domingo, 7 de setembro de 2014

Malva-rasteira Pavonia cancellata (L.) Cav. ; Flora do RN

   Planta conhecida popularmente como malva-rasteira, guanxuma-rasteira, guaxuma-rasteira,corda-de-viola e Baba-de-boi, entretanto seu nome científico é único, Pavonia cancellata. Pode ser diferenciada das demais espécies do gênero pelas folhas sagitadas.
   Devido a beleza de suas grandes flores que apresentam pétalas amarelas e a área central purpúrea e a sua capacidade de adaptação a diversos ambientes, ela apresenta imenso potencial ornamental, no paisagismo e na apicultura. Floresce na estação chuvosa. Considerada espécie melífera, ela é visitada por abelhas solitárias, tendo-se já registrado a presença de zangões solitários dormindo dentro de suas flores.       Geralmente os machos de abelhas entram  nas flores, antes de seu fechamento, e permanecem até o dia seguinte.  Sendo assim, é interessante cultivar essa espécie junto com outras espécies de plantas melíferas com o objetivo de fornecer  néctar e pólen para as abelhas nativas. Propaga-se por meio de sementes.  Ela é hospedeira da mosca-branca Bemisia tabaci raça B, que transmite begomoviroses para as culturas do tomate e repolho.
   É uma espécie de porte herbáceo anual que ocorre em solos arenosos e em áreas abertas, ocupando áreas cultivadas, pastagens, terras abandonadas, margens de rodovias e terrenos baldios. Ocorre com muita freqüência em áreas do pólo de fruticultura irrigada do Nordeste do Brasil. Ocorre em quase todo território brasileiro, com exceção da região Sul do país, sendo encontrada nos grandes biomas brasileiros, na Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia.

DESCRIÇÃO TAXONÔMICA DA ESPÉCIE: Pavonia cancellata (L.) Cav.

“Apresenta caule prostrado, cilíndrico, verde ou avermelhado, revestido por indumento de pelos brancos muito visíveis e contrastantes. Folhas alternadas com pecíolos também pilosos e providas de um par de estípulas lineares. Limbo tipicamente sagitado, recoberto por pelos em ambas as faces e com margens irregularmente onduladas a serreadas. Flores isoladas nas axilas das folhas, com longo pedúnculo que copia os pelos do caule, calículo ou cálice suplementar constituído por até 14 peças livres, cálice com 5 sépalas soldadas, corola amarela com 5 pétalas soldadas, formando um pequeno tubo, internamente avermelhado. Androceu com estames soldados por meio dos filetes, formando uma coluna, e gineceu com estigma mais alto que a coluna de estames. Fruto seco do tipo esquizocarpo, que se desfaz ao esfregaço em 5 mericarpos.”  

Referências
Camila Maia-Silva...[et al.]. Guia de plantas : visitadas por abelhas na Caatinga. 1. ed. -- Fortaleza, CE : Editora Fundação Brasil Cidadão, 2012.
Moreira, Henrique José da Costa&Bragança,Horlandezan Belirdes Nippes.  Manual de identificação de plantas infestantes: hortifrúti . São Paulo: FMC Agricultural Products, 2011.
Det.: J. Jardim, set.2013
Renato Braga. Plantas do nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza: coleção mossoroense-volume XLII, 1996. Pg: 337

sábado, 30 de agosto de 2014

Arribaçã Zenaida auriculata (Des Murs, 1847); Fauna do RN

    Ave conhecida popularmente como: arribaçã, ribaçã , rabaçã, rabação, rebaçã, ribação,arribação, pomba-de-arribação, pomba-de-bando, pomba-do-meio, pomba-do-sertão, pomba-parari, pomba-pararu, pomba-amargosinha, bairari, cardigueira, cardinheira, guaçuroba-pequena, juriti-carregadeira, pairari, pararé, parari, , rolinha, amargozinha e avoante. Entretanto para ciência seu nome é único, pois seu nome científico é Zenaida auriculata, sendo o primeiro nome referente ao genêro Zenaida Bonaparte,1825;, enquanto o termo específico auriculata é de origem latim, auriculatus que é diminutivo de auris que significa pequena orelha. 
   Espécie grande,podendo os indivíduos adultos medir cerca de 25cm de comprimento. apresenta o dorso pardo,cabeça com duas faixas negras nos lados da cabeça atrás dos olhos, formando como se fossem orelhas (origem do nome latino auriculata = com orelhas) e algumas machas da mesma cor nas asas; os olhos são envoltos por uma pele azulada. Nas asas, as bolas negras também são marcantes, as retrizes (particularmente as laterais) com amplo ápice branco, realçado por faixa negra ante-apical, que dá muito na vista quando a ave pousa. Pode ser confundida com uma parente próxima, a Juriti(Leptotila sp.), entretanto esta ocorre em florestas e bosques, enquanto que a Arribaçã(Zenaida auriculata) prefere áreas campestres, cerrado, caatinga e plantações. . Indivíduos imaturos com cerca de três semanas de vida apresentam cabeça, pescoço e asas triangularmente riscados de branco ou amarelados e uma grande nódoa branca no loro.
   Existe dimorfismo sexual,pois o macho tem a cabeça azulada e seu pescoço quando iluminado pela luz do sol mostra manchas cor-de-rosa e azul para atrair a fêmea na época de acasalamento quando o macho se exibe enchendo o pescoço. Na fêmea a cabeça é um tom amarronzado meio ruivo com o pescoço quando a luz do sol o ilumina de um tom amarelado e esverdeado.

   Alimenta-se de grãos como sementes de caruru e de brotos de algumas plantas, principalmente espécies da família Euforbiaceae, em especial Croton jacobinensis(Aquirre, 1976). Com a destruição de seu habitat ao longo do "tempo" para implantação de monoculturas como por exemplo, soja,arroz,milho,trigo, elas passaram a incluir também em sua dieta esses grãos e em algumas regiões como na área do Triângulo Mineiro, e em outros países como Colômbia (em relação à soja) e na Argentina (Córdoba) elas são consideradas "praga" da agricultura desses grãos, nessa última área 85% de sua alimentação é composta de grãos cultivados, sobretudo sorgo, trigo e painço (Bucher 1970), sendo as aves sempre abundantes, havendo pombais de um a cinco milhões de indivíduos.
   É muito prolífica. Em alguns locais pode construir seu ninho diretamente no chão, mas é mais comum que o construa um arbustos, palmeiras ou ate mesmo no forro de telhados. O ninho em forma de tigela rasa é um amontoado de gravetos tão ralo que as vezes é possível ver os ovos através dele. Não é de se estranhar que tantos ovos e filhotes caiam derrubados pelo vento ou pela chuva. Os ninhos são construídos sobre o solo arenoso da caatinga nordestina e eventualmente em arbustos, até cerca de 3 metros do chão, onde a fêmea poe de 2 a 3 ovos brancos em cada ninho.  Geralmente são criados 2 ou 3 filhotes por ninhada. Estes são alimentados por ambos os pais e deixam o ninho dentro de duas semanas. Os locais onde essa espécie se concentra aos milhares são chamados pombais. A duração de um pombal chega a ser entre 60 a 70 dias. Foi observado que não usa os mesmos pombais todos os anos para fazer suas posturas.
   A arribaça (Zenakia auriculata) distribui-se nas formações abertas da América do Sul cisandina desde a Colômbia, Venezuela, Trinidad-Tobago e Guianas até o centro-sul da Argentina e ocorre em todo o Brasil. Originalmente ave campestre típica da Caatinga, Cerrado e campos, atualmente vem aumentando significativamente sua distribuição, beneficiada pelo desmatamento e nas ultimas décadas conquistou efetivamente o ambiente urbano, chegando ate mesmo a grandes metrópoles como São Paulo, onde sua população vem aumentando a cada ano desde 1970.  É uma das poucas aves de ambiente terrestre na Ilha de Fernando de Noronha, no meio do Oceano Atlântico. 
   Na região Nordeste do Brasil, onde realiza migrações locais conforme as secas também forma bandos enormes. Nessa região é muito caçada, chegando a ser vendida em feiras livres, sendo tal prática proibida, devendo ser denunciada.
   "A intervalos de dois a três anos torna-se numerosíssima no Nordeste (Píauí, Ceará, Rio Grande dó Norte), surgindo de abril a junho aos milhares e formando bandos compactos cuja afluência figura entre as mais espetaculares migrações de aves em todo mundo. Ao que parece são atraídas pela abundante frutificação de marmelo (Croton sp.), ocorrente após as pesadas chuvas caídas usualmente entre novembro e março, conforme foi verificado por A. Aguirre a quem devemos as primeiras melhores informações acerca da espécie. O padrão de recuperação de 26.000 avo antes anilhados mostrou uma movimentação dentro da caatinga da mesma forma que as chuvas (Antas 1987). Foi o primeiro caso de migração evidenciada pelo uso de anilhas no Brasil. A caatinga, situada na faixa pluviométrica anual média de 550 a 750mm, possui um padrão estacional de chuvas movendo-se do centro-oeste até o Rio Grande do Norte. O trimestre mais chuvoso vai lentamente dirigindo- se de sudoeste para nordeste. A chuva leva a caatinga a rebrotar, florescer, frutificar. É quando as sementes maturam e caem que inicia o período ideal para a avoante, uma granívora de solo. Os sertanejos perseguem as arribaçãs por todos os meios até mesmo à noite ("fachear"), principalmente nos "pombais de bebida", que podem ser cacimbas feitas na hora a fim de atraí-Ias. O cúmulo da brutalidade é que os "caçadores" costumam envenenar' a água das cacimbas, usando um veneno que apenas atinge as pombas quando bebem, não as pessoas."
   É bom lembrarmos que é crime ambiental matar essa ave ou qualquer outro animal silvestre da fauna brasileira sem autorização do IBAMA, pois segundo esse órgão quem for pego caçando arribaçãs responde por crime de caça predatória e pode pegar de seis meses a um ano de prisão, além de pagar uma multa de R$ 500 por cada ave apreendida.

Referências 
ANDRADE, M. A. Aves Silvestres: Minas Gerais. Belo Horizonte: Conselho Internacional para Preservação das Aves, p. 67, 1997. 
DUNNING, J. S.; BELTON, W. Aves Silvestres do Rio Grande do Sul. 3ed, Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, p. 54, 1993. 
FREIRE, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p. 
F. Sagot-Martin, GOP. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.
MIRANDA, J. R.; MIRANDA E. E. Biodiversidade e Sistemas de Produção Orgânica: Recomendações no Caso da Cana-de-Açúcar, Embrapa Monitoramento por Satélite, 94 p., 2004. 
Paulo de Tarso Zuquim Antas. A nidificação da avoante, Zenaida auriculata, no Nordeste do Brasil, relacionada com o substrato fornecido pela vegetação.  Rev. Bras. Zool. vol.3 no.7 Curitiba 1986
SICK, H. Ornitologia Brasileira, uma Introdução. 2ed, Brasília: Universidade de Brasília, p. 286, 1986.

domingo, 24 de agosto de 2014

Rouxinol Troglodytes musculus Naumann, 1823; Fauna do RN

   Ave conhecida popularmente como Rouxinol,Corruíra-de-casa, Carriça, Garriça, Curuíra, Coroíra, Curreca,Cambaxirra, Carruíra,Garrincha,Cutipuruí ou Maria-judia. Entretanto seu nome científico é único, cientificamente seu nome é Troglodytes musculus. O gênero Troglodytes é uma palavra de origem grega que significa aquele que mora em cavernas, enquanto que o termo específico(segundo nome) musculus é uma palavra de origem latina,sendo o diminutivo de mus,que significa pequeno rato; camundongo, sendo assim, seu nome científico significa literalmente "pequeno rato que habita as cavernas." Ela pertence a família Troglodytidae, a mesma da qual faz parte a lendária e famosíssima ave conhecida como Uirapuru, que é considerada por muitos como a ave brasileira que tem o canto mais bonito.
   Individuo adulto atinge 12g de peso,13cm de comprimento total, sendo 4,8cm de asa, 3,8 de cauda, 1,2cm de bico e o tarso 1,7cm. Coloração parda,asas e cauda com finas faixas transversais negras, dorso pardo uniforme (ao contrário de Cistothorus), lado inferior pardacento-claro ligeiramente rosado. Ave de belos cantos bem complexos, que geralmente são entoados ao amanhecer e no final da tarde,sendo o canto do macho uma estrofe curta, ininterrupta, de notas altas e ressonantes, em andamento rápido,enquanto que a fêmea responde com uma seqüência de tons roucos monótonos. Entretanto o macho excitado às vezes produz também estalidos ("tak") e até matraqueia a intervalos intercalados aos cantos, na presença da fêmea. Um canto comum de advertência da espécie é "kretkret". Essa espécie não apresenta dimorfismo sexual, ou seja, indivíduos do sexo masculino e feminino apresentam características física não sexuais iguais.
   Alimenta-se de pequenos invertebrados,principalmente insetos como,besouros, cigarrinhas, formigas, lagartas, vespas, e aracnídeos como pequenas aranhas e até filhotes de lagartixa(vertebrado). 
   Constroem seu ninho qualquer tipo de cavidade, talvez esse seja o motivo de ter recebido o nome do gênero Troglodytes, que significa morador da caverna. Seus comportamentos reprodutivos em relação aos locais onde já foi encontrado seus ninhos, são bastante curiosos e bem diversificados tais como: troncos de árvores ocas, embaixo de telhas de casas,caixas de sapato, sapatos, botas, debaixo dos telhados, em caixas de disjuntores, nas luminárias, tubulações,telefones públicos, tratores, caixas de música, instalações elétricas, etc. O ninho mais ousado encontrado até o momento foi um ninho construído dentro do suporte de um ventilador de teto: o casal fazia o maior malabarismo para conseguir alimentar o filhote, sem ser degolado pelas lâminas do ventilador.
  Os ninhos são constituídos principalmente por gravetos entrelaçados com no máximo 18 centímetros e mínimo 1,7 centímetros. Apresentavam folhas, raízes, sementes e diversos materiais industrializados como pregos, metais, papel, plástico e tecido. No local em que são depositados os ovos (câmara), ocorre o revestimento de penas de outras aves, pelos provavelmente de bovino, suíno e equino e, grande quantidade de cabelos humanos. Nesses a ave faz a postura de 3 a 6 ovos, vermelho-claros, densamente salpicados de vermelho-escuro, com manchas cinza-claras, que eclodem após cerca de duas semanas e os filhotes demoram quase o dobro deste tempo para abandonar o ninho. Os pais se revezam nos cuidados com os filhotes. Depois que deixam o ninho, os filhotes ainda mantém contato com os pais, formando pequenos grupos que chegam a ajudar aos pais alimentando os novos irmãos provenientes da próxima postura.
   O Rouxinol(Troglodytes musculus) pode destruir ovos de outras espécies de aves sem nem mesmo alimentar-se deles. Este comportamento pode estar relacionado à eliminação de competidores de outras espécies. Há vários relatos deste comportamento para a espécie americana, e para a brasileira há uma descrição de predação em ovos do sabiá-barranco(Turdus leucomelas). É uma espécie muito ativa pulando pelo chão a procura de pequenos invertebrados, e se escondendo rapidamente, o que lembra um camundongo ( musculus = camundongo ). Também pode saltar de galho em galho com a mesma velocidade,entretanto raramente se alimenta muito distante do solo, empoleirando principalmente para cantar, sendo muitas vezes observadas catando em dueto macho e fêmea. Vive solitária ou aos pares.
   Assim como o bem-te-vi é uma das aves mais comuns do Brasil,ocorrendo em qualquer lugar, tipicamente ubíquo, à volta de casas e em jardins, entra até nos quartos, onde canta; sendo encontrada nos centro urbanos; vive nos tipos mais diversos de paisagens naturais, como beira de mata, cerrado, caatinga, pântanos e campos nas serras altas do Sudeste, etc.; ocupa ilhas na costa marítima, como a ilha Alfavaca (Rio de Janeiro) e as ilhas Moleques do Sul (Santa Catarina). Infelizmente a uma crença popular no Rio de Janeiro de que a cambaxirra dá azar.
   Apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde o Canadá até o sul da Argentina, Chile e em todo o Brasil.
   Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, tenho observado com frequência a presença dessa ave em todas as regiões do estado, acredito que assim como o bem-te-vi ela seja encontrado em todos os municípios norte-rio-grandenses, sendo visto tanto em bordas de florestas, como em área urbana.
Referências
Freire, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p. 
F. Sagot-Martin, GOP. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.
LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.
Nicéia wendel de Magalhães. Conheça o Pantanal. Terragraph, 1992.
Sick, Helrnut. Ornitologia Brasileira; pranchas coloridas Paul Barruel e [ohn P.O'Neill ; coordenação e atualização José F. Pacheco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
Simone Inês CRISTOFOLI & Martin SANDER COMPOSIÇÃO DO NINHO DE CORRUÍRA: Troglodytes musculus NAUMANN,1823 (PASSERIFORMES: TROGLODYTIDAE). Biodivers. Pampeana Uruguaiana, 5(2): 6-8, 2007
Biblioteca Digital de Ciências. Corruira ou Cambaxirra ( Troglodytes (aedon) musculus ). Disponível em: http://www.bdc.ib.unicamp.br/bdc/visualizarMaterial.php?idMaterial=416 Acesso em 24 de agosto de 2014.

domingo, 17 de agosto de 2014

Borboleta Hamadryas februa (Hübner, 1823); Fauna do RN

   Borboleta conhecida popularmente como Borboleta-estaladeira, Assenta-pau-de-barriga-cinzenta ou Pardinha, entretanto seu nome científico é único, cientificamente ela é mundialmente conhecida como Hamadryas februa.
   De maneira geral seu corpo é cinza,apresentando asas anteriores salpicadas com coloração acinzentada, com cadeia de pequenas manchas escuras, enquanto que a parte inferior é branca salpicada de manchas marrons com branco. Não há dimorfismo sexual evidente, ou seja, externamente o macho é idêntico a fêmea. A envergadura de suas asas apresenta em média de 7 a 8,6cm de comprimento.
   Geralmente indivíduos adultos descansam em troncos de árvores de cabeça para baixo com suas asas abertas. Os ovos são colocados isoladamente em folhas ou sépalas da planta hospedeira; as lagartas são solitárias. Antes de escurecer adultos se reúnem em uma única árvore, em seguida, se dispersam para o poleiro em árvores próximas ou arbustos. Indivíduos adultos alimentam-se da resina que exsuda do tronco das árvores e nos frutos fermentados. Enquanto que na fase larval(a lagarta), essa espécie se alimenta das folhas de algumas espécies da família Euphorbiaceae, são as seguintes plantas que ela costuma utilizar como planta hospedeira: Dalechampia heteromorpha,Dalechampia scandens,Dalechampia tiliifolia,Dalechampia triphylla,Tragia volubilis  .
   Darwin, em 1859 observou estas borboletas no Rio de Janeiro, e as chamou de borboleta carijó, o estalido emitido ocorre somente durante o cortejo, através de um saco membranoso característico na base das asas anteriores (DOUBLEDAY, 1845), sendo esse o motivo pelo qual ela também é conhecida vulgarmente como Borboleta-estaladeira.
   Vive no interior de Florestas Subtropicais e nas bordas dessas, como também em áreas cultivadas com árvores ou arbustos. Hamadryas Februa é uma espécie de borboleta típica da América do Sul. Sua distribuição estende-se desde o México até a Colômbia e o Brasil. Ela também ocorre nas ilhas do Caribe. 
   Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte tenho observado essa borboleta poucas vezes no interior de Florestas, mas principalmente em áreas mais abertas dessas e em áreas de sítios por exemplo com plantações de mangueiras e cajueiros.

Classificação Científica: 
Reino: Animalia; Filo: Arthropoda; Classe: Insecta; Ordem: LEPIDOPTERA; Subordem: DITRYSIA; Superfamília: Papilionoidea; Família: NYMPHALIDAE; Subfamília: Biblidinae; Tribo: AGERONIINI; Gênero: HAMADRYAS; Nome específico: februa


Referências
Hamadryas Februa Disponível em http://www.butterfliesandmoths.org/species/Hamadryas-februa Acessoe em 17 de agosto de 2014.

Hamadryas Februa Disponível em http://en.butterflycorner.net/Hamadryas-februa.462.0.html Acessoe em 17 de agosto de 2014.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Capitãozinho Strychnos parvifolia A. DC.; Flora do RN

    Planta conhecida popularmente como Capitãozinho, Capitãozinho-preto, Capitão, Carrasco-preto, Carrasco-roxo,Gulari e Pau-pereira. Entretanto seu nome científico é único sendo atualmente denominado como Strychnos parvifolia. Essa espécie pertence a família Loganiaceae que apresenta 420 espécies com ampla distribuição, ocorrendo principalmente nas regiões tropicais e subtropicais.
   Capitãozinho(Strychnos parvifolia) é de porte arbustivo, possui distribuição exclusiva na América do Sul, ocorrendo na Bolívia, Paraguai, Peru e Brasil (Krukoff & Barneby 1969a). De acordo com Krukoff (1972), ela ocorre no seguintes estados brasileiros: Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. No território Paraibano tem sido observada em áreas abertas de remanescentes de Mata Atlântica e brejos de altitude. Amostras floridas foram coletadas nos meses de março, junho e outubro. Amostras frutificadas foram coletadas em fevereiro.
   Durante minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte tenho observado e fotografado essa espécie nas regiões " litorânea" e "agreste", tendo-a encontrada em áreas abertas de tabuleiros fixada em solo arenoso no Bioma da Mata Atlântica. 
Informações Técnicas da Espécie Strychnos parvifolia
"Arbusto escandente, glabrescente; ramos cilíndricos, divaricados, estriados, armados com espinhos axilares, aciculares, 1,5-2,5 cm compr.; estípulas presentes nos ramos jovens, decíduas nos ramos adultos, 0,2-0,3 cm compr., lineares; gavinhas ca. 1,5 cm compr., espiraladas no ápice. Folhas opostas; pecíolo 0,5-1,0 cm compr., cilíndrico; lâmina 4,014×2,74,0 cm, lanceolada a elíptica, cartácea a coriácea, trinérvea, margem ciliada, base cuneada, ápice agudo, pilosa ao longo da venação, tricomas simples, unicelulares e pluricelulares. Inflorescências em cimeiras terminais, laxas, pedunculadas (2,04,0 mm compr.); brácteas 2, elípticas a lanceoladas, pilosas, 1,0-2,0 mm compr., ápice agudo a acuminado. Flores 20-40, pedicelos 0,9-1,0 mm compr.; cálice tubuloso, 1,9-2,5 mm compr., soldado até metade, lobos triangulares, pubescentes internamente; corola campanulada, 2,5-3,0 mm compr., soldada no 1/4 basal, amarelo-pálido, vilosa na parte mediana interna, lacínios lanceolados. Estames 5, exsertos; filetes cilíndricos, ca. 1,0 mm compr., anteras ca. 0,5 mm compr., elípticas. Ovário globoso, ca. 1,0 mm diâm.; estilete 0,9-1,0 mm compr., filiforme; estigma capitado. Baga globosa, ca. 2,0 cm diâm., epicarpo liso, brilhante; 1-3-sementes, 1,5×1,2 cm, suborbiculares, testa crustácea."

Referências
Freire, Maria Socorro Borges, Levantamento Florístico do Parque Estadual Dunas de Natal, Acta Botânica Brasílica. 4(2): 1990.
Kiriaki Nurit; Maria de Fátima Agra; Ionaldo J.L.D. Basílio; George Sidney Baracho. Flora da Paraíba, Brasil: Loganiaceae. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0102-33062005000200024&script=sci_arttext Acesso em 12 de agosto de 2014. Acta Bot. Bras. vol.19 no.2 São Paulo Apr./June 2005.
Ionaldo José Lima Diniz BASÍLIO, Kiriaki NURIT & Maria de Fátima AGRA. Estudo Farmacobotânico das Folhas de três Espécies do Gênero Strychnos L. (Loganiaceae) do Nordeste do Brasil.  Acta Farm. Bonaerense 24 (3): 356-65 (2005).
Det.: J. Jardim, set.2013    

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Perereca Scinax cf. fuscomarginatus (A. Lutz, 1925); Fauna do RN

   Anfíbio anuro de pequeno porte, com cerca de 2,6 cm de comprimento rostro-cloacal, sendo seu nome científico Scinax fuscomarginatus. Essa espécie de perereca pertence a família Hylidae. Ela geralmente é encontrada geralmente na vegetação baixa próxima a corpos d’água temporários e permanentes, em locais abrigados e áreas de gramíneas. 
   Ocorre em ambientes florestados e áreas abertas, como o Cerrado,Pantanal,áreas de transição entre a Caatinga e a Mata Atlântica, distribuindo-se pelo leste da Bolívia, por todo território paraguaio e nordeste da Argentina e no Brasil a espécie existe no Estado do Amazonas, através do Brasil central, região Nordeste,Sul e Sudeste até o estado do Paraná.
    A espécie é tolerante a ambientes perturbados, e já foi encontrada em cultivo de arroz. Pode ser vista numa faixa altitudinal de 0 a 2.000 m de altitude.
   S. fuscomarginatus caracteriza-se por machos que se agregam em torno de poças permanentes ou temporárias para a reprodução, utilizando a vegetação marginal como sítio de vocalização. Sabe-se que o período reprodutivo é prolongado,sendo a desova depositada diretamente em corpos d’água lênticos, onde os girinos se desenvolvem.

Referências
Garda Lab,UFRN. Herpetofauna da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), Macaíba, RN. Disponível em: https://sites.google.com/site/larufrn/fotografia/herpetofauna-da-eaj-macaba-rn Acesso em 06 de agosto de 2014.

Guarino Colli, Lucy Aquino, Claudia Azevedo-Ramos, Débora Silvano, Norman Scott, José Langone 2004. Scinax fuscomarginatus. In:. IUCN 2014 IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Versão 2014.1. < www.iucnredlist.org >. Transferido em 21 de junho de 2014.

Luís Felipe de Toledo Ramos Pereira. BIOLOGIA REPRODUTIVA DE Scinax fuscomarginatus EM UM FRAGMENTO DE CERRADO NO SUDESTE DO BRASIL. Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Campus de Rio Claro, para a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas (Área de Zoologia). Orientador: Prof. Dr. DENIS OTÁVIO VIEIRA DE ANDRADE

domingo, 27 de julho de 2014

Percevejo-do-mato Edessa rufomarginata (De Geer, 1773); Fauna do RN

   Percevejo conhecido popularmente como Maria-fedida, Maria-peidona ou Fede-fede,Percevejo-do-mato,Percevejo-de-plantas,Percevejo-fedorento,Frade, entretanto seu nome científico é único,Edessa rufomarginata (De Geer, 1773). Essa espécie pertence a família Pentatomidae, sendo esta representada por muitos insetos considerados pestes agrícolas, pois podem causar danos diretos e indiretos às plantações e consequentemente a economia. Todos os representantes dessa família produzirem um odor desagradável por meio de glândulas odoríferas que nos adultos se abrem na região das metacoxas e nas ninfas no dorso do abdome (PANIZZI et al., 2000). 
   Estes insetos podem ser facilmente reconhecíveis por suas antenas geralmente com cinco segmentos, escutelo comumente plano e triangular estendendo-se até a base da membrana, hemiélitros sempre mais ou menos visíveis, ângulos umerais por vezes desenvolvidos (LIMA, 1940; MOORE, 2005).
  Maria-fedida(Edessa rufomarginata) é exclusivamente terrestre,tem hábito fitófago,alimentando-se de diversas partes da planta, podendo ser uma importante praga de culturas, em particular de espécies da família das Solanáceas (batata, tabaco e berinjela, por exemplo). Atinge em média o comprimento total de 18,2 milímetros(corpo). Os adultos têm vários métodos de defesa, incluindo uma exposição bastante agitada das antenas, recuo para um local abrigado, caindo e se escondendo na serapilheira ou voando,e segregando produtos químicos tóxicos. 
  As fêmeas de E. rufomarginata não apresentam cuidado maternal(não guarda os ovos) e depositam cerca de 14 ovos em duas fileiras de 7 sobre as plantas hospedeiras. A incubação dura de 7 a 10 dias. Ninfas são gregárias até o terceiro instar,a partir do qual elas se dispersam através da planta hospedeira (Silva e Oliveira, 2010).
   Algumas pesquisas comprovaram que formigas constantemente antenavam o abdômen de ninfas de terceiro a quinto ínstar de E. rufomarginata, e por duas vezes, foram observadas consumindo seu exsudato(Silva,2010).Até o presente foram registrados como seus predadores, o percevejo reduvídeo Heniartes sp. alimentando-se tanto das ninfas como de indivíduos adultos de E. rufomarginata. Também foram observadas formigas alimentando-se dos seus ovos e vespas Scelionine parasitando os ovos de E. rufomarginata .
   E. rufomarginata  ocorre do México ao norte da Argentina. As fotos dessa postagem foram feitas em Florânia, no Rio Grande do Norte em 2011.

REVISÃO DO GÊNERO Edessa e CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO Edessa rufomarginata.

"O gênero Edessa, proposto por FABRICIUS (1803), é o maior de Pentatomidae, com cerca de 260 espécies descritas até o momento. Devido à grande quantidade de espécies já conhecidas, além daquelas ainda não descritas (cerca de 300, J. A. M. Fernandes, comun. pess.), torna-se impraticável revisar todo o gênero de uma única vez. Como forma de resolver o problema, FERNANDES & VAN DOESBURG (2000a) propuseram revisar o gênero Edessa, dividindo-o em pequenos grupos de espécies com características morfológicas semelhantes, especialmente na morfologia da genitália. Até o momento,já foram descritos quatro grupos de espécies.
O grupo Edessa rufomarginata se caracteriza por apresentar corpo ovalado; jugas, em vista lateral, inclinadas; distância entre os olhos maior que a metade da largura da cabeça; ângulos umerais obtusos, não-desenvolvidos; ápice do escutelo não alcança o sexto segmento do conexivo; área central na superfície ventral do abdome sem quilha; ângulos póstero-laterais do sétimo segmento abdominal curtos, menores que a metade do comprimento do laterotergito 8 nas fêmeas; comprimento dos laterotergitos 9 subiguais aos laterotergitos 8; coloração da face texturizada da cabeça do parâmero diferente da coloração do parâmero. O grupo E. rufomarginata possui 15 espécies de tamanho médio de 11,2 a 20,7 mm(Silva&Fernandes&Grazia)."

Referências
Eduardo J. Ely e Silva, José A. M. Fernandes & Jocélia Grazia. Caracterização do grupo Edessa rufomarginata e descrição de sete novas espécies (Heteroptera, Pentatomidae, Edessinae). Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, 96(3):345-362, 30 de setembro de 2006.

Thereza de Almeida Garbelotto.  PENTATOMINAE (HETEROPTERA, PENTATOMIDAE) NO SUL DE SANTA CATARINA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas da Universidade do Extremo Sul Catarinense. CRICIÚMA, SC ,2008.

Edessa rufomarginata. Disponível em: http://www.americaninsects.net/ht/edessa-rufomarginata.html  Acesso em 27 de julho de 2014.

domingo, 13 de julho de 2014

Ninféia Nymphoides humboldtiana (Kunh) Kuntze; Flora do RN

  Planta conhecida popularmente como Ninféia,Coração-flutuante,Estrela-branca,Golfo, Guapeua, Mureré,Soldanela-d’água,Apérana e Lagartixa, entretanto cientificamente seu nome é único,Nymphoides humboldtiana (Kunh) Kuntze.  Ela pertence a família Menyanthaceae, sendo a única espécie dessa família que ocorre de forma espontânea no Brasil (Kissmann & Groth, 1995). Erva aquática flutuante fixa, ocorrendo em áreas alagadas com água doce, parada ou com pouca movimentação (Kissmann & Groth, 1995).          
   Ocorre em solos férteis e argilosos (Pott & Pott, 2000). Lê Cointe (1947) menciona que habita regos, terrenos baixos e nos campos de várzea. A planta acompanha a subida da cheia, crescendo 30 cm por dia até 3,5 m de profundidade, daí morre (Pott & Pott, 2000).
   Em locais de água parada ou de pouca movimentação, pode se tornar uma infestante,cobrindo grandes extensões (Kissmann & Groth, 1995). Em áreas perturbadas pode aumentar o número de plantas. É tida como invasora do arroz irrigado na índia e no Rio Grande do Sul (Pott & Pott, 2000).
   Produz flor durante a maior parte do ano, em maior quantidade durante e no final da cheia. Cada flor dura um dia. O fruto submerge e amadurece na água (Pott & Pott, 2000).
   Propaga-se por semente, pedaços de rizoma com folha (Pott & Pott, 2000) ou folha. As sementes germinam no lodo. Normalmente a multiplicação é vegetativa. Quando uma lâmina foliar permanece dentro da água, em pouco tempo se formam, no ápice do pedúnculo, plantas adventícias que desenvolvem raízes e podem ser separadas quando alcançam um tamanho que permita a auto-sustentação (Kissmann & Groth, 1995). Necessita de muita luz, sob pleno sol ou sombra leve (POtt & Pott, 2000).
   Essa espécie é utilizada como ornamental, medicinal, forrageira e na alimentação humana. A forragem serve para o gado (Pott & Pott, 2000), sendo considerada de qualidade regular (Lê Cointe, 1947). É usada como amarga, digestiva, tônica, vermífuga, contra febres (Pott & Pott,2000) e dispepsia (Machado & Ribeiro, 1951). Planta atraente, que pode ser usada em aquários (Kissmann & Groth, 1995). Planta apícola, ou seja, é visitada por abelhas (Pott & Pott, 2000).
 
  N. humboldtiana é espécie exclusiva do continente americano, sendo encontrada em praticamente todo o território brasileiro e em todos os biomas do Brasil. Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei essa planta em todas as regiões do território norte-rio-grandense,sempre associada a ambientes aquáticos doce,sendo as últimas observações em um riacho no município de São José de Mipibu e na lagoa barrenta em Monte Alegre, suponho que ela ocorra em todos os municípios potiguares.

Referências
CÔRREA, M.P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Colaboração de PENNA, L. de A. Rio de Janeiro: IBDF, 1984. 6v.

Giulietti, A.M.; Santa Izabel, T.S. & Oliveira, R. P. 2015. Flora da Bahia: Menyanthaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 754:1-5.

KISSMANN, K.G.; GROTH, D. Plantas infestantes e nocivas. São Paulo: BASF, 1995. 683p. (Tomo III).

LÊ COINTE, P. Árvores e plantas úteis (indígenas e aclimadas): nomes vernáculos e nomes vulgares, classificação botânica, habitat, principais aplicações e propriedades. São Paulo: Companhia editora Nacional, 1947. 506p. (A Amazônia Brasileira, 3).

MACHADO, A.; RIBEIRO, O. Estudo químico da aperana, ‘Limnanthemum humboldtianum’ Griseb. Boletim do Instituto de Química Agrícola, n.22, p. 7-9, 1951.

MISSOURI BOTANICAL GARDEN – MBG. MOBOT. W3 TROPICOS. Specimen database. St. Louis, 2003. Disponível em: http://mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html Acesso: 18/2/2005.

ORNDUFF, R. Neotropical Nymphoides (Menyanthaceae): Meso-american and west indian species. Brittonia, v. 21, oct./dec. 1969.

POTT, V.J.; POTT, A. Plantas aquáticas do pantanal. Brasília: Centro de Pesquisas Agropecuárias do Pantanal, 2000. 404p.: il.

PROJETO: “EXTRATIVISMO NÃO-MADEIREIRO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA (ITTO – PD 31/99 Ver. 3 (I)”. BANCO DE DADOS “NON WOOD”.

ROYAL BOTANIC GARDENS, KEW. World checklist of monocotyledons. Disponível em: http://www.kew.org/epic/ Acesso: 18/04/2005.

THE NEW YORK BOTANICAL GARDEN – NYBG. International Plant Science Center.
The virtual herbarium of the New York Botanical Garden. Nymphoides indica. New York, 1996-2002. Disponivel em: http://nybg.org.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Beija-flor-tesoura Eupetomena macroura (Gmelin, 1788); Fauna do RN

   Ave conhecida popularmente como Beija-flor-tesoura, beija-flor-rabo-de-tesoura ou tesourão, mas científicamente seu nome é único, Eupetomena macroura. O que significa seu nome científico? do (grego) eu = divindade, deus; e petonemos = sempre sustentado pelas asas, voando; e do (grego) makros = longo, comprido; e ouros, oura = cauda, sendo assim seu nome significa: divindade sustentada pelas asas e que tem a cauda longa ou ave divina com a cauda longa que está sempre voando). Ele pertence à família Trochilidae, essa é a família típica dos beija-flores. A sua vocalização varia de um “Tsak” forte a um chilrear fraco entremeado de “tja-tja-tja”. 

   O beija-flor-tesoura é o maior dos nossos beija-flores. Um indivíduo adulto pesa cerca de 10g e atinge de 15 cm a 19 cm de comprimento, da ponta do bico até a ponta da sua longa cauda bifurcada, que equivale a quase 2/3 do tamanho total. Aliás, essa imensa cauda bifurcada é a sua principal característica. O comprimento da asa é de 72 mm,da cauda 107 mm e do bico 22 mm. 

   Dependendo da iluminação, de longe ele parece todo negro ou de cor azul-marinho, mas em condições perfeitas de iluminação suas cores iridescentes aparecem assim distribuídas pelo corpo: Cabeça, pescoço e parte superior do tórax de um profundo azul violeta; resto da plumagem verde-escuro iridescente. Pequena mancha branca atrás dos olhos; as penas das asas, chamadas rêmiges de cor castanho-escuro; raques das primárias externas alargadas, embora sejam bem menos evidentes que as espécies do gênero Campylopterus; cauda azul-escuro; calções brancos; bico ligeiramente curvado para baixo e preto. Eventualmente apresenta as penas azuladas da fronte tingidas de branco, amarelo, ou de cores diversas, em virtude do acúmulo de pólen proveniente das flores que poliniza. A fêmea é igual ao macho, mas é um pouco menor e mais pálida. Imaturo é igual à fêmea, mas a cabeça é particularmente mais pálida e tingida de marrom.
   Alimenta-se de néctar de flores e também artrópodes (insetos e aracnídeos) que garantem aos beija-flores as proteínas necessárias, absolutamente indispensáveis ao crescimento dos jovens. Pegam insetos em teias de aranha, em frestas de buracos de paredes, em fendas de árvores. É um déspota generalista. Déspota porque ele é dominante sobre qualquer outro beija-flor e os desloca do seu território de alimentação com alto grau de agressividade. Generalista porque ele consegue coletar néctar de praticamente qualquer flor, seja uma minúscula cambará-de-cheiro ou uma enorme flor de pequi, passando por flores de eucaliptos, de goiabeiras, de mangueiras e até a sua preferida flor de malvavisco, sendo importante na polinização de muitas plantas. 

   Na época do acasalamento, o macho faz a corte pairando em pleno voo em frente da fêmea empoleirada. Depois macho e fêmea realizam voos de zigue-zague, ocorrendo voos rasantes do macho sobre a fêmea. O macho separa-se da fêmea imediatamente após a cópula. Um macho pode acasalar com várias fêmeas e com toda a probabilidade, a fêmea também vai acasalar com vários machos. A fêmea é a responsável pela escolha do local e pela construção do ninho. 

   O ninho desta espécie é construído em forma de tigela aberta sobre um ramo mais ou menos horizontal ou em uma forquilha de arbusto ou árvore, a cerca de 2 a 3 metros do solo. Ele é composto por fibras vegetais macias incluindo painas, fiapos de lâminas de xaxim, fragmentos de folhas, liquens, musgo, entre outros, utilizando de líquido (podendo ser saliva, seiva ou néctar regurgitado) que são aderidos extremamente com teias de aranha. 

   Põe de dois a três ovos brancos e alongados nos meses de janeiro e fevereiro. Somente a fêmea incuba os ovos e os filhotes nascem após 15 a 16 dias e são alimentados pela fêmea principalmente com insetos, enquanto o macho defende seu território e as flores com que e alimenta. Os filhotes deixam o ninho com 22 a 24 dias.

   O beija-flor tesoura (Eupetomena macroura) forma leks, ou grandes grupos de machos que cantam em conjunto para atrair o maior número de fêmeas possível para a área. Marco A. Pizo e Wesley R. Silva estudaram leks de beija-flores por 22 meses, observando que os leks ocorrem pouco antes do amanhecer, e o número de machos cantando por manhã variou de seis a 15.
   É freqüentemente o beija-flor mais comum do Brasil centro-oriental. Não costuma ter medo do ser humano, aproximando-se das pessoas para se alimentar nas garrafas com água e açúcar, ou nas flores de seus jardins. É territorialista e extremamente agressivo, principalmente na época da reprodução, quando é capaz de atacar outras aves muito maiores,inclusive gaviões e tucanos e pequenos mamíferos quando se aproximam do ninho. Em algumas épocas do ano quando há menos disponibilidade de néctar, adota uma única árvore, que pode ser um mulungu ou um ipê como a sede de seu território e a defende ferozmente contra qualquer outra ave, principalmente contra outros beija-flores e contra o cambacica ou sebinhos. Ocorrem lutas ritualísticas intraespecíficas em voo em defesa do território. Antes de fazer os voos de ataque, emite um dois estalos rápidos e sai em perseguição. Se o outro beija-flor pousa, fica rodeando-o até esse retomar o voo, escoltando-o para fora do território imaginário. Ágil, mete-se no meio dos arbustos nessas lutas rápidas; chega a acompanhar a fuga do opositor. Nas horas mais quentes do dia, pousa no interior de arbustos ou árvores e pode ficar chilreando longamente. 
   O metabolismo dos beija-flores é considerado o mais acelerado entre as aves. À noite, quando não pode voar, reduz o metabolismo, o coração desacelera, de uma média de 1000 batimentos por minuto para apenas 30.

   Vive em áreas semiabertas, bordas de florestas, capoeiras, cerrados, cerradões, parques e jardins, sendo comum também em ambientes urbanos, como nas grandes cidades. Essa espécie ocorre das Guiana à Bolívia e Paraguai, todo o Brasil, exceto certas regiões da Amazônia. Segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), seu estado de conservação atual é pouco preocupante.

   Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei essa ave em todas as regiões do território norte-rio-grandense, sendo as últimas observações nos municípios de Campo Redondo, no interior de um rio seco, e em Parnamirim, pousado na fiação da cidade.

Referências

Freire, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.

F. Sagot-Martin, GOP. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

FRISCH, Johan Dalgas&FRISCH, Chistian Dalgas. Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem 3ª edição; Ed. Dalgas Ecoltec - Ecologia Técnica Ltda Pág. 214.
LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

Sick, Helrnut. Ornitologia Brasileira; pranchas coloridas Paul Barruel e [ohn P.O'Neill ; coordenação e atualização José F. Pacheco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Sigrist, Tomas, Guia de Campo Avis Brasilis, Avifauna Brasileira. Editora Avisbrasilis, Vinhedo, São Paulo, 2009.

Beija-flor-tesoura. Terra da Gente. Disponível em: http://redeglobo.globo.com/sp/eptv/terra-da-gente/platb/fauna/aves/beija-flor-tesoura/ Acesso em 04 de agosto de 2014.

Tesourão. Disponível em: http://www.avespantanal.com.br/paginas/137.htm Acesso em 04 de agosto de 2014.

Beija-flores despostas, paineiras e baobás. Disponível em: http://www.oeco.org.br/convidados/28231-beija-flores-despotas-paineiras-e-baobas Acesso em 04 de agosto de 2014.

Comportamento de cortejo do beija-flor. Disponível em: http://www.ehow.com.br/comportamento-cortejo-beijaflor-sobre_244035/ Acesso em 04 de agosto de 2014.


segunda-feira, 30 de junho de 2014

Calango-de-lajeiro Tropidurus semitaeniatus spix 1825; Fauna do RN

   Lagarto conhecido popularmente como Calango-de-lajeiro,Calango-de-lajedo,Calango-de-pedra ou Lagartixa-de-pedra, entretanto seu nome científico é único,Tropidurus semitaeniatus. Ele pertence a família Tropiduridae, a mesma da Lagartixa-comum(Tropidurus hispidus) que vemos com frequência sobre os muros ou no chão em áreas urbanas. 
   Tropidurus semitaeniatus é uma espécie heliófila, territorialista, pequena com os maiores machos alcançando 20cm de comprimento total. Generalista, apresentando uma dieta diversificada, constituída predominantemente por artrópodes e material vegetais e também é considerado espécie oportunista, pois alimenta-se dos itens mais frequentes no ambiente como formigas e cupins. É um importante dispersor de sementes de imburana-de-cambão Commiphora leptophloeos(Ribeiro et al. 2008). Tropidurus semitaeniatus também foi vista consumindo os frutos de Melocactus glaucescens. As sementes ao caírem sobre as superfícies rochosas é capturada pelos lagartos sem serem ingeridas. Eles carregam as sementes por distâncias de até 550cm de distância da planta-mãe, quando então ingerem apenas o arilo (Ribeiro et al. 2008).
   Tropidurus semitaeniatus apresenta dimorfismo sexual para o tamanho, os machos são maiores do que as fêmeas, aspecto relacionado com defesa de território (Freitas & Silva 2007; Vanzolini et al, 1980). Além disso, os machos adultos de T. semitaeniatus possuem manchas melânicas amarelas e pretas nas coxas (região ventral) e na aba cloacal que fica entre as coxas, enquanto que as fêmeas não apresentam.
   Lagarto de hábito saxícola,sendo assim vive principalmente nos afloramentos rochosos, conhecidos vulgarmente como lajeiros,onde termorregulam e se mantem camuflados, à espera de uma presa ou em alerta para a presença de possíveis predadores, e quando se sente ameaçado procura se abrigar nas fendas das rochas. É uma espécie bastante adaptada a esse tipo de micro-habitat, apresentando o corpo deprimido como principal adaptação morfológica a esse ambiente, refletindo essa na morfologia dos órgãos internos como nas gônadas e ovos que são achatados, acompanhando a forma do corpo. Ás vezes é visto na serrapilheira ou na vegetação a espreita de uma alguma presa distraída.
     Espécie endêmica brasileira, quase que exclusiva das Caatingas do Nordeste do Brasil, sendo encontrada em afloramentos rochosos dos estados nordestinos, e também em clareiras e/ou entornos de remanescentes da Mata Atlântica(FREIRE,2001), e no litoral, em regiões próximas da praia ao norte de Salvador em afloramentos rochosos(FREITAS & PAVIE,2002). Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei esse "réptil" em afloramentos rochosos principalmente nas áreas semi-áridas do território norte-rio-grandense, no Domínio das Caatingas, mas também registrei-o em áreas mais úmidas como na Floresta das Serras no município de Luís Gomes.
   
Referências
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-33062012000200024&script=sci_arttext  Acesso em 28 de junho de 2014. Dispersão de sementes de Melocactus glaucescens e M. paucispinus (Cactaceae), no Município de Morro do Chapéu, Chapada Diamantina - BA.

Faria, Julio César Pereira Borges de. Ecologia de Tropidurus semitaeniatus (Spix, 1825) (Sauria:Tropiduridae) em uma população da caatinga de Sergipe. São Cristóvão, 2010. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) – Núcleo de Pós- Graduação em Ecologia e Conservação, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, UFSE,2010.

Ribeiro, Leonardo Barros. Ecologia comportamental de Tropidurus hispidus e Tropidurus semitaeniatus (Squamata, Tropiduridae) em simpatria, em área de Caatinga do Nordeste do Brasil. Natal,RN, 2010. Tese(Doutorado). UFRN. CB. Departamento de Fisiologia. Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Socozinho (Butorides striata L., 1758); Fauna do RN.


    Ave conhecida popularmente como Socozinho,Soco-mirim,Soco-estudante Soco-tripa,Soco-í e Soco-mijão, mas cientificamente seu nome é único,Butorides striata. O que significa seu nome científico? Butorides - do gênero Butor = bútio + ides, do grego = semelhante, parecido; striatus - do latim striatus = faixa, listra.

    O Socozinho pertence a família Ardeidae que inclui os socós e as garças, distinguindo-se basicamente os socós das garças por apresentarem plumagens em tons escuros. Este é o menor dos socós, daí seu nome vulgar Socozinho, apresentando cerca de 36cm de comprimento,asa 185 mm, cauda 57 mm, bico 57 mm, tarso 49 mm e peso aproximado de 165g. Facilmente identificado devido as suas pernas curtas e amarelas e pelo seu caminhar característico,como se estivesse agachado, dobrando suas pernas. Pode exibir um eriçado topete azulado quando agitado.

    Permanece imóvel camuflado por longos períodos, empoleirado sobre a água ou em suas proximidades, à espera de presas. Alimenta-se de peixes, insetos aquáticos (imagos e larvas), caranguejos, moluscos, anfíbios e répteis.
    Normalmente vive sozinho e geralmente nidifica solitário ou em pequenos grupos, raramente forma grandes colônias (de 300 a 500 casais) para a nidificação (Martínez-Vilalta & Motis, 1992). Durante a fase reprodutiva as suas pernas e íris ficam vermelhas.
    Constroe seu ninho no alto de árvores ou arbustos as margens de porções de água, sendo este uma plataforma de fragmentos vegetais secos (gravetos), pouco espessos, com cerca de 20‑30 cm de comprimento. O período de incubação é de aproximadamente 25 dias. O período de ninhegos é de cerca de 20 dias. O tamanho da ninhada é em média de três ovos esverdeados ou verde-azulados (às vezes brancos ou esbranquiçados), uniformes.Os adultos costumam coletar o alimento da prole a grande distância do ninhal. A procriação procede geralmente no início ou no fim da estação seca, quando o alimento para as aves aquáticas é normalmente mais farto. Os filhotes nascem com plumagem cinza e os imaturos possuem coloração amarronzada.
    O juvenil é mais pardacento no ventre e pescoço do que os adultos, sem o contraste do cinza escuro desses com a linha central do pescoço. também não possuem o alto da cabeça tão escura como os adultos.

    É observado com maior frequência na vegetação das bordas de qualquer corpo d´água, bem camuflado a espreita de suas presas, e quando percebe a presença de intrusos na área, voa devagar, com o pescoço encolhido,as pernas esticadas e vocaliza relativamente alto, como se desse um sinal de alerta. Para dormir, não volta a cabeça para trás, e sim mantém o bico dirigido para a frente. Costuma colocar o bico verticalmente para baixo de encontro ao peito dentre a plumagem, o qual oculta completamente. Gosta de dias chuvosos e escuros, sente-se à vontade tanto com espécies noturnas como diurnas.

    Habita locais úmidos em bosques ou vegetação densa nas margens de rios, lagos e estuários; às vezes em áreas abertas tais como recifes de corais expostos, pântanos, pastagens, arrozais e outros tipos de plantações (Martínez-Vilalta & Motis, 1992). É comum em todo o território brasileiro, vivendo inclusive em lagos de áreas urbanas (Erize et al., 2006; van Perlo, 2009). 
   Apresenta ampla distribuição ocorrendo nas Américas (do Sul, Central e do Norte), bem como na África, Ásia, Austrália, ilhas do oeste do Pacífico e no sul do Velho Mundo (Kushlan, 2007). Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei essa ave em todas as regiões do território norte-rio-grandense, sendo as últimas observações no município de Felipe Guerra, no interior de um rio raso, e em Nísia Floresta as margens da lagoa de alcaçuz.

Referências
Freire, A. A. 1999. Lista Atualizada de Aves do Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte-IDEMA. 20 p.
F. Sagot-Martin, GOP. Lista I aves RN-arquipélagos extr. NE Brasil. Táxeus | Listas de espécies. 10/01/2003.

FRISCH, Johan Dalgas&FRISCH, Chistian Dalgas. Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem 3ª edição; Ed. Dalgas Ecoltec - Ecologia Técnica Ltda Pág. 214.
LIMA, Pedro Cerqueira. Aves do litoral norte da Bahia. – 1 ed. – Bahia: AO, 2006.

Sick, Helrnut. Ornitologia Brasileira; pranchas coloridas Paul Barruel e [ohn P.O'Neill ; coordenação e atualização José F. Pacheco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

Socozinho. 500 pássaros. Disponível em: http://www.eln.gov.br/opencms/opencms/publicacoes/Pass500/BIRDS/1eye.htm Acesso em 21 e junho de 2014. 

Socozinho. SESC - Guia de Aves do Pantanal. Disponível em http://www.avespantanal.com.br/paginas/index.htm Acesso em 21 e junho de 2014. 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Urtiga Cnidoscolus urens (L.) Arthur; Flora do RN

 Planta conhecida popularmente como Urtiga,Urtiga-branca,Cansanção,Cansanção-de-leite,Pinha-queimadeira, Queimadeira,Urtiga-cansanção, Urtiga-de-mamão,Arrediado, mas cientificamente seu nome é Cnidoscolus urens. Ela pertence a família Euphorbiaceae com cerca de 6.100 espécies, sendo a segunda família mais representativa da Caatinga em número de espécies,superada apenas por Fabaceae (Sampaio 1995).
    Planta subarbustiva, altamente lactescente, perene, ramificada, com caules providos de pelos urticantes ou glabros, de 1-3 m de altura, nativa de regiões tropicais e subtropicais da América. Propaga-se por meio de sementes,floresce e frutifica o ano inteiro. Suas flores são pequenas, tubulares e brancas. Elas são polinizadas principalmente por beija-flores, borboletas e esfingídeos. Em um estudo(Fenologia e biologia floral da urtiga cansanção)foi demonstrado que os visitantes mais frequentes foram a borboleta Phoebis sennae, o beija-flor Chlorostilbon aureoventris e o esfingídeo Pyrgus sp., entretanto é também uma fonte alternativa de néctar para abelhas nativas.
     Apresenta tricomas urticantes bastante tóxicos,em quase todas as suas partes vegetativas e florais, os quais, quando tocados, provocam fortes dores localizadas, urticárias e até, em raros casos, desmaios (Muenscher 1958, Melo & Sales 2008). células epidérmicas formam uma estrutura em forma de taça, onde o tricoma de base bulbosa é inserido. O tricoma é quebradiço ao mais leve toque e libera cristais de oxalato de cálcio na pele, produzindo uma inflamação local instantaneamente(LUTZ,1914). 
    É a espécie nativa mais relatada em estudos etnofarmacológicos e suas raízes e cascas do caule apresentam inúmeras propriedades, como anticancerígena e antiinflamatória do útero, ovário e próstata, inflamações e dores em geral, problemas renais, disenteria, hemorragia, menstruação, apendicite e reumatismo (Agra et al, 2007b; Albuquerque, 2006; Albuquerque et al, 2007a; Albuquerque et al, 2007b). Ainda na medicina popular a seiva é empregada na cura da catarata. A raiz é tônica e diurética. Na tradição dos índios Pankararu do nordeste do Brasil a urtiga é uma planta muito importante, sendo utilizada para retirar ou afastar o mau. Sua raiz é utilizada em beberagens para gripe e suas folhas como anti-toxicante.

     Espécie nativa do Brasil que se desenvolve em todo o País, mas rara na região Sul do Brasil, ocorrendo na Mata Atlântica,Caatingas,Amazônia e Cerrado. Cnidoscolus urens tem a distribuição mais ampla do gênero, ocorrendo desde a porção oriental do México até a Argentina (Burger & Huft 1995); no Brasil, no Nordeste (AL, BA, PB, PE, PI, RN e SE), Sudeste (ES, MG e RJ) e Centro-Oeste (DF). Em Pernambuco ocorre em uma faixa contínua deste a zona do Litoral até a subzona do Agreste e a partir daí torna-se esporádica, restringindo-se às áreas com maior umidade. Cresce em áreas perturbadas, sendo comum em clareiras e bordas de mata, sobre afloramentos rochosos, em solos argilosos ou arenosos do litoral, ou ainda sobre guano em Fernando de Noronha. Instala-se também em terrenos abandonados,em pastagens,capoeiras e áreas de fruticultura.
   Durante as minhas excursões pelo estado do Rio Grande do Norte, observei essa planta em todas as regiões do território norte-rio-grandense, suponho que ela ocorra em todos os municípios desse. 
Descrição taxonômica da espécie:

“Subarbusto ou arbusto 0,3-2,2(-4) m alt., caule algumas vezes intumescido na metade superior; tricomas urticantes aciculiformes 0,8-10 mm compr. nos ramos, pecíolo, lâmina foliar, inflorescência, perianto e fruto; Ramos cilíndricos, esparso a densamente velutinos ou glabrescente a pubescente. Estípulas 0,4-3×0,5-2,5 mm, persistentes, triangulares, margem e face interna glanduloso-papilada ou inteiramente glanduloso-fimbriada, glabras ou pubescentes. Pecíolo (1,8-)2,7-25,5 cm compr., esparso a densamente velutino ou híspidohirsuto; glândulas numerosas na junção do pecíolo com a lâmina, papiliformes. Lâmina foliar (1,3-)4,5-25,5× (2,1-)5,5-32 cm, membranácea a cartácea, 3-5-palmatilobada, base cordada a cuneada ou assimétrica, ápice arredondado a acuminado, margem denteada, inteira ou, mais raramente crenada, ciliada, com apículos glandulares em cada ponto de terminação das nervuras primárias e secundárias, face superior velutina ou esparsamente hirsuta a glabrescente, face inferior velutino-vilosa a esparsamente hirsuta a glabrescentes, nervação craspedódroma-broquidódroma, nervuras primárias 5, 7 ou 9. Inflorescência 1-9,2×0,8-15 cm, com 7-75 dicásios em 1-7 níveis de ramificação, velutina ou hirsuta; pedúnculo 0,7-12 cm compr.; brácteas 0,5-5(-7) mm compr., estreitamente triangulares a estreitamente obtruladas, margens glanduloso-papiladas na porção basal, pubescentes a velutinas ou hirsutas. Botões florais estaminados oblongos, ligeiramente constricto na fauce, pistilados oblongo-ovóides. Flores estaminadas sésseis, posicionadas a partir do 2º nível de ramificação; perianto 9-21 mm compr., tubularhipocrateriforme, ligeiramente constricto no ápice do tubo, estreitando-se em direção à base, branco, externamente esverdeado, velutino ou escabroso a glabrescente; tubo 5-13×1,5-4 mm; lobos 3-8×2-4 mm, ovais a suborbiculares, elípticos a oblongos, às vezes assimétricos, ápice arredondado; estames férteis (8)10(13), em 2 verticilos; estames externos livres a unidos em coluna de até 0,5 mm compr., glabra à esparsamente velutina, ou inteiramente unidos em coluna de 0,5-2,2 mm compr., densamente vilosa; estames internos unidos até aproximadamente a metade do seu comprimento; filetes (0,5-)2-13 mm compr.; anteras 0,8-2×0,4-2 mm, oblongas, suborbiculares a elípticas; estaminódios 0-2, entre os estames do verticilo interno, filiformes ou ligeiramente espessados no ápice ou ainda com uma pequena antera estéril, até 11mm compr.; disco glandular 0,2-2×0,4-2 mm, anelar, glabro ou pubescente a velutino. Flores pistiladas 1-9, posicionadas até o 3º nível de ramificação; pedicelo 1-7 mm compr.; receptáculo/base persistente do perianto fortemente denteado; perianto 5-8,5×1,5-3,5 mm, segmentos livres, ou raramente unidos até 2,5 mm, inteiramente branco ou esverdeado, externamente velutino ou escabroso, ápice arredondado; ovário ovóide, 3- ou 6-anguloso em seção transversal, glabro a pubescente ou velutino a viloso; estiletes 1,5-5,2 mm compr., tetráfidos ou multífidos, (10)12-18 ramos estigmatíferos, geralmente glabros; disco glandular 0,5-1(-1,5)×1-2,5 mm, anelar, glabro ou pubescente. Cápsula 7-11×7-10 mm, loculicida e septicida, deiscência fortemente explosiva, globoso ou subgloboso, ápice retuso e ligeiramente apiculado, híspido-pubescente, tricomas urticantes, geralmente com base translúcida e turgescente; columela 6-9 mm compr. Semente 6-8,5×3,2-5 mm, largamente elíptica a elíptica, côncava dorsalmente, convexa ou plana ventralmente, com uma linha central depressa, superfície com máculas proeminentes marrons, marrom-acinzentadas ou enegrecidas, quando imatura amarelada; carúncula (1,5)2-3×1-2,3 mm.”

Referências
Harri Lorenzi. Plantas Daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas/ 3. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2000.
Araújo,Lenyneves D. Alvino de & Leal,Analice de S.& Quirino,Zelma G. Maciel.
Fenologia e biologia floral da urtiga cansanção(Cnidoscolus urens L., Euphorbiaceae)
Diego Menelau de Almeida&Elba Lúcia Cavalcanti de Amorim. Estudo químico de duas espécies do gênero cnidoscolus presentes no bioma caatinga com potencial atividade antioxidante.
Balbach, A.. A flora nacional da medicina doméstica. SP. 1983.
Moreira, Henrique José da Costa. Manual de identificação de plantas infestantes: hortifrúti / Horlandezan Belirdes Nippes Bragança – São Paulo: FMC Agricultural Products, 2011.
Disponível em: www.indiosonline.org.br/novo/sementes_pankararu/ Acesso em:13/06/2014.

domingo, 8 de junho de 2014

Quipá Tacinga inamoena (K. Schum.) N.P. Taylor & Stuppy; Flora do RN

 Planta conhecida popularmente como Quipá,Gogóia,Cumbeba,Palmatória,Palmatória Miúda, entretanto seu nome científico aceito atualmente é Tacinga inamoena,sendo seu sinônimo científico Opuntia inamoena. Pertence a família Cactaceae, ou seja, é um cacto, sendo, portanto parente dos representantes famosos dessa família, como o mandacaru, facheiro, xique-xique e coroa-de-frade.
    Apresenta espinhos muito pequenos que estão agrupados em tufos, sendo muito irritantes (inamoena quer dizer não amigável). Suas flores são de cor laranja-escuro que, podem ser vistas durante o dia. Seus frutos redondos (4,0 cm) variam do amarelo ao laranja fosco, têm polpa carnosa. Ao manipular os frutos deve-se ter cuidado, pois também apresenta pequenos espinhos. Os frutos e caules são de grande utilidade na época de seca, na alimentação dos animais e humana em situações de escassez. Porém, se o gado come a planta sem a retirada dos espinhos, sofre sérios danos em seu tubo digestivo, pois os espinhos pequenos penetram nas mucosas da boca e do esôfago, o que incomoda ao bem estar dos animais.
    
    Dos frutos podem ser feitos doces e geléias. As características químicas, forma, cheiro e sabor do Quipá são similares às dos frutos da Palma forrageira (Opuntia ficus-indica), usualmente consumidos in natura e industrializados. O fruto do Quipá, dado seu potencial nutricional ao conter cálcio, magnésio, fósforo e potássio pode ser explorado como alternativa alimentar e ou como fonte de renda complementar para a agricultura familiar. Na medicina tradicional a planta é utilizada para asma, inflamações e no combate a vermes.
     Espécie endêmica brasileira e nativa da região Nordeste do país, distribuída em quase todo o semi-árido. Cresce sobre litossolos ou regossolos, ou em certos casos, latossolos empobrecidos. Prefere a luz intensa, mas tolera a meia sombra (Gamarra Rojas et al., 2004; Taylor e Zappi, 2004; Andrade Lima, 1989; Britton e Rose, 1937). Ela cresce em altitudes entre 0 e 1550 m de altitude. No momento as pesquisas demonstram que é uma espécie vegetal generalizada e comum. Durante todas as minhas excursões ao interior do estado do Rio Grande do Norte, nas regiões semi-áridas tenho observado com facilidade a presença dessa planta.
DESCRIÇÃO TAXONÔMICA DA ESPÉCIE:
“Planta arbustiva de 20 a 100cm de porte, possui o caule formado por artículos elípticos a obovais, 8,0-9,0cm de comprimento x 4,5-5,5cm de largura x 1,0-1,2cm de espessura os quais se dispõem irregularmente, porém num conjunto elegante. Todo o corpo vegetativo da planta tem cor verde, levemente acinzentada. Sobre os artículos distribuem-se as aréolas em malha disposta em alinhamento diagonal com o seu maior eixo. Aréolas mínimas (1,0mm de diâmetro) destituídas de espinhos, porém providas de abundantes gloquídeos de reduzidas dimensões, agressivos pela facilidade com que se desprendem e pela irritação que produzem ao penetrarem na pele, de onde dificilmente são removidos (Taylor e Zappi, 2004; Andrade Lima, 1989).
    O fruto do quipá é do tipo baga ovóide a subgloboso, 3,0-4,0 x 2,4-3,5cm de diâmetro longitudinal e transversal respectivamente, variando do amarelo ao laranja fosco, com porção basal avermelhada ou toda vermelha, fosca; câmara seminífera ocupando quase todo o espaço interno, preenchido por massa carnosa, cor de pêssego clara, constituída pelos funículos das sementes (polpa). Estas são abundantes e submersas na massa carnosa dos funículos, lenticulares, castanho-claro, de bordo mais claro; envolvidas pelo arilóide fibro-carnoso (Andrade Lima, 1989).”


Referências
Amanda C. D. Souza& Alice Calvente. A FAMÍLIA CACTACEAE JUSS. NO RIO GRANDE DO NORTE. 64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013.

Andréa Carla Mendonça de Souza. Características físicas, físico-químicas, químicas e nutricionais de quipá (Tacinga inamoena). Dissertação apresentada ao colegiado do Programa de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do grau de Mestre em Nutrição. Recife, 2005.

Antonio Sérgio. Flores da caatinga = Caatinga flowers / Antonio Sérgio Castro, Arnóbio Cavalcante. Campina Grande: Instituto Nacional do Semiárido, 2010.

Renato Braga. Plantas do nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza: coleção mossoroense-volume XLII, 1996. Pg: 247-248.

Taylor, NP, Zappi, D., Machado, M. & Braun, P. 2013 inamoena. Tacinga. In:. IUCN 2013 IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Versão 2.013,2. www.iucnredlist.org Transferido em 01 de junho de 2014.