Planta conhecida popularmente como baraúna, baúna, braúna, braúna-do-sertão, braúna-parda, quebracho, quebracho-colorado, quebracho-moro, coração-de-negro, maria-preta-da-mata, maria-preta-do-campo, ubirarana, pau-preto, ibiraúna, guaraúna e parova-preta. Entretanto seu nome científico aceito atualmente é único,
Schinopsis brasiliensis Engl.. Ela pertence a família Anacardiaceae, da qual também fazem parte por exemplo,
o Cajueiro( Anacardium occidentale),
a Aroeira( Myracrodruon urundeuva) e
o Imbu( Spondias tuberosa).
A Baraúna(
Schinopsis brasiliensis) apresenta porte arbóreo atingindo até 15m de altura, sendo umas das árvores mais altas do bioma Caatinga e seu diâmetro pode chegar a 60cm. Seu caule se apresenta com tronco reto e ramos(com espinhos de até 3,5cm) que gradativamente formam galhos espessos e bem distribuídos dando origem a uma copa subglobosa. A casca do tronco tem espessura de até 3cm apresentando fendas,constituindo assim pequenas placas quadradas. Suas folhas aromáticas(se maceradas) são do tipo compostas, apresentando cada uma de 7 a 17 folíolos e são mais longas que largas,pois tem de 3 a 4cm de comprimento por 2cm de largura.
Suas flores brancas e aromáticas são pequenas(3 a 4mm), elas formam inflorescências do tipo panícula com tamanho de até 12cm de comprimento e aparecem no final da estação chuvosa. Já o fruto da Baraúna(
S. brasiliensis) é classificado como seco e do tipo drupa alada com até 3,5cm de comprimento, sendo seu mesocarpo composto por uma massa esponjosa-farinácea, onde se encontra uma semente amarelada. A frutificação ocorre geralmente de agosto a setembro e a dispersão é feita pelo vento, ou seja, anemocórica.
Essa espécie(S. brasiliensis) apresenta uma madeira bem dura e resistente à deterioração, sendo explorada para usos diversos, como mourões, postes, viamentos de casas de farinha (prensa), cabos para ferramentas, esquadrias, portais, soleiras, frechais, vigamentos e mão-de-pilão (Carvalho, 2009; Lorenzi, 2008). É considerada árvore ornamental, podendo ser usada em projetos de arborização e também é pioneira, podendo ser usada com intuito de ajudar na recuperação de áreas degradas. Suas flores são melíferas, inclusive são polinizadas por diferentes espécies de abelhas, enquanto suas folhas podem servir de alimento para caprinos e ovinos em condições específicas. Das cascas são extraídas tanino que é usada no curtimento de couro, enquanto que algumas substâncias presentes nas folhas apresentarem ação moluscicida e larvicida e outras moléculas extraídas da planta também demonstraram ação bactericida, além disso, a baraúna é rica em bioflavonoides, importantes agentes antioxidantes.
Espécie decídua(planta cujas folhas caem em certa época), heliófita(aquela que exige exposição total ao sol) e seletiva higrófila(planta de solos mais úmidos). A Baraúna(S. brasiliensis) é nativa(não endêmica do Brasil) típica dos biomas Caatinga e Cerrado, onde na região semiárida ela prefere ambientes de várzea, sendo frequente em solos calcários, mas pode ser encontrada até mesmo em afloramentos pedregosos. Essa espécie ocorre nas seguintes regiões e respectivos estados brasileiros: Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso) e Sudeste(Minas Gerais). Durante as minhas expedições pelo Rio Grande do Norte, observei essa espécie nas mesorregiões Central e do Alto Oeste potiguar, entre os municípios onde vi essa espécie, estão: Florânia, Acari, Currais Novos, Cerro Corá, Baraúna, Carnaúba dos Dantas e Equador.
Referências
BRAGA, R. Plantas do nordeste, especialmente do Ceará. Fortaleza: Depto. Nacional de Obras Contra as Secas, 1960. 540 p.
CARDOSO, M.P.; LIMA, L.S.; DAVID, J.P.; MOREIRA, B.O.; SANTOS, E.O.; DAVID, J.M.; ALVES,C.Q. A New Biflavonoid from Schinopsis brasiliensis (Anacardiaceae). Journal of the
Brazilian Chemical Society, 26(7), 1527-1531, 2015.
CARVALHO, P.E.R. Braúna-do-sertão - Schinopsis brasiliensis. Colombo, Paraná: Embrapa Florestas. Comunicado Técnico, 222, 2009. 9p.
FLORA DO BRASIL. Anacardiaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico
do Rio de Janeiro. Disponível em: <
http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/listaBrasil/FichaPublicaTaxonUC/FichaPublicaTaxonUC.do?id=FB4396>. Acesso em: 16 jun. 2019.
GUIMARÃES, P.G.; MOREIRA, I.S.; CAMPOS-FILHO, P.C.; FERRAZ, J.L.; NOVAES, Q.S.; BATISTA,R. Antibacterial activity of Schinopsis brasiliensis against phytopathogens of agricultural
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LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, v. 1, ed. 5, 2008.
SANTOS, C.C.S. et al. Evaluation of the toxicity and molluscicidal and larvicidal activities of Schinopsis brasiliensis stem bark extract and its fractions. Revista Brasileira de Farmacognosia,24, 298-303, 2014.