez 2011.

Oliveira, Rosana Halinski de. POLINIZADORES DE CANOLA: PERSPECTIVAS PARA O MANEJO SUSTENTÁVEL DE INSETOS, PRODUTIVIDADE DE GRÃOS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Disponível em :http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/7667/2/TES_ROSANA_HALINSKI_DE_OLIVEIRA_COMPLETO.pdf

Tarcila de Lima Nadia , Isabel Cristina Machado e Ariadna Valentina Lopes. Partilha de Polinizadores e Sucesso Reprodutivo de Spondias tuberosa e Ziziphus joazeiro, Espécies Endêmicas da Caatinga. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 357-359, jul. 2007.

domingo, 16 de junho de 2019

Baraúna Schinopsis brasiliensis Engl., uma das árvores mais alta da Caatinga

   Planta conhecida popularmente como baraúna, baúna, braúna, braúna-do-sertão, braúna-parda, quebracho, quebracho-colorado, quebracho-moro, coração-de-negro, maria-preta-da-mata, maria-preta-do-campo, ubirarana, pau-preto, ibiraúna, guaraúna e parova-preta. Entretanto seu nome científico aceito atualmente é único, Schinopsis brasiliensis Engl.. Ela pertence a família Anacardiaceae, da qual também fazem parte por exemplo, o Cajueiro( Anacardium occidentale), a Aroeira( Myracrodruon urundeuva) e o Imbu( Spondias tuberosa).
   A Baraúna(Schinopsis brasiliensis) apresenta porte arbóreo atingindo até 15m de altura, sendo umas das árvores mais altas do bioma Caatinga e seu diâmetro pode chegar a 60cm. Seu caule se apresenta com tronco reto e ramos(com espinhos de até 3,5cm) que gradativamente formam galhos espessos e bem distribuídos dando origem a uma copa subglobosa. A casca do tronco tem espessura de até 3cm apresentando fendas,constituindo assim pequenas placas quadradas. Suas folhas aromáticas(se maceradas) são do tipo compostas, apresentando cada uma de 7 a 17 folíolos e são mais longas que largas,pois tem de 3 a 4cm de comprimento por 2cm de largura.
Suas flores brancas e  aromáticas são pequenas(3 a 4mm), elas formam inflorescências do tipo panícula com tamanho de até 12cm de comprimento e aparecem no final da estação chuvosa. Já o fruto da Baraúna(S. brasiliensis) é classificado como seco e do tipo drupa alada com até 3,5cm de comprimento, sendo seu mesocarpo composto por uma massa esponjosa-farinácea, onde se encontra uma semente amarelada. A frutificação ocorre geralmente de agosto a setembro e a dispersão é feita pelo vento, ou seja, anemocórica.
   Essa espécie(S. brasiliensis) apresenta uma madeira bem dura e resistente à deterioração, sendo explorada para usos diversos, como mourões, postes, viamentos de casas de farinha (prensa), cabos para ferramentas, esquadrias, portais, soleiras, frechais, vigamentos e mão-de-pilão (Carvalho, 2009; Lorenzi, 2008). É considerada árvore ornamental, podendo ser usada em projetos de arborização e também é pioneira, podendo ser usada com intuito de ajudar na recuperação de áreas degradas. Suas flores são melíferas, inclusive são polinizadas por diferentes espécies de abelhas, enquanto suas folhas podem servir de alimento para caprinos e ovinos em condições específicas. Das cascas são extraídas tanino que é usada no curtimento de couro, enquanto que algumas substâncias presentes nas folhas apresentarem ação moluscicida e larvicida e outras moléculas extraídas da planta também demonstraram ação bactericida, além disso, a baraúna é  rica em bioflavonoides, importantes agentes antioxidantes.
  Espécie decídua(planta cujas folhas caem em certa época), heliófita(aquela que exige exposição total ao sol) e seletiva higrófila(planta de solos mais úmidos). A Baraúna(S. brasiliensis) é nativa(não endêmica do Brasil) típica dos biomas Caatinga e Cerrado, onde na região semiárida ela prefere ambientes de várzea, sendo frequente em solos calcários, mas pode ser encontrada até mesmo em afloramentos pedregosos. Essa espécie ocorre nas seguintes regiões e respectivos estados brasileiros: Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) e Sudeste(Minas Gerais). Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte, observei essa espécie nas mesorregiões Central e do Alto Oeste potiguar, entre os municípios onde vi essa espécie, estão: Florânia, Acari, Currais Novos, Cerro Corá, Baraúna, Carnaúba dos Dantas e Equador.

Referências
BRAGA, R. Plantas do nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza: Depto. Nacional de Obras Contra as Secas, 1960. 540 p.

CARDOSO, M.P.; LIMA, L.S.; DAVID, J.P.; MOREIRA, B.O.; SANTOS, E.O.; DAVID, J.M.; ALVES,C.Q. A New Biflavonoid from Schinopsis brasiliensis (Anacardiaceae). Journal of the
Brazilian Chemical Society, 26(7), 1527-1531, 2015.

CARVALHO, P.E.R. Braúna-do-sertão - Schinopsis brasiliensis. Colombo, Paraná: Embrapa Florestas. Comunicado Técnico, 222, 2009. 9p.

FLORA DO BRASIL. Anacardiaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico
do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/listaBrasil/FichaPublicaTaxonUC/FichaPublicaTaxonUC.do?id=FB4396>. Acesso em: 16 jun. 2019.

GUIMARÃES, P.G.; MOREIRA, I.S.; CAMPOS-FILHO, P.C.; FERRAZ, J.L.; NOVAES, Q.S.; BATISTA,R. Antibacterial activity of Schinopsis brasiliensis against phytopathogens of agricultural
interest. Revista Fitos, 9(3), 167-176, 2015.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, v. 1, ed. 5, 2008.

SANTOS, C.C.S. et al. Evaluation of the toxicity and molluscicidal and larvicidal activities of Schinopsis brasiliensis stem bark extract and its fractions. Revista Brasileira de Farmacognosia,24, 298-303, 2014.

domingo, 9 de junho de 2019

Garrinchão-de-bico-grande Cantorchilus longirostris (Vieillot, 1819) a ave que encanta com sua variedade de sons

Cantorchilus longirostris (Vieillot, 1819) em perfil
  Ave conhecida popularmente como Garrinchão-de-bico-grande,garrincha-açu, rouxinol, cambaxirra-grande, corruíra-açu, corruiraçu, corruiruçu e papa-taoca, entretanto seu nome científico é único,  Cantorchilus longirostris (Vieillot, 1819). Pertence a família Troglodytidae, da qual também fazem parte por exemplo, o rouxinol(Troglodytes musculus) e o uirapuru-verdadeiro.
   O Garrinchão-de-bico-grande(C. longirostris) como o nome indica apresenta bico bem longo com cerca de 2,5cm, enquanto que o comprimento total da ave é de aproximadamente 19 cm e seu peso pode variar de 18 a 22 gramas. Sua coloração é "ferrugem", sendo o dorso mais escuro que o ventre, porém as suas asas e cauda tem  barras escuras. 
  De hábito alimentar insetívoro, o Garrinchão-de-bico-grande(C. longirostris) alimenta-se principalmente de insetos, mas também inclui outros pequenos artrópodes em sua dieta, encontrando-os na folhagem, galhos e na serrapilheira. Geralmente é observado se movimentando bastante na vegetação de porte pequeno a médio na borda e sub-bosque de mata secundária, em florestas como a Mata Atlântica(restinga e manguezal) e Caatinga. Essa espécie é  famosa pela diversidade de manifestações sonoras que emite, apresentando variações tanto do canto como do chamado.
   Seu ninho é construído com fibras vegetais, sendo simples com formato de bola. geralmente são feitos em locais de acesso difícil como em espécies de urtiga ou cactos, além disso próximo a ninhos de marimbondos. Põe geralmente de 2 a 3 ovos(LIMA et al., 2010). 
  Espécie residente e endêmica do Brasil, tendo ocorrência confirmada do Piauí a Santa Catarina.  Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado essa espécie em todas as mesorregiões do território potiguar( Leste Potiguar, Agreste Potiguar, Central Potiguar e Oeste Potiguar.

Referências
FREIRE, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.

GOP, F. Sagot-Martin. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

LIMA, L. M. Aves da Mata Atlântica: riqueza, composição, status, endemismos e conservação. 2013. 513f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.

LIMA,Pedro C.; Rolf Grantsau; Rocha Lima ,Rita de C. F. da; Neto, Thyers N. de C. Lima & Silva, Luiz E. Souza. Ninhos de espécies ameaçadas, endêmicas e outras de comportamento reprodutivo pouco conhecido, na pátria da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) (Psittaciformes: Psittacidae), destacando-se novos dados sobre o comportamento reprodutivo do besourinho-de-cauda-larga (Phaethornis gounellei) (Apodiformes: Trochilidae) a descrição do ninho da choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus) (Passeriformes: Thamnophilidae) e do jacucaca (Penelope jacucaca) (Galliformes: Cracidae). Atualidades Ornitológicas On-line Nº 153 - Janeiro/Fevereiro 2010.

PIACENTINI, V. et al. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 23, n. 2, p. 91-298, 2015.

PICHORIM, Mauro et al. Guia de Aves da Estação Ecológica do Seridó. Natal: Caule de Papiro, 2016.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1997. 863p.